{RP FECHADA} Back Home

Não sabia ao certo o motivo, mas não conseguiu responder nenhuma das perguntas ou deduções de Keith no navio, simplesmente desviou o olhar como se ela fosse a certa na situação, mas a verdade é que não sabia como estava se sentindo e não tinha coragem de olhar nos olhos de Keith, receosa do que veria, talvez o álcool que ingeriu tenha apenas piorado a situação, porque ela pensava menos racionalmente quando bebia. Sim, ela estava completamente errada na situação, mas isso não a impediu de seguir o caminho de volta de braços cruzados, em silêncio e distante, indo na frente com passos largos e a cara fechada. Estava disposta a arrumar briga com qualquer pessoa naquele momento, qualquer faísca se tornaria um incêndio em sua cabeça e ela esperava que a dona da estalagem olhasse estranho ou tivesse alguma reclamação para que ela pudesse descontar sua raiva, mas para sua decepção, ao chegar, ela apenas a olhou e voltou aos seus afazeres. Amelie bufou, frustrada, queria tanto socar alguém naquele momento para que pudesse despejar toda aquela raiva que ela nem sabia porquê sentia, talvez por toda a situação, por ficar sem álcool, por não ter contado a Keith à tempo, por Flint ter se colocado no meio de novo, depois de tudo o que aconteceu durante a festa, sua cabeça estava explodindo, ela só queria arrumar briga com alguém, qualquer pessoa que não fosse Keith, para que ela pudesse bater sem pena, mas parecia que no único momento em que ela realmente queria confusão, ninguém estava disposto a criar uma, ninguém além de seu marido, é claro, mas este ela estava evitando o máximo que conseguia. Subiu as escadas até seus aposentos com passos tão pesados e raivosos que podia jurar que iria acabar quebrando algum pedaço da madeira. Esperou um tempo no topo tentando ouvir se a dona da estalagem falava alguma coisa, com esperanças de que ela pudesse enchê-la de porrada, mas a mulher novamente não disse nada, provavelmente havia colocado tanto medo nela enquanto morava ali, todas as vezes que tinha alguma interação com a mesma, que agora ela simplesmente evitava fazer qualquer comentário. "Merda", pensou, sabendo que Keith logo viria atrás e não tinha ninguém que ela pudesse extravasar aquela raiva. Seguiu para os aposentos com passos rápidos, o barulho da bota batendo furiosamente contra o piso, deixou a porta bater com força atrás de si e não se importou em acender nenhuma das velas ou lareira, apenas tirou o chapéu e jogou no chão, ela amava aquele chapéu, mas acabou descontando a raiva nele. Se segurava para não sair quebrando tudo, jogando tudo no chão, socando a parede, quebrando objetos... Fechou o punho e sentou na cama, enfiando os dedos nos cabelos, apoiando os cotovelos na perna e fechando os olhos com força. Talvez assim conseguisse fazer aquilo dissipar, mas era muito forte, logo ele apareceria e ela teria que lidar com aquelas perguntas de novo, porque ela não conseguiu respondê-las, teria que lidar com a raiva que Keith sentia, embora ela entendesse que ele tinha total direito de sentir raiva dela pela merda que ela fez, principalmente por ter bebido tanto mesmo sabendo das consequências. Sua respiração era ofegante, ela tentava controlar seus pensamentos, mas tudo o que queria era socar alguém.

Amelie sabia que em algum momento Keith iria aparecer, claro que iria, ele estava vindo bem atrás dela o caminho inteiro, por isso estava tentando controlar sua raiva para não ter que descontar nele tudo que estava sentindo. Quando o ouviu passar pela porta, ainda com os olhos fechados, ela não soube o que fazer, apenas permaneceu em silêncio. Seu coração batia forte no peito e sua respiração estava descompensada, podia jurar que até suas mãos estavam tremendo. Suas palavras foram como um tiro no peito de novo, doíam mais do que um tiro no peito, na verdade, porque não era isso, não era isso que ele pensava, ela queria dizer alguma coisa, mas estava tão enterrada em sua própria cabeça que não conseguiu. Foi surpreendida quando ele a abraçou, era a última coisa que esperava, esperava uma explosão de raiva ou qualquer coisa do tipo, mas o abraço a surpreendeu. Ela quase sentiu sua raiva começando a diminuir quando ele a abraçou e as palavras que ele disse em seguida só pioraram a situação. Amelie queria explicar, queria dizer que não era nada daquilo que ele estava pensando, mas se falasse agora, sabia que iria explodir. Então ele se afastou e ela tirou as mãos da cabeça para olhar o que ele faria em seguida, ainda apoiando os cotovelos na perna. Seus olhos se arregalaram quando ele tirou as garrafas do armário e começou a jogar pela janela, quando ela teve coragem para levantar, já era tarde demais e todo o estoque que tinham havia ido janela abaixo. Sentiu a raiva queimar no peito novamente, ele não entendia, não entendia porque ela não explicou nada, sabia que estava errada, mas sua raiva a deixava irracional. Foi até ele sentindo uma raiva tão grande que era até difícil raciocionar suas ações.

— Que porra você tá fazendo?! — Antes que pudesse pensar direito o empurrou com força contra a mesa, exclamando tão alto que tinha certeza que os vizinhos ouviriam, mas não conseguia controlar sua voz. — Eu não ia beber hoje! Eu tava realmente tentando não beber hoje! Mas a merda que você fez... E a porra do Flint teve que se colocar no meio de novo, claro que tinha! Eu ia te contar, porra, eu ia te contar, eu só tava esperando a oportunidade certa pra fazer isso! Caralho! — Queria gritar dizendo que o odiava, mas isso não era verdade, nunca iria conseguir odiá-lo, provavelmente faria o mesmo se a situação fosse oposta, mas o efeito do álcool e da raiva que sentia lhe subiram à cabeça e ela fechou os punhos, foi a primeira vez que conseguiu olhar para ele depois do que tinha acontecido, ele estava com um semblante extremamente sério como Amelie nunca tinha visto e seu próprio semblante era de ódio. Se segurou para não desferir um soco contra ele, ao invés disso se afastou e começou a andar loucamente de um lado para o outro, o peito subia e descia sentindo a raiva queimar em seus poros, não poderia e não queria machucá-lo, apesar de tudo, ela o amava demais para perder a cabeça o suficiente para fazer algo assim, apesar do empurrão. Então pegou as primeiras coisas que viu na mesa e jogou contra o chão de madeira até a mesa estivesse vazia, tinha explodido, começou a gritar, simplesmente gritos de ódio enquanto caía no chão de joelhos, se apoiando nas mãos, mas tudo estava turvo e sua mente corria muito rápido para que ela pudesse pensar. Começou a socar o chão já que não podia socar outra pessoa, muito menos o homem que amava, em sua cólera gritava e socava a madeira, como se nada ao seu redor existisse, até que as pontas ósseas de seus dedos estivessem machucados, mas mesmo a dor não a fez parar, não percebeu que lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, não sabia ao certo se eram lágrimas de tristeza ou de raiva, talvez dos dois. Quando finalmente parou, continuou na mesma posição, a respiração ofegante, a visão turva, pelo menos um pouco de sua raiva tinha sido descontada apesar dos machucados nos dedos.

— Você entendeu tudo errado, de novo... — Sua voz saiu fria e ríspida, entre respirações ofegantes. Sabia que não tinha como ele entender da forma correta porque não havia lhe explicado nada, mas queria que fosse fácil explicar, fácil como a raiva que sentia.

Fitou o chão por algum tempo observando o sangue dos seus dedos caírem no piso de madeira rústica. Quando Keith começou a gritar também ela levou o olhar até ele, o fitando com um olhar fuzilante. Não, não era nada daquilo que ele dizia, não estava tentando se matar, principalmente por ele não ser o suficiente, ele era a única pessoa que a fez sentir como se toda sua vida até ali tivesse algum sentido. Se levantou com um pouco de dificuldade, virando-se para ele que agora se colocava entre ela e a porta. A raiva ainda queimava em seu peito, não sabia se as lágrimas que ele tinha no rosto eram de raiva ou tristeza, as dela eram confusas. Caminhou dominada pelo que sentia até ele, o segurando pela gola do sobretudo e o empurrando, pressionando na porta com toda a sua força. Sem perceber, desferiu um soco bem próximo de seu rosto, socando a porta de madeira ao invés de acertá-lo. Não queria machucá-lo fisicamente, embora houvesse o machucado muito de outra forma. Ela segurou o olhar no dele por alguns segundos até soltá-lo e se afastar alguns longos centímetros, abaixando a cabeça, evitando olhar para ele.

— Eu não sei como explicar... — Sua voz continuava ríspida, mas agora estava falha. Tentou segurar sua raiva. — Eu não quero morrer, eu sempre soube que tinha algo errado comigo quando se tratava de álcool, eu sempre exagerei, então eu fui precisando de mais e mais pra sentir alguma coisa e eu sabia que tinha algo errado, sabia que tinha algo errado quando comecei a sentir dores e quando Elliot disse aquilo... — Enterrou as mãos nos cabelos novamente, voltando a andar de um lado para o outro. O efeito da bebida já se dissipava aos poucos, embora o turbilhão de sentimentos no seu peito não diminuísse.

— Não é nada disso, não é isso... — Tentou falar em sua agonia, mas agora não conseguia formular frases coerentes. — Eu não te contei porque não queria te preocupar, somente o Elliot sabia, claro que o Flint soube eventualmente, não faz muito tempo que eu sei, mas porra, eu ia te contar, eu não deveria ter bebido hoje, mas eu sou uma inconsequente do caralho que não consegue lidar com o que eu sinto, eu sempre usei a bebida pra lidar com minhas merdas, eu sabia que eventualmente iria chegar nesse ponto, eu te falei pra se afastar de mim e ter uma vida normal, você escolheu essa merda pra ter que lidar, não é culpa sua, eu tenho algum problema na cabeça, tem algo muito errado comigo, eu sou completamente insana e te coloquei no meio disso tudo. Porra, eu não quero morrer assim, eu fiz merda, ok? Eu fiz merda! Não tem como voltar atrás, eu não queria ter que parar de beber e eu não queria ter demorado pra te contar, mas eu fiz merda! — Agora ela estava gritando de novo, mas era como um disco arranhado, indo de um lado para o outro pela "casa", olhando para o chão escuro enquanto nervosamente passava as mãos pelo rosto.

Amelie andava de um lado para o outro quase arrancando a pele do próprio rosto enquanto o esfregava com as mãos. Sua mente estava uma bagunça, tudo o que conseguia pensar era que tinha sido culpa dela, que se ela não houvesse o recrutado naquela tarde, durante o festival, por puro egoísmo, ele teria uma vida muito diferente agora, eles não teriam se apaixonado, ela não colocaria sua vida em risco em cada incursão que faziam, Flint não o usaria como uma arma de guerra quando bem entendesse, talvez ele tivesse tido a vida que ela planejou que ele teria se ela não houvesse feito tudo o que fez, ele teria encontrado outro emprego se ela o recusasse, não precisaria estar lidando com toda aquela merda agora e talvez ela continuasse levando a vida que levava antes de conhecê-lo, talvez ela pudesse brigar com Flint para continuar bebendo mesmo sabendo que isso iria levar à sua morte, talvez ela realmente morresse no navio em algum momento e eles nunca teriam se visto de novo, nada daquilo estaria acontecendo. Não era a vida que ele escolheu para si, ela havia escolhido aquilo por ele e tudo o que conseguia sentir era culpa, toda a sua raiva e tristeza havia se resumido em culpa, mesmo ouvindo suas palavras. Mas quando ele a abraçou forte a fazendo parar e disse aquelas palavras, Amelie desabou em seus braços, era tarde demais, ela havia feito aquilo com ele, despertado aquele amor, criado aquela dependência... Aquele garoto frágil e gentil que conheceu há muito tempo atrás, agora tinha um preço por sua cabeça, assim como todo o resto da tripulação, todos os motivos pelos quais escondeu o que sentia até quase morrer tinham retornado à sua cabeça como uma avalanche, mas era tarde demais, não podia voltar no tempo e desfazer o que tinha feito, não podia fazê-lo ter uma vida digna, ele estava preso à ela tanto quanto ela estava presa à ele, ele morreria por ela, tanto quanto ela morreria por ele, não havia como escapar. Retribuiu o abraço tão forte quanto conseguia, afundando o rosto em seu peito enquanto as lágrimas molhavam o sobretudo preto de Keith. Talvez fosse se culpar por aquilo para sempre, pela jornada, que em sua cabeça, ela o obrigou a escolher, mesmo sabendo que ele estava feliz ao seu lado e não se importava em ser um pirata. Sentiu seu corpo vacilar enquanto o envolvia com os braços, talvez pela quantidade de estresse e por sua explosão, mas conseguiu se manter de pé ainda assim. Não conseguia expressar seus próprios pensamentos, ela sabia o que ele iria dizer se ela o fizesse, mas quando algo entrava em sua cabeça era muito difícil de sair, de se convencer do contrário. Entretanto, mesmo assim, não havia volta agora. Talvez fosse ser assim de qualquer forma, não importa o que ela tivesse feito, se houvesse nascido nobre como sua mãe, se não o houvesse recrutado, talvez eles fossem destinados a ficar juntos independente de suas escolhas, porque mesmo em um mundo tão cruel e violento, aquela era a única coisa que parecia certa, embora sua mente dissesse o contrário.

Quando parou de chorar, permaneceu ali por um tempo, de olhos fechados, tentando processar tudo o que havia acontecido e tudo o que ele havia dito. Se afastou um pouco, enxugando as lágrimas com as mãos, embora uma delas estivesse machucada. Só então tomou coragem para olhá-lo nos olhos, agora estava com uma expressão totalmente diferente, era inevitável se derreter em seus braços, era o melhor remédio que existia para sua raiva ou qualquer coisa que a afligisse e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Amelie o beijou, segurando seu rosto com as duas mãos para que pudesse puxá-lo para mais perto e aprofundar o beijo. Também odiava quando eles discutiam ou quando as coisas ruins aconteciam entre ou com os dois. Precisava mostrá-lo que ele não precisava ter medo de perdê-la e a única forma que encontrou de fazê-lo foi tirar uma das mãos de seu rosto e levar até sua parte de baixo, apertando com força enquanto o beijava. Amelie realmente tinha uma forma meio distorcida de ver o mundo e resolver problemas, mas esta era ela, afinal. Sempre havia sido. Não disse nada, talvez não precisasse dizer nada, talvez precisasse, em sua cabeça não precisava, talvez ele entendesse. Eram tantos "talvez", sua cabeça estava uma bagunça, mas isso não a fez mudar de ideia, pelo contrário, apenas reforçou sua ideia, fazendo-a apertá-lo mais forte através da calça de couro. Tinha quase certeza que era insana naquele ponto, mas se ele esteve disposto a se afundar na sua insanidade desde o início, não seria agora que iria recusá-lo.

Amelie deixou um gemido baixo escapar de seus lábios quando sentiu seu toque embaixo da blusa de algodão. Agradeceu mentalmente quando ele a ajudou a retirar seu sobretudo pesado e a blusa que vestia por baixo, demoraria mais se ela o fizesse sozinha. Ao ouvir suas palavras, ela sentiu suas bochechas queimarem. Uma pirata tão famosa e cruel, desarmada tão facilmente. Antes ela via sentimentos, amor e paixão como uma fraqueza ou doença, que te deixa vulnerável, agora após experimentar essas coisas, não sabia ao certo se ainda via dessa forma, mas pouco se importava. Havia percebido há muito tempo que Keith era mesmo sua fraqueza, qualquer coisa que ele fizesse abalava todas as suas estruturas de maneira impensável, era muito fácil se derreter com qualquer toque dele, mesmo não sendo algo tão íntimo quanto aquilo, qualquer coisa era o suficiente para seu mundo se tornar apenas ele, como se apenas os dois existissem. Amelie voltou a beijá-lo enquanto tirava o sobretudo dele com rapidez, suas mãos eram velozes desde muito cedo. Se afastou para tirar suas botas e a calça, até estar completamente despida. Seus olhos se encontraram por alguns segundos e ela sorriu, voltando a beijá-lo ferozmente em seguida. Se havia uma forma melhor de expressar o que sentia, seria fazendo.

— E você é um imbecil por pensar que não é lindo. — Disse se afastando alguns centímetros de seu rosto. O empurrou na cama com força em seguida, podia jurar que tinha ouvido um "creck" da madeira, mas não se importava com isso agora, nada importava. Subiu em cima de Keith mais rápido do que ele pôde antecipar, com movimentos gatunos, apoiando-se nas mãos que repousou na cama, uma em cada lado, o prendendo para que ele olhasse para seu rosto, os cabelos ruivos caindo ao redor como uma cortina. — Pensar que eu poderia me interessar por outra pessoa, quando eu tenho isso... — Passou uma das mãos por seu torso, sentindo os músculos através da camisa branca com uma certa violência, provavelmente depois daquilo ele estaria cheio de marcas na pele pálida. Se aproximou do seu ouvido esquerdo enquanto descia a mão até suas partes baixas de novo.

— Eu sou sua, completamente sua, nada vai mudar isso. — Sua voz baixa saiu um pouco rouca em seu ouvido, mas isso surtia os efeitos que ela precisava dele. Voltou a olhá-lo com as pupilas dilatadas, embora estivesse tudo escuro. Tirou a mão de sua calça, levando para seu rosto novamente, segurando com força e voltou a beijá-lo de novo, agora sentando em seu colo, com apenas as roupas dele separando os dois. Pensava no que teria que fazer para convencê-lo de que ele era tudo o que ela dizia, queria que ele visse o quão apaixonada e atraída ela era por ele, então seu beijo foi intenso e mais feroz desta vez.

Apesar das sensações que estava sentido, quando Keith mencionou o tempo que haviam ficado sem nenhum contato parecido, fez ela se lembrar do porquê. A ferida do tiro ainda não havia cicatrizado completamente, embora quase já não sentisse dor nenhuma. O álcool costumava ajudar nesta questão, mas ela afastou esses pensamentos, lembrando que não podia beber mais. Não podia começar a pensar nessas coisas agora, então tentou se concentrar no que estava acontecendo naquele momento e não nos pensamentos intrusivos. Fechou os olhos tentando aproveitar seu toque, mas logo bufou de raiva quando ele pediu ajuda, o fitou por alguns segundos antes de agressivamente desfazer seu cinto, a lareira sequer estava acesa, mas ela sentia como se o ambiente estivesse muito quente e sua visão estava um pouco turva. Apesar de não ter nenhum foco de luz, ela conseguiu tirar seu cinto sem muita dificuldade, puxando sua calça sem muita cerimônia e jogando no chão de madeira. Tinham muitas coisas no chão agora e as roupas dos dois não era uma exceção. Voltou à posição anterior com rapidez, não sabia o porquê, mas tinha bastante pressa.

— É, realmente, parece que fazem meses... — O beijou na mesma intensidade novamente, voltando a sentar em seu colo, o beijo era violento, feroz, mordia seu lábio com tanta força que conseguiu sentir o gosto de seu sangue. — Desculpa... — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas antes que ele pudesse responder ou falar qualquer coisa, ela o colocou dentro de si de súbito. Todas aquelas provocações durante o tempo em que teve que se recuperar, todo aquele tempo sem senti-lo tão perto como se fossem um só, a fez estar quase desesperada para senti-lo. Deixou um gemido alto escapar, provavelmente os vizinhos já estavam acostumados nessa altura, então não se importava, não que pudesse fazer algo quanto à isso, não conseguia se controlar de qualquer forma. Voltou a selar seus lábios como se estivesse sedenta para sentir seu beijo, seu toque, seu corpo. Fez questão de acariciar seu torso enquanto se movimentava em seu colo, queria que ele sentisse o quanto ela adorava cada pedaço dele, o quanto ele era lindo, atraente, suficiente. Não poupou esforços, enfiou os dedos em seus cabelos loiros, puxando com força, enquanto o beijava violentamente e se movimentava cada vez mais rápido, mais feroz, como se estivesse esperando por aquilo há muito tempo. Realmente estava. Parou para pegar fôlego por um tempo.

— Eu ia... Te provocar novamente... — Ela tentou falar, mas não conseguiu terminar a frase, apenas sorriu para ele travessamente. Chamá-lo de cachorrinho parecia algo divertido, porém estava completamente derretida em seus braços e não queria perder tempo com o jogo que fez da outra vez, embora o final tenha sido esplêndido.

Quando ouviu sua pergunta, Amelie tentou responder, mas foi surpreendida por suas ações. Não conseguiu falar, pois seus lábios logo foram calados por um beijo intenso, talvez ele tenha entendido o recado, mas não era o suficiente para Amelie. Ela apenas sorriu quando ouviu suas próximas palavras, sabia que qualquer coisa que quisesse, ele faria sem questionar, mas não gostava disso, de certa forma. Para todos os lugares que ia, conseguia intimidar e colocar medo nas pessoas, muitas vezes não precisava erguer um dedo para ter o que quisesse, queria que pelo menos com ele, fosse o contrário, não queria mandar nele, dar ordens ou ter o controle. Queria ser dominada e não o oposto. Quando ele ficou por cima, ela deu uma risadinha baixa.

— Te provocar... Tipo... — Era difícil falar entre a respiração ofegante. Enfiou as unhas curtas em suas costas e entre gemidos não silenciosos, tentou continuar. — Tipo... Te chamar de cachorrinho... — Conseguiu soltar uma risada travessa ainda assim, com um olhar desafiador, quase palpável. Afinal, havia o provocado durante todo esse tempo justamente para obter um resultado, depois de tudo o que aconteceu tinha esquecido das provocações que estava fazendo, mas agora tinha se lembrado. Envolveu as pernas ao redor da cintura dele, o puxando mais para perto, enfiou os dedos em seus cabelos, puxando. Como era fácil se derreter em seus braços, fácil demais baixar a guarda e se permitir ser sensível como nunca fora antes. Deixava isso bem claro com gemidos altos, se perguntando mentalmente se algum vizinho iria vir reclamar de novo ou se já estavam acostumados.

— Sutil demais... Para um lobo... — Amelie sorriu, o puxando para perto de seu corpo e o beijando profundamente. Esperava que aquilo surtisse algum efeito, não iria desistir até que tivesse a reação que queria, mas para isso precisava fingir que estava tentando reter o controle, para que ele se sentisse desafiado. Sabia bem que seus instintos não permitiriam que isso não tivesse uma retaliação.