{ Q U E S T } Silya - Keith Mildenhall, Amelie Mildenhall, Keenan Silbern

Ao saber da viagem para Silya, Amelie ficou de início confusa até que Flint explicou o que iriam fazer e o que estavam buscando lá. Fazia sentido em sua cabeça, no começo, ao entrar para tripulação, ele sempre a mandava fazer pequenas missões e furtos sozinha para ver se ela tinha o jeito e se conseguiria se adaptar àquela vida e ela nunca o decepcionou, então estava acostumada a ser enviada para coisas assim, mas não em lugares tão longes. Não era outro reino, mas era longe demais da capital, demoraria até chegar lá, então Amelie encheu uma bolsa de couro com algumas coisas que iriam precisar antes de ir para o navio.

Decidiu que iria fazer como nos velhos tempos, antes de conhecer Keith e iria colocar uma rede no convés para dormir ouvindo o mar, não queria ficar confinada a um quarto pequeno numa cama desconfortável. Agora que havia provado o conforto, não conseguia passar muito tempo nas camas que haviam nos aposentos do navio, então cedeu seu quarto a uma mulher que havia entrado na tripulação recentemente. Ao menos ali ela ficaria mais segura de qualquer tripulante bêbado que decidisse fazer alguma besteira, embora os quartos não fossem necessariamente seguros. Uma ameaça para que ela não mexesse em sua bolsa foi o suficiente para mulher arregalar os olhos e entender. Roubo de sua própria tripulação era punido com a morte. Embora fossem piratas, era uma das regras, não se podia roubar de sua própria "família", se não podiam confiar uns nos outros, tudo estaria perdido.   

A comida de Gallant fazia ela sentir falta da comida de Keith e desejar que tudo aquilo acabasse logo para que pudessem voltar para casa, sem falar nos tripulantes que passavam mal com náusea por conta da viagem longa e acabavam vomitando pelo convés inteiro, resultando na tarefa de terem que lavar o convés o tempo todo. Não era confortável estar em um navio pirata por semanas, Amelie conseguia se acalmar quando deitava na rede e observava o céu noturno enquanto ouvia o barulho do mar, as ondas e o balanço do navio. A única coisa boa, talvez, era que a água tinha sido alterada para que não se estragasse durante o percurso, ficar sem água era suicídio, então ela podia beber um pouco de álcool todos os dias e Keith não podia fazer nada para pará-la.

Durante a noite os piratas se juntavam no convés para beber, contar histórias, cantar e tocar música, dançar. Eram tão humanos, embora fossem ladrões. Quem os via de fora não conseguia entender que eram tão humanos quanto a civilização, mas eles sabiam e isso os mantinha juntos, saber quem eram de verdade e saber que juntos eram mais fortes para lutar contra quem queria os exterminar. Era algo bonito de se ver, as conversas, a música, a dança, no meio do oceano enquanto o céu cheio de estrelas em noites de verão iluminavam o convés, embora as lâmpadas que balançavam com o movimento do barco fizesse este trabalho. Foram semanas boas, apesar dos pesares. Elliot adoeceu e Amelie não se importava muito, embora ele fosse essencial. Às vezes via Gallant falando sozinho no convés enquanto se encolhia no canto. Não tinha falado com Flint desde o ataque ao Andrômeda e não sabia se queria, então com comida ruim, álcool na água e noites divertidas, embora invejasse os irmãos que bebiam no convés enquanto ela observava deitada na rede, finalmente chegaram a Silya.

Não era tão quente quanto Terus, embora fosse verão e Amelie se encolheu um pouco com a brisa mais fresca que vinha do mar enquanto caminhava até Flint naquela tarde. Precisavam ser rápidos e discretos, então. Ela sabia como ser rápida, mas não como ser discreta. Não sabia se iria conseguir arrancar a informação de alguém sem tirar sangue do individuo.

— Certo, não se preocupe. — Disse em um tom sério para Flint e segurou a mão de Keith, sempre segurava a mão dele quando podia, especialmente depois do que aconteceu aquele dia no mercado de Hahle. Estavam em terras distantes e estranhas para ela, embora houvesse viajado muito e conhecido quase todas as cidades de Hahle, não conhecia Silya, tudo o que sabia era que era uma cidade pequena e miserável.

Suspirou olhando o desenho novamente, então era aquele homem que precisavam encontrar... Em uma cidade tão pequena seria fácil, mas não sabia onde começar, talvez o bar fosse um bom começo. Marinheiros sempre estavam em bares.

Amelie poderia não saber ler e não tem habilidades muito plausíveis quando se tratava de papelada e coisas parecidas, mas sua inteligência estava em outras áreas, áreas que ela precisou melhorar com o tempo durante a vida, desde que fora expulsa do orfanato aos 12 anos. Aprendeu muitas coisas sozinha e aprendeu muitas coisas com Flint, ele foi seu tutor e ensinou tudo o que ela precisava saber sobre furtividade, ataques, luta... E principalmente sobre observar sem ser observada, então enquanto caminhava pelas ruas de barro de Silya, mantinha os olhos azuis ciano atentos para o seu redor, observando a população, as casas. Era uma cidade pequena e certamente miserável, muito próxima da zona neutra, poderiam até haver olhos vermelhos ou lobisomens que poderiam facilmente se passar por humanos, assim como Keith se passava. Também não sabia a posição dos vigilantes em Silya, se tinham muitos ou se não tinham, se estavam nas extremidades cuidando para que ninguém da zona neutra entrasse em Hahle ou se estavam dispersos ao redor da cidade. Isto a deixava nervosa, os vigilantes a deixavam nervosa, porque sabia que não teriam qualquer tipo de pudor ou piedade se capturassem algum de seus irmãos, não aguentaria se capturassem Keith ou Flint, só de pensar nisto sua coluna gelava. Seus olhos de águia observavam cada centímetro e cada parte por onde passavam.

Achava justo irem ao bar, era onde a tripulação estava indo de qualquer forma, mas com medo de ter algum vigilante por perto que pudesse ver qualquer tipo de ligação entre ela e Keith e usar futuramente contra os dois, soltou sua mão e se afastou um pouco, lhe lançando um olhar que dizia "está tudo bem, eu sei o que estou fazendo". Seria fácil demais usar um para torturar o outro caso soubessem que se amavam, não podia deixar isso transparecer muito, principalmente em terras distantes que não sabia nada sobre. Queria acabar com aquilo logo e voltar para Terus o mais rápido possível, então seu nervosismo era visível, não gostava de estar em terra firme, se sentia vulnerável até mesmo na estalagem em que morava com Keith ao ponto de criar rotas de fuga em sua cabeça todas as noites caso fossem encontrados. Não confiava na dona da estalagem, ela ganharia muito mais entregando piratas do que ganhava os mantendo ali. 

Por ser uma cidade pequena, não foi difícil encontrar um bar, imaginava que não teriam muitos por ali.

— Em cidades pequenas assim, seria difícil encontrar mais de dois bares, se não estiver nesse podemos procurar no outro. — Tinha quase certeza de suas palavras, disse para os dois enquanto ia na frente. Amelie sabia que seria um bar, mas o que não sabia era que era um bar e um bordel ao mesmo tempo, com várias prostitutas andando de um lado para o outro tentando encontrar um cliente, o que não era difícil porque aquele lugar estava cheio de homens, os piratas da tripulação também estavam ali. Ela começou a observar o ambiente, procurando pelo homem do desenho, era como se todos os homens da cidades estivessem em um único lugar. Droga, não seria tão fácil quanto pensou. Suspirou frustrada.

— Procurem uma mesa pra sentarmos, tentem fingir que somos como os outros piratas. — Ela dava ordens como se fosse a líder deles, mas Amelie sabia muito bem como caçar um homem, como fingir, como observar as coisas além do que as pessoas demonstravam e acima de tudo, era a filha do capitão, então não sentia como se a ideia de liderar fosse absurda.

Fez sinal com a mão para eles fazerem o que ela disse, sem olhar para trás e entrou no recinto, caminhando lentamente, observando as coisas ao seu redor. De longe parecia apenas uma pirata desconfiada, talvez não chamasse tanta atenção. Cobriu um pouco o rosto com o chapéu enquanto passava os olhos pelo bordel, ou bar, ou o que quer que aquilo fosse. Encontrou um banco vazio no bar e se sentou, olhando cuidadosamente os homens que estavam sentados ali. Ao seu lado havia um homem loiro com barba longa bebendo e do outro um homem bronzeado de cabelos pretos, mas não eram o homem que procuravam. Ela ficou em silêncio quando a mulher que servia o homem a sua direita perguntou se queria uma bebida, preferia ficar em silêncio do que falar, porque sua voz era muito diferente da voz de outras mulheres, era mais grossa e ríspida, talvez chamasse mais atenção.

Entretanto, mesmo não tentando chamar atenção, o homem de cabelos pretos virou-se para ela ao perceber que era uma mulher em uma tripulação de piratas. Amelie suspirou e ia mandar ele ir à merda, mas de repente um charuto de madeira foi posto à sua frente, já aceso. Ela ergueu o olhar para o homem, talvez ele não conseguisse ver seu rosto, mas ela conseguia ver o dele claramente, parecia um homem comum, não vestia roupas nobres nem nada do tipo.

— Aceita? Nunca te vi por essas bandas. — Não tinha uma aparência frágil e sua voz não era fina também. Amelie o fitou por um tempo, sabia que ele tinha segundas intenções, mas pegou o charuto e levou à boca ainda assim. Precisava fingir, mas a tosse que veio ao inalar o tabaco a entregou, ele riu. Entretanto à medida que fumava em silêncio, apenas ouvindo ele dizer coisas aleatórias, sentiu uma calmaria que não sentia há muito tempo, algo parecido com o álcool, talvez fosse um bom substituto, talvez ela pudesse substituir o álcool pelo tabaco e não teria problemas. Permaneceu em silêncio enquanto ele falava, não respondendo a nenhuma de suas perguntas, até que decidiu que era o suficiente e que estava apenas perdendo tempo com aquele homem. Levantou-se sem muita cerimônia, despojada da mesma forma que era o tempo inteiro, fazendo ele levantar a cabeça.

— Valeu por isso aqui. — Antes que pudesse se afastar, o homem protestou dizendo que o charuto era dele, mas Amelie deu de ombros. — Não tem muito o que se esperar de um pirata, agora é meu. — Ele bufou, mas ela apenas se afastou do bar, levando o charuto à boca e soltando a fumaça quando chegava aos seus pulmões. Seu humor até melhorou enquanto observava ao redor. Enquanto tentava chegar até a mesa onde Keenan e Keith estavam, uma das prostituas a parou, se insinuando. Claro, ela precisava de qualquer cliente que conseguisse encontrar naquelas terras e piratas vindo de fora pareciam uma boa aquisição. Amelie não era hétero, mas não conseguia sentir nenhum tipo de atração por ninguém além do homem que amava, então seu olhar fuzilante e a mão no cabo de uma das espadas foi o suficiente para a mulher se afastar.

Suspirou tentando não chamar muita atenção e voltou a caminhar na direção dos dois, chegando lá sentou-se na cadeira de madeira, que parecia muito pior do que as cadeiras dos bares ruins em Terus e colocou os pés na mesa enquanto fumava seu charuto. Até mesmo sorria para Keith, tinha certeza de que ele não iria gostar, mas havia decidido substituir seu vício por álcool e quando Amelie colocava algo na cabeça, era quase impossível de se tirar.

Amelie deu de ombros quando Keith reclamou do cheiro do charuto, ela havia decidido que iria começar a fumar agora, pelo menos até poder beber novamente, muitos da tripulação bebiam ou fumavam, então não entendia porquê era um problema tão grande se ela, sendo uma pirata, tinha o direito de fazer o que quisesse. Mas notou que Keith não gostou nem um pouco e provavelmente iria falar alguma coisa sobre depois, ela não se importava tanto, então ficou em silêncio quando reclamou do cheiro.

— O que todos os homens querem, no fim das contas, ou pelo menos a maioria deles. Eu roubei isso aqui, ao menos. — Sorriu para Keith enquanto inalava mais da fumaça para dentro de seus pulmões. A sensação de calmaria era algo muito bom de se sentir depois de passar tanto tempo em crise de abstinência.

Começou a pensar no que seu marido disse em seguida, realmente precisariam pensar no que fazer e para onde levá-lo ou como lidar com ele quando o encontrassem, ponderou certas ideias por um tempo enquanto Keenan respondia e se afastava. Entretanto, Keith também se levantou dizendo que iria dar uma olhada ao redor e Amelie ficou sozinha na mesa, levando o charuto à boca e observando as coisas ao seu redor, desviando o olhar para Keith com certa frequência. Sabia em como ser discreta ao observar as pessoas, era muito boa nisto. Porém, quando ele estava tentando voltar, uma das prostitutas o parou e começou a tentar seduzi-lo, chegando até a pôr a mão em suas partes baixas, o que fez Amelie queimar de ódio, sentiu um ódio tão grande que quase explodiu e avançou naquela mulher ali mesmo, até chegou a se levantar num pulo, mas precisava lembrar de ser discreta e não chamar muita atenção para eles, embora brigas em bares, especialmente com piratas fossem normais. Seu rosto estava completamente vermelho de ódio quando Keith retornou, mas ela não olhou para ele e sim para a prostituta, engoliu sua raiva e fez sinal para ela a chamando para onde Amelie estava sentada, puxou a fumaça mais uma vez antes de colocar na mesa e soltou a fumaça depois de alguns segundos. A mulher, se é que poderia chamá-la assim, veio caminhando até a mesa onde estavam. Amelie tirou as pernas de cima da mesa e a prostituta olhou para Keith por um tempo até olhar para Amelie finalmente, vendo que a ruiva havia deixado um espaço para que ela se sentasse em seu colo e assim ela o fez, começando a passar os dedos pelo rosto de Amelie que estava coberto pela metade. Amelie a envolveu pela cintura e lhe deu um sorriso falso, o melhor sorriso falso que conseguiu apesar do ódio que queimava em seu peito.

— Sabe, a viagem foi longa e muito dura, eu adoraria ter seus serviços, pagarei bem. — Manteve o olhar nos olhos da mulher enquanto falava aquilo e tentava parecer o mais convincente possível, até que a mulher a beijou levemente nos lábios e começou a descer até seu pescoço, Amelie sequer queria aquela vadia perto dela e agora ela estava em seu colo beijando seu pescoço. Lançou um olhar fuzilante para Keith, talvez ele soubesse o que ela planejava fazer, mas não se importava, iria fazer mesmo assim. — Que tal subirmos? — As sobrancelhas ruivas de Amelie se ergueram quando ela perguntou, num tom de "o que estamos esperando?". Não podia machucá-la no meio de todas aquelas pessoas, precisava pelo menos tentar ser discreta ou iria acabar estragando tudo.

A mulher levantou-se e puxou Amelie por uma das mãos, ela deu uma última olhada para Keith antes de segui-la até o andar superior. Ao chegar em um dos quartos, a prostituta trancou as portas e ia começar seus jogos de sedução, quando, ao se virar, foi surpreendida por uma espada em seu pescoço. Ela engoliu em seco.

— Se esse é um dos jogos que você gosta de fazer, devia ter me avisado antes, isso me assustou. — A mulher riu, mas parecia mais uma risada forçada do que genuína. Amelie pressionou a ponta da espada na garganta da mulher com mais força, fazendo ela recuar um pouco para trás, era possível ver em seus olhos que ela estava com muito medo. Estava lidando com uma pirata que sequer sabia quem era, mas suspirou engolindo em seco novamente tentando manter o olhar fixo nos olhos da pirata ruiva.

Amelie, entretanto, começou a controlar a direção para onde a mulher iria, a empurrando com a espada, até ela cair na cama que parecia bastante confortável para um bordel daquele porte. Pelo menos iria morrer confortavelmente, o que não deixou Amelie nada feliz, então a puxou pela roupa e a jogou no chão duro e surrado, a mulher era fisicamente mais cheia do que ela, mas Amelie era muito forte de uma maneira que ela nunca iria entender. Agora os olhos da pobre prostituta estavam arregalados enquanto a espada era pressionada em seu pescoço novamente.

—Você deveria saber que quando alguém diz não, significa não. — Antes que a mulher pudesse responder, Amelie pegou um dos panos que estavam na cômoda onde ela guardava suas roupas provavelmente e enfiou na boca dela o mais profundo que conseguiu para que ela não gritasse. Com sua espada livre, a da mão direita poderia ser usada como bem entendesse, pensava em muitas formas de dar uma morte extremamente dolorosa para aquela mulher, mas precisava manter em mente que não tinha tempo para isso, embora o ódio em seu peito queimasse como um vulcão prestes a entrar em erupção, foi exatamente isso o que aconteceu. Amelie pegou a espada que não estava imobilizando a mulher e cravou a lâmina em seu abdomen, a mulher gritou, mas seus gritos foram abafados pelo pano que estava em sua boca, então ninguém conseguiria ouvir, sem falar em todo o barulho que acontecia no andar inferior. Não parou por aí, sua raiva era tanta que se tornou sádica, não estava mais pensando claramente, sem nenhum pingo de piedade começou a subir a espada pelo torso da mulher até que ela estivesse completamente aberta, felizmente ainda estava viva, então Amelie enfiou a mão dentro do corpo da prostituta, procurando seus intestinos e ao encontrar, puxou como se fossem simples cordas, viu que a mulher se engasgava no próprio sangue e tirou o pano de sua boca, que agora jorrava de sangue. Substituiu o pano pelas próprias entranhas da mulher, enfiando em sua boca o mais fundo que conseguiu até ela começar a se engasgar e levantou-se finalmente, deixando ela agonizando. Iria morrer logo, ao menos. Lavou as mãos em uma bacia de água que encontrou e pegou sua espada.

Não podia sair por onde havia entrado, tinham que pensar que ela estava com um cliente ali dentro, então virou-se para a varanda e teve uma ideia que talvez fosse um tanto estúpida, levando em consideração que estava no primeiro andar, mas bem, precisava sair dali e logo. Olhou ao redor ao chegar na varanda, não pareciam haver muitas pessoas na rua e as que estavam nas ruas, pareciam ocupadas demais. Viu um pedaço de madeira que segurava a estrutura no estabelecimento bem próximo à varanda em que estava e decidiu tentar descer por ele, se segurando na madeira da varanda até estar baixo o suficiente para conseguir pular, olhou para baixo analisando o quão longe estava do chão, mas enquanto descia chegou um momento em que não conseguia mais se segurar na varanda e teve que soltá-la, indo direto para o chão. Sentiu o baque quando caiu, pelo menos o chão não era de pedra. Algumas pessoas olharam, mas logo voltaram aos seus afazeres. Amelie grunhiu de dor ao perceber que tinha caído justamente de costas, mas logo conseguiu se apoiar no chão e levantar-se.

Seu sobretudo estava cheio de barro e sua espada que estava suja de sangue havia caído bem ao seu lado. Pegou a espada e deu alguns tapas na roupa para tirar o barro que havia ficado, dando a volta e rapidamente entrando no bar novamente pela entrada. Aquilo deveria ser muito confuso de assistir, mas ao menos havia conseguido voltar para o bar. Sentou-se na cadeira ao lado de Keith, colocando os pés em cima da mesa de madeira e levou o charuto à boca novamente. De repente pareceu lembrar-se de alguma coisa, pegou sua espada que estava suja de sangue e a limpou em sua calça preta, colocando na bainha da calça novamente.

— Problema resolvido. — Sorriu para Keith como se aquela fosse a coisa mais normal do mundo. — Mas eu sugiro que sejamos rápidos antes que encontrem o corpo dela lá em cima. — Começou a balançar as pernas e inalar a fumaça como se fosse um dia qualquer, como se nada estivesse acontecendo e ela não houvesse acabado de matar alguém, mas ao menos agora se sentia melhor.

Amelie puxou a fumaça com força até chegar aos seus pulmões e deixou lá por um tempo até conseguir soltar, já tinha visto outras pessoas da tripulação fumando, então apenas imitou como eles faziam, o efeito parecia ser mais forte quando fazia assim. Acabou soprando a fumaça na cara de Keith sem querer e deixou uma risada escapar, abanando a fumaça para longe dele. Mas todo aquele lugar cheirava a álcool, perfumes exóticos fortes de prostitutas e tabaco ou outras ervas alucinógenas, então talvez não fosse tão ruim ter uma onda de fumaça de tabaco bem na sua cara, mas ela percebeu que ele havia odiado a ideia, então tentou ajudar.

— Sim, foi por causa daquilo. Não se preocupe, eu não me arrisquei, está tudo sobre controle. — Respondeu baixo também, voltando à posição que estava antes com os pés na mesa.

De repente Keenan voltou, falando que não havia o encontrado. Amelie passou os olhos pelos quartos do andar superior, algumas portas estavam fechadas, talvez ele estivesse em uma delas. Talvez devessem procurar mais por ali, tinham muitos homens ali, sentia que estava deixando algo passar. Inalou mais do tabaco, pensativa, criando diversas possibilidades em sua cabeça, enquanto balançava os pés na mesa.

— Tem muitos homens aqui, talvez devêssemos procurar com mais cuidado e desviando das... — De repente foi interrompida por um grito fino vindo do andar superior. — ... Putas. — Suspirou e não demorou até que três delas se juntassem à outra e começassem a gritar ou vomitar. A primeira desceu as escadas com muita raiva e chegou até lady do bordel, com lágrimas nos olhos, aparentemente elas tinham algum tipo de conexão, Amelie notou, só não sabia qual era. A taverna inteira havia ficado em silêncio, ou quase isso, então não era difícil ouvir os gritos desesperados da prostituta.

— ABRIRAM ELA E COLOCARAM AS TRIPAS DELA DENTRO DA PRÓPRIA BOCA!! — Ela chorava copiosamente, talvez fossem amigas muito próximas, talvez mais do que isso. Amelie observava a situação com um sorriso travesso no rosto, lançando o mesmo olhar brincalhão para Keith como se aquilo fosse a coisa mais divertida do mundo, enquanto inalava mais da fumaça. — EU VI ELA SUBINDO COM AQUELA ALI! — Amelie quase tossiu a fumaça quando ouviu aquelas palavras, ao olhar para a prostituta, ela parecia com muita raiva e ia vir até ela, até que a lady segurou seu braço.

Amelie levantou-se da cadeira e caminhou tranquilamente até a mulher, era mais alta que as duas e seu jeito intimidador fez a prostituta recuar um pouco, com lágrimas nos olhos.

— É uma acusação muito grave pra ser feita sem provas. — Segurou o olhar no olhar da mulher enquanto levava a mão até o cabo da espada. A mesma olhou para onde sua mão estava e engoliu em seco.

— Eu vi você subir com ela! — A mulher exclamou, seu ódio era visível.

— Você me viu descer? Quem mais me viu subir com ela? — Ela não conseguiu responder, talvez estivesse observando a outra para ter certeza de que ela estaria segura, mas outras estavam ocupadas demais para isso. O silêncio da mulher foi sua resposta. Amelie sorriu. — Então aqui estamos. — Ia se afastar, mas a prostituta falou novamente.

— Eu vou chamar os vigilantes... — Amelie não conseguiu se segurar mais e puxou a espada colocando no pescoço da mulher.

— Faça isso e queimamos essa espelunca com todas vocês dentro, agonizando com a fumaça, sendo queimadas vivas até morrerem, uma morte lenta e agoniante, sem ter por onde escapar, até a estrutura de madeira cair sobre vocês e esmagar cada uma das que sobreviveram. — Apesar de estar ameaçando, a expressão de Amelie ainda era divertida.

— Querida, não vamos mexer com essas pessoas... Você sabe como são... Apenas limpe lá em cima. — A lady do bordel empurrou levemente a prostituta para que ela se afastasse e ela subiu as escadas visivelmente alterada. — Eu... Peço perdão pela Alice, ela se alterou, aproveitem o bordel, temos muito o que oferecer. — A mulher sorriu, mas Amelie viu em seus olhos que era um sorriso mais do tipo "estou me cagando e quero que você se afaste" do que qualquer outra coisa, então apenas sorriu para ela, um sorriso amargo e retornou até a mesa, colocando os pés em cima novamente e lançando um sorriso para Keith como se nada tivesse acontecido.

Infelizmente o tabaco não era eterno, percebeu isso quando o charuto parou de produzir fumaça, Amelie bufou irritada, mas ao menos agora sabia que tinha encontrado um substituto para sua abstinência. Virou o charuto, jogando o tabaco na mesa, mas a voz de Keith a fez olhar para ele. Parecia angustiado, talvez triste, segurou o olhar no dele enquanto ele olhava para ela, em silêncio. Não tinha o que dizer, não sabia o que dizer ou exatamente o que havia o deixado daquele jeito. Franziu o cenho enquanto olhava para ele, talvez não houvesse se acostumado com as coisas como havia imaginado, mesmo depois de tanto tempo. Ele pareceu desfocar depois e falar sobre o homem, o que a fez pegar o charuto rapidamente e guardar no bolso. Não podia perder o que tinha acabado de roubar. Notou que Keenan havia dormido e quis dar um tapa em seu rosto para ele acordar, aquele homem dormia em qualquer lugar, mesmo no meio de uma missão como aquela e no meio de todo aquele barulho. Suspirou, tinha que lidar com o espadachim assim como ele tinha que lidar com eles. Gostava de Keenan ainda assim, sentia que tinham muitas coisas em comum, embora ele parecesse indiferente a tudo na maior parte das vezes.

Apenas assentiu quando Keith terminou de falar e o outro loiro acordou, sabia o que tinha que fazer, só não sabia como ser discreta ao fazê-lo. Era difícil para ela ser discreta em qualquer situação, não era como ela era, na verdade era totalmente o oposto. Chamava atenção justamente por não ser discreta. Levantou-se com os dois e os seguiu até a parte de trás, ao ouvir Keenan falar sobre os mercenários, apenas bufou de raiva.

— É, vai, você lida com eles e a gente lida com ele e a puta lá em cima. — Respondeu o mais baixo que conseguiu, fazendo sinal para Keenan descer para que ela pudesse subir.

Não era uma boa escaladora, tinha acabado de cair da outra sacada, nem sabia como iria subir aquilo, mas desajeitadamente se segurou na parede de madeira e tentou subir, sem sucesso, caindo de volta no chão. Aquilo era o suficiente para deixá-la irritada, qualquer coisa deixava Amelie irritada, não era conhecida por ter um temperamento agradável. Decidiu tentar de novo na força do ódio e cravou as unhas na madeira, apoiando os pés em um barril que estava próximo, pegando impulso. Tinha que conseguir, tinha que dar certo, então pulou para a sacada de madeira, as mãos logo buscaram algo pra se segurar, mas falharam, quase caiu novamente, entretanto conseguiu segurar com a ponta da mão e logo levou a outra mão para segurar-se também, enquanto ofegava, buscando ar para suportar o peso do próprio corpo. Foi difícil, mas conseguiu subir na sacada e se apoiar na madeira ao redor desta. Respirou fundo, a vertigem de quase cair no chão novamente havia a deixado desnorteada, mas precisava focar e se recompor, então estendeu a mão para Keith enquanto estava abaixada, ajudando-o a subir também. Foi fácil porque era magra demais e não precisava lidar com peso desnecessário.

— Aqui, se apoia no barril. — Falou baixo para ele, enquanto o mesmo subia. Amelie não olhava para Keith, mas para os mercenários que pareciam ter percebido a movimentação. Droga, esperava que Keenan conseguisse lidar com eles.

Assim que Keith subiu também, se perguntou como Keenan conseguia subir tão facilmente sendo tão grande, mas isso era conversa para outro momento, talvez zombasse dele depois, quando tudo aquilo acabasse. Assim que entraram no quarto, ela fechou as portas que levavam até a varanda atrás deles, Keith queria tentar tirar a informação do jeito dele, então iria deixar, mas se não funcionasse, teria que ser do jeito dela. O homem estava agarrando a prostituta que já estava quase completamente despida e ambos se assustaram com a súbita chegada dos dois.

— Olá, boa tarde. É uma pena interromper, mas sinto que precisamos ter uma conversinha. — Caminhou até uma mesa onde estava uma garrafa de vinho e copos, colocando o vinho em um dos copos. — Hm, vinho. Uma iguaria de Hahle que outros reinos compram de nós, aceita? — O tom sínico de sua voz era quase palpável, é claro que não iria deixar nenhum dos dois chegarem perto do vinho.

Logo puxou suas espadas, deixando claro suas intenções ali. Não estava ali para ser civilizada ou consciente de seus atos.

— É do jeito dele... — Meneou a cabeça para Keith. — Ou do meu. — Segurou firme as espadas enquanto sorria para os dois, mas não era um sorriso nada genuíno. Não costumava sorrir, costumava colocar medo nas pessoas com sua expressão e seu tom de voz, mas parecia que colocava medo de qualquer forma.

— Eu sou bem rápida, um grito, um passo em falso e corto a garganta dos dois sem pensar duas vezes. Podemos dizer que não sou tão gentil quanto meu parceiro aqui, então... — Deixou as palavras no ar, enquanto parecia brincar com suas espadas, as girando no ar e soltando, pegando novamente. Queria que soubessem que ela realmente estava disposta a usá-las. A mulher, entretanto, tentou se afastar do homem e correr para a porta, o que fez Amelie bufar e correr até ela. Era realmente rápida e conseguiu alcançá-la, a puxando pelo cabelo e colocando a espada em seu pescoço. — Inacreditável como ninguém me escuta. — Sem pensar duas vezes, passou a lâmina de maneira profunda na garganta da mulher que esguichou sangue enquanto ela agonizava e logo seu corpo desfalecido pesava em seus braços, Amelie jogou o corpo dela no chão, que fez um barulho de "thud" como um saco de batatas, mas ela manteve a mesma expressão embora sentisse o sangue da mulher em seu rosto. Levou os olhos para o homem que estava com os olhos arregalados ao ver a cena. Apenas deu uma rápida olhada para Keith, impaciente e voltou a brincar com suas espadas, se apoiando na mesa e focando nelas como se nada estivesse acontecendo. Embora quisesse torturar aquele homem para tirar as informações, deixou que seu marido fizesse como pedira e apenas permaneceu em silêncio, um silêncio quase mortal, tudo o que podia ouvir era o barulho das espadas cortando o ar e voltando para sua mão pelo cabo.

Amelie passou a mão no rosto tentando limpar o sangue que tinha espirrado, mas só fez sujar mais ainda. Olhou sua mão suja pelo líquido escarlate enquanto ouvia Keith fazer do jeito dele, queria muito fazer do jeito dela, era tão mais divertido, mas apesar de terem coisas em comum, ambos eram muito diferentes, principalmente quando se tratava de violência. Chegou até a se sentir irritada quando o homem cedeu e jogou a chave, mas sabia, em seus anos de experiência, depois de terem passado a perna e mentido tantas vezes, que aquele homem poderia muito bem estar mentindo para os dois apenas para se safar. Ouviu a luta do lado de fora da sacada, imaginou que fosse Keenan e esperava que ele estivesse bem.

Quando finalmente se moveu e começou a caminhar até o homem, ele se encolheu tentando recuar enquanto a fitava com os olhos arregalados, numa mistura de ódio e medo. Amelie ainda segurava as espadas com as duas mãos. Se agachou em frente ao homem, levando a espada ao seu queixo e deslizando a ponta da lâmina até seu pescoço, o que fez ele engolir em seco. Parecia que a revelação de Keith tinha feito ele ficar com muito medo dela, sabia bem da reputação que tinha, gostava da reputação que tinha e de não precisar falar nada para que as pessoas tivessem medo dela. Também sabia que Keith queria resolver as coisas de uma maneira menos violenta, mas não podia deixar de expressar sua desconfiança.

— Quem garante que não tá mentindo pra nós? Que quando chegarmos lá não vai ser uma emboscada? Tinham homens te protegendo lá fora, nosso amigo já deve ter lidado com ele, mas você... Eu não confio em você. Na verdade, existe uma quantidade muito pequena de pessoas em quem confio e um cara com algo tão importante assim, à ponto de contratar mercenários pra proteger a informação, é alguém em que eu menos confiaria. — Usou a voz, expressão e olhar intimidador que apenas ela conseguia expressar. Apesar de estar com uma lâmina em seu pescoço, o homem falou mesmo assim.

— Eu não estou mentindo, eu prezo pela minha vida, vocês são uns ladrões assassinos de merda, mas eu não estou mentindo! — Sua voz estava alterada, ela conseguia notar o medo e hesitação.

— Vamos fazer assim então, você vem com a gente e nos leva até a estalagem onde o itinerário tá, se estiver certo, pouparei sua vida, se estiver errado, vou te matar antes que pisque. Você não vai ficar aqui nem fodendo, você vem com a gente. — Puxou o homem pela camisa, embora ele fosse maior e parecesse mais forte do que ela, conseguiu levantá-lo sem nenhuma dificuldade. — Você vai sair pela varanda, nós nos encontraremos com nosso amigo, que deve ter exterminado seus protetores e depois vamos juntos até o lugar onde o itinerário está, o lugar onde você disse que estava, eu realmente espero que não esteja mentindo pra mim, porque seria uma pena ter que te esfolar lentamente até você morrer. — Mas ela pretendia matá-lo mesmo que ele estivesse certo, não iria correr o risco de deixar testemunhas. O homem parecia estar com muita raiva, mas não tinha o que fazer quando dois, ou melhor, três piratas habilidosos estavam o intimidando, ele sabia o que tinha que fazer, ainda tinha esperanças de que fosse sobreviver para ver o fim do dia, embora Amelie tivesse outros planos.

Fez sinal para que Keith fosse primeiro, o homem estaria no meio e ela bem atrás, assim não teria como fugir, estaria encurralado com uma espada bem em suas costas na altura do pulmão. Ao abrir as portas que levavam até a varanda era possível ver o estrago que Keenan havia deixado do lado de fora, precisavam sair dali e rápido. Quando Keith desceu, o homem desceu em seguida e Amelie foi a última, mas ainda estava meio hesitante em descer, levando em consideração suas habilidades falhas em escala e em como havia caído da outra vez. Precisava descer antes que alguém entrasse no quarto e encontrasse a prostituta morta.

— Keith, coloque a arma nas costas dele, eu vou descer. — Tentou dar a ordem o mais baixo que conseguiu enquanto começava a se preparar para sua descida, guardando as espadas, embora uma delas estivesse banhada em sangue e seu próprio rosto estivesse sujo.

Assim como previsto, Amelie era boa em muitas coisas, mas era péssima nisso e assim que colocou o pé na madeira da varanda para se apoiar e se segurar na parede, perdeu o equilíbrio e caiu no chão miseravelmente como um saco de batatas. Bateu a cabeça no solo de barro e fez uma careta de dor com a queda, não era tão alto, mas não era tão baixo.

— Ô, merda! — Virou-se para se apoiar no chão e levantar, chão que fedia a barro molhado e dejetos humanos, aquela cidade era realmente uma merda, literalmente. Agora sua roupa também fedia a bosta. Grunhiu de raiva enquanto batia em seu sobretudo tentando tirar a sujeira, provavelmente até seu cabelo estava sujo de bosta nesse ponto, mas não havia muito o que fazer, não podia parar para se limpar. Assobiou para que Keenan se virasse e fosse com eles, fazendo um sinal com a cabeça. Sua cabeça ainda doía pelo baque, mas iria sobreviver. — Certo, vocês dois não deixem ele escapar, vamos até a rua da frente, fiquem com ele enquanto eu irei chamar a tripulação que tá no bar. — Apesar de ter acabado de cair de maneira vergonhosa e estar cheia de bosta, ainda era muito boa liderando. Sabia bem o que fazer e em como prosseguir, então foi na frente, tentando bater no sobretudo enquanto caminhava. Aquele perene cheiro de merda estava a irritando profundamente.

Ao chegar na esquina do bordel fez sinal para eles esperarem e foi sozinha, entrando no bar, ou o que quer que aquilo fosse. Alguns olhares foram até ela, mas apenas continuou até encontrar um dos membros da tripulação que estava bebendo, se apoiou na mesa até chegar perto de seu rosto e sussurrou baixo para que apenas ele conseguisse ouvir.

— Conseguimos encontrar o cara lá, é hora de voltarem pra o navio, passe a mensagem para os outros e vão repassando. Avise pra serem discretos ao saírem, não saiam todos de uma vez, se tiver algum lá em cima com alguma prostituta, alguém tem que ficar aqui esperando ou ir até lá em cima bater na porta, não podemos deixar nenhum membro da tripulação pra trás depois do que aconteceu. Sejam rápidos, eu quero todos no navio quando voltarmos pra lá. — Se afastou alguns centímetros do ouvido do homem e ele assentiu com a cabeça, colocando o copo na mesa. Amelie olhou em volta, algumas pessoas desconfiadas pelo seu atual estado a fitavam, mas desviaram o olhar ao notar que ela havia percebido. Se afastou da mesa e se dirigiu até a saída, pelo menos nenhuma prostituta iria pará-la no caminho com ela daquele jeito, a não ser que estivessem muito desesperadas. Saiu do bordel depois de olhar para trás e se certificar de que a mensagem estava sendo repassada e caminhou rápido até onde os três estavam. — Eu tô com a chave que ele deu, precisamos ser rápidos. — Sem mais delongas, fez sinal com a mão para que Keith e Keenan a seguisse, levando o homem e começou a trilhar o caminho até o local que ele havia indicado.