{RP FECHADA +18} Back to The Roots

Quando chegaram em terra firme, todos estavam muito animados para finalmente saírem do navio e irem festejar. Flint apenas os alertou que teriam que ir para um bar mais afastado da cidade por conta dos vigilantes, era pra onde sempre iriam depois de uma batalha, pois era um lugar mais reservado do resto da cidade, ele deixou dois homens tomando conta da porta, que iriam revezar vez ou outra, para o caso de algo acontecer e eles terem que fugir de última hora. Era sempre perigoso ser da tripulação de um navio tão grande e conhecido como Blackmore.

Porém ao entrar, todos foram fazer o que bem entendiam e queriam, a alegria contagiou Amelie que começou a sorrir sentando-se ao lado de Keith, ela começou a beber e ele também, mas não era tão experiente como ela então logo ficou bêbado, ela continuou rindo e deixou a alegria a invadir enquanto observava todos ao seu redor se divertindo também, dava gargalhadas altas ouvindo algumas piadas que alguns tripulantes contavam e observou Flint sozinho próximo à porta bebendo. Ele sempre fazia isso quando eles saíam para se divertir, ficava de olho como uma águia, mas ao vê-la olhando para ele, ele sorriu de volta e ela voltou para o que estava fazendo.

De repente Keith ofereceu a mão e pediu para ela dançar. Ela arregalou os olhos confusa, olhou para ele e olhou para sua mão.

— Eu não sei dançar... — Admitiu, realmente não sabia. Todas as vezes que saía com a tripulação antes de conhecer Keith, ficava em seu canto, em seu próprio mundo, afastada de todos, assim como Flint. Era estranho não serem parentes biológicos, se pareciam muito, ela se perguntava se era porque eram tão próximos desde que tinha 15 anos.

— Eu vou passar vergonha, eu não sei dançar...

Suas bochechas coraram, não queria pagar mico em frente a Keith, não se importava com o resto da tripulação, mas se importava com o que Keith pensava dela. Ela olhou para sua mão novamente e a segurou relutante enquanto ele a puxava.

— Eu não sei dançar, sempre que vinha aqui ficava bebendo sozinha...

Sua vergonha era visível em sua voz. Ela olhou ao redor e parecia que todos se divertiam muito e estavam bêbados. Talvez não fosse tão ruim assim, já que a maioria não iria lembrar no dia seguinte.

Eles começaram a dançar e Amelie gargalhava enquanto eles dançavam de forma estranha no meio dos outros. Era engraçado e ao mesmo tempo vergonhosa a forma como eles dançavam, mas naquela altura ela já não se importava mais. Até que ele deu a ideia de girar, ela fez uma careta confusa no início mas fez o que ele disse, até que ambos perderam o equilíbrio e quase caíram sobre uma mesa. O homem que estava sentado nela junto com uma prostituta reclamou alto, mas ela não se importou, apenas recobrou o equilíbrio novamente.

— Nós dois somos péssimos nisso, amor. — Ela gargalhou e o beijou de repente, sem que ele esperasse. Segurou seus cabelos loiros com os dedos e continuou o beijando, se afastando apenas para pegar ar. Sorriu para ele com o maior sorriso do mundo e pulou em seus braços, o abraçando forte.

— Eu sou a mulher mais sortuda que existe. — Disse rindo e deitando a cabeça em seu peito.

Fechou os olhos por alguns segundos, apoiando a cabeça em seu peito. Durou alguns segundos até que a porta foi aberta, ela abriu os olhos para ver quem estava entrando, imaginava ser apenas um grupo de homens que vieram beber também, mas ao observar melhor seu coração parou.

Era uma mulher um pouco mais baixa que ela, com cabelos ruivos escuros presos de mal jeito, deixando a parte de trás solta, seu rosto era completamente idêntico ao de Amelie, não tinha uma diferença sequer além das rugas e marcas de expressão causadas pela idade. Ela parecia cansada, suas roupas estavam sujas, seu rosto estava um pouco sujo e embora ela andasse um pouco graciosamente, demonstrando seu antigo status, dava para ver nitidamente que aquela mulher estava vivendo em ruelas há muito tempo. Amelie ergueu a cabeça do peito de Keith se mantendo próxima, com os olhos arregalados observava a mulher entrando no ambiente. Era incrível como ambas eram exatamente iguais. Amelie achou que seu coração fosse explodir, suas mãos começaram a tremer, ela estava começando a ter um ataque de nervos. Olhava aquela mulher enquanto seus olhos ficavam embaçados pelas lágrimas. Não sabia se era mesmo quem ela estava pensando que era, mas era como se uma estaca houvesse sido enfiada em seu coração.

A cabeça de Amelie estava completamente confusa, ela observou a mulher caminhar lentamente até uma mesa e se sentar nela, distante de todos. Estava claro que ela não queria ser vista, mas mesmo sob a baixa luz de vela que iluminava seu rosto, a semelhança era quase palpável. Nunca tinha visto ninguém parecida com ela em toda sua vida, seus traços eram diferentes demais para serem confundidos com qualquer outra pessoa. Lágrimas teimosas que ela não queria deixar escapar desceram por seu rosto e ela tentou pará-las, mas não conseguiu. Sentia em seu âmago quem aquela mulher era e tudo o que conseguia sentir era rancor e raiva. Estava chorando de raiva. Mal conseguia ouvir o que Keith dizia, era uma experiência surreal. Depois de 23 anos lá estava a mulher que havia a abandonado pra morrer. Ela não conseguia entender, se um dia tivesse um filho nunca iria deixar ninguém sequer tocar nele, imagine abandoná-lo na chuva. Sentiu como se tudo o que viveu até ali houvesse culminado até aquele momento, como se tudo fosse orquestrado por uma força maior que ela não conseguia compreender. Observava a mulher que era claramente uma moradora de rua, se movia da mesma forma que ela, apesar de ser um pouco mais graciosa. Os olhos eram os mesmos, o nariz era o mesmo, os lábios eram o mesmo, até o cabelo que estava desengonçado era o mesmo.

— É minha mãe. — Disse num tom ríspido e frio e puxou Keith pela mão, circulando o bar pelos cantos até chegar onde a mulher estava. Ela tinha dado um pouco do que tinha e estava bebendo vinho, talvez fosse a única vez em meses que ela conseguia vinho, mas Amelie pouco se importava. Quando chegou por trás, escondida pelas sombras, ao lado de Keith, tirou sua adaga e fez um movimento rápido, colocando a adaga no pescoço da mulher, que parou imediatamente com os olhos arragalados.

— Você sabe quem eu sou?! — Exclamou no ouvido da mulher, alto o suficiente apenas para ela e Keith ouvirem. Sua voz estava diferente, não estava mais gentil ou brincalhona, estava séria, ríspida, fria, agressiva. — Você sabe quem eu sou?! — Repetiu pressionando a adaga mais forte no pescoço da mulher fazendo ela gemer de dor.

A mulher tirou as poucas moedas de Kham que tinha e jogou na mesa.

— Eu não tenho muito, mas pode levar o que quiser. — A mulher choramingou. Deuses, até a voz delas era igual. Amelie arregalou os olhos com raiva.

— Você sabe quem eu sou?! — Ela repetiu dessa vez mais alto. A mulher não conseguia entender, guiada pela raiva pressionou a adaga mais forte no pescoço dela fazendo uma fina linha de sangue descer por seu pescoço. Ela não conseguia controlar os próprios atos, só queria ouvir uma palavra dela, uma resposta, um reconhecimento, uma distinção, mas a mulher estava tão confusa com tudo aquilo. Havia passado tanto tempo fugindo de vampiros nas ruelas de Hahle, agora iria morrer nas mãos de uma pirata e nem sabia o motivo.

Amelie se assustou ao ver Keith irado daquela forma, era difícil deixarem ele com raiva. Franziu o cenho quando ele olhou para ela, não gostava de saber que ele estava daquele jeito por causa dela. Deixou a adaga lentamente se afastar do pescoço da mulher, onde agora havia um corte fino e deu um passo para trás. Seu coração pulsava no peito como se fosse explodir, não sabia se de nervosismo ou de ódio. Queria se afastar mais, mas sabia que estaria escuro demais para ser vista se o fizesse.

A mulher olhou horrorizada para Keith, nem mesmo Amelie esperava aquilo dele, ela engoliu em seco e lentamente se virou, levantando da cadeira. Seus olhares se encontraram, os mesmos olhos azuis, o mesmo formato, as mesmas pálpebras, com a única diferença sendo as rugas. A mulher levou a mão até a boca, começou a tremer, suas pernas estavam bambas, ela franziu o cenho com lágrimas nos olhos. Encarou Amelie dos pés à cabeça.

— F-Filha? — Um sorriso abriu em seus lábios. — C-Callidora... — Amelie fez uma careta ao ouvir aquele nome. Era o nome que deveria ser seu. Sua expressão era de completo ódio.

— Se você me chamar de filha mais uma vez, verme, eu vou te matar aqui sem pensar duas vezes. — O ódio em sua voz era notável, o que fez a mulher estremecer. Ela tirou a mão da boca, ainda com as lágrimas nos olhos.

— Eu achei que nunca mais veria minha Callidora. — As mãos da mulher tremiam, mas ela mantia o sorriso no rosto.

— Esse não é meu nome. — Amelie vociferou, cuspindo no chão. — Meu nome é Amelie Mildenhall. — O olhar da mulher pareceu murchar e ficar sem brilho. Sua filha era a pirata mais temida de Hahle. O sorriso sumiu de seu rosto.

— Você se tornou uma pirata.... — Ela murmurou quase para si mesma, encarando Amelie com o cenho franzido. — Minha Callidora se tornou uma pirata...

— Eu já disse que esse não é meu nome!! — Amelie quase gritou, mas tentou não chamar atenção para o que estava acontecendo no fundo da taverna. A mulher pareceu entender, olhando novamente as vestes de Amelie, talvez por estar sem seu sobretudo, ela não havia entendido de início, mas agora entendia. — Se você não quisesse que eu me tornasse uma pirata, por que caralhos você me abandonou na chuva?! Por que você me abandonou pra morrer?! — Tudo o que Amelie queria eram respostas e para ela aquelas lágrimas não passavam de lágrimas de crocodilo. Ela não confiava na reação que a mulher estava tendo ao vê-la, não confiava em ninguém além de Flint e Keith.

— E-Eu tive que... — Antes que ela pudesse continuar, Amelie avançou para cima dela, mas sentiu Keith a segurando, entretanto estava próxima o suficiente.

— Você teve que me deixar pra morrer?! — A mulher se afastou, batendo contra a mesa quando Amelie avançou.

— Nossa... Minha família não aceitou minha gravidez quando descobriram, e-eu era muito nova, de uma família nobre, não sabia o que estava fazendo, quando minha barriga cresceu... Com você dentro... — A mulher sorriu levemente, passando a mão pela barriga vazia. — Eles descobriram e me expulsaram dizendo que não iriam aceitar este desgosto para a noss-... Minha família... Seu pai era mais velho, recorri até ele, mas ele apenas nos rejeitou, dizendo que você não era dele... Eu passei todos os meses seguintes da gravidez morando na rua, comia o que conseguia, tentava sobreviver tendo que me alimentar por nós duas... Quando entrei em trabalho de parto, algumas mulheres que também moravam na rua me ajudaram no processo e quando você nasceu, era tão linda... Os olhos azuis mais lindos que eu já vi, os cabelinhos ruivos... — Ela parecia se lembrar de uma memória muito distante.

— Então por que você me abandonou, verme?! — A mulher se assustou com o tom de voz e o xingamento vindo da própria filha, mas entendia.

— Eu preferi abrir mão da sua vida, para que você não tivesse uma vida como a minha. — Isso fez Amelie ficar ainda com mais raiva. — Mas eu me arrependi, quando voltei você não estava mais lá... Minha Calli-... Amelie... Havia sido tirada de mim...

— Eu nunca fui sua. — A frieza e ódio no olhar de Amelie fez a mulher abaixar a cabeça.

— Você tem linhagem nobre... E se tornou isso... — Ela parecia com desgosto falando sobre Amelie. — De todos os futuros possíveis eu nunca imaginei que minha fi-... Que você se tornaria uma ladra, uma assassina...

— É melhor ser uma ladra e assassina do que uma covarde que abandona sua própria filha recém nascida na chuva. Você não tem... Ideia... — Amelie começou a se aproximar mais. — Da vida que eu tive por sua causa. A única pessoa que cuidou de mim foi um ladrão assassino, como você chama, a única pessoa que me acolheu quando eu ainda era uma menina, que cuidou de mim como se eu fosse sua filha, que cuida de mim como se eu fosse sua filha. Ele é meu pai, Keith é meu marido, eles são minha família. Eu não dou uma foda pra porra da linhagem nobre que eu divido com você, sabe o que eu faço com os nobres?! Eu tiro tudo deles e arranco a cabeça deles com minha espada. É isso o que eu acho da porra da sua linhagem. — A mulher arregalou os olhos, agora lágrimas desciam por seu rosto por ver a forma que sua filha falava com ela.

Amelie conseguiu se soltar dos braços de Keith e se afastou, indo para trás, a mulher avançou, tentando chegar perto dela. Num ato rápido ela tirou uma de suas espadas da cintura e por poucos centímetros não perfurou o coração da mulher, que não sabia e não se importava em saber o nome. A mulher arregalou ainda mais os olhos com a respiração ofegante.

— Você vai pegar suas moedas de merda e você vai sair daqui, você nunca mais vai vir aqui, você nunca mais vai cruzar meu caminho, você nunca vai chegar perto de mim ou da minha família ou da minha tripulação. Isso é um aviso. O único aviso. Se eu te ver novamente, eu não vou hesitar em matar você. — A mulher tremia, queria abraçar sua filha, queria pedir perdão, mas percebeu que era tarde demais para isso. Ela se moveu lentamente e catou suas moedas, colocando de volta no vestido sujo, se movimentou o mais lento que conseguiu para sair de perto da espada de Amelie e antes que pudesse caminhar até a porta, disse suas últimas palavras:

— Eu sempre vou te amar, minha Callidora. — E então desapareceu, saindo da taverna. Amelie deixou um ar de alívio sair de seus pulmões, suas mãos tremiam, seu coração batia forte. Ela só precisava beber até esquecer daquilo tudo. Puxou Keith para a mesa em que estavam, sentando-se novamente e bebendo uma garrafa de vinho inteira sem sequer colocar no copo, em seguida envolveu os braços um no outro na mesa e deitou a cabeça, escondendo. Havia até mesmo tirado seu chapéu.

Lágrimas desciam de seus olhos copiosamente enquanto ela soluçava.

— Agora eu deixo você me chamar de princesa pirata... — Sua voz saiu falha enquanto ela chorava, era um turbilhão de sentimentos que ela não estava conseguindo lidar, mas não iria deixar aquilo estragar sua noite, só precisava de um momento deixando aquelas emoções saírem de dentro de si.

Talvez o vinho estivesse ajudando na situação em que Amelie se encontrava, ela sentiu os braços de Keith ao seu redor e tudo parecia estar certo, ele era sua família, as palavras da mulher ainda ecoavam em sua cabeça como um fantasma, toda a história que ela contou se repetia em sua cabeça de novo e de novo. Ela chorava tanto que começou a grunhir de dor, não uma dor física, mas uma dor emocional. Se encolheu em Keith como uma criança enquanto chorava e ele fazia carinho em sua cabeça. Ele era a única pessoa que conseguia acalmá-la. Ao ouvir sua piada ela quase riu entre o choro, mas continuou até não ter mais lágrimas. Se afastou e pegou a garrafa de vinho novamente, bebendo tudo de uma vez, sentiu seu estômago reclamar, mas não se importou. Encostou-se na cadeira com os olhos vermelhos, assim como o nariz e o rosto, estava claro que ela havia chorado apesar do bronze pelo sol. Ela suspirou fundo.

— Você e Flint são minha família. — Foi tudo o que conseguiu dizer antes de ver outra pessoa que estava servindo as mesas caminhando perto deles, ela fez sinal e pediu mais vinho, o que foi atendido. Quando o vinho chegou, ela simplesmente abriu e começou a beber mais, pelo galo, sem se importar em colocar em um copo. Queria apagar e esquecer de tudo aquilo, como se tivesse sido um pesadelo ruim, mas não era, ela sabia disso, iria se lembrar disso pelo resto da sua vida. Antes que pudesse colocar o vinho de volta, depois de beber a metade, viu Flint à sua frente, sentando-se na cadeira em frente aos dois.

— Eu estava perto e vi tudo. — Ele disse, com um olhar preocupado e o cenho franzido. — Quando você correu para meu navio naquela tarde, muitos anos atrás, ainda uma garotinha e pediu para que fizesse parte da tripulação, eu mal pude acreditar, mas seu olhar era tão ambicioso e determinado, eu me vi em você, filha... — Deu ênfase na última palavra. — Eu soube desde o primeiro momento o quão forte você era, quando comecei a te treinar aos 15 anos, mesmo você caindo, sempre levantava com mais raiva e eu gargalhava da sua determinação e você caía várias vezes nos primeiros anos, mas voltava cada vez mais forte, com cada vez mais raiva, eu escolhi te treinar, poderia ter colocado qualquer pessoa pra fazer isso, mas eu soube desde o início que deveria ser eu e hoje você caiu em um mar cheio de sirenes, mas conseguiu voltar viva, o que ninguém havia conseguido antes, hoje você lutou contra sua própria mente e coração ao encontrar quem te trouxe ao mundo, sei que isso é egoísta, mas me sinto feliz por ela ter te abandonado e eu ter te encontrado, você é a filha que eu nunca tive e a pessoa mais forte que eu já conheci, até mesmo mais forte do que eu. — Amelie olhava em seus olhos enquanto ele dizia aquilo, queria poder chorar novamente, mas não iria. Ele segurou sua mão através da mesa e apertou. Era uma demonstração de afeto silenciosa. Ele olhou para Keith assentindo com a cabeça e levantou, indo de volta para onde estava. Amelie o observou caminhar com seu sobretudo longo e preto.

Ela se recompôs e colocou mais vinho no copo de Keith, lhe lançando um sorriso pequeno através da expressão de dor.

— A festa ainda não acabou, amor. — Disse gentilmente, com um tom de tristeza na voz e começou a beber o vinho pela garrafa novamente, colocando na mesa, estava quase no final. Se sentia tonta e completamente bêbada. — Podemos voltar a dançar depois disso, você só precisa ficar mais bêbado do que eu. — Soltou uma gargalhada, estava começando a se sentir melhor pelo efeito do álcool. Envolveu o braço no dele e encostou a cabeça em seu ombro, mexendo em seus anéis, entre eles seu mais preferido. — Quando atacarmos outro navio, você precisa roubar alguns anéis pra você.

Amelie bebeu novamente, sem se importar com a quantidade de bebida que ingeria, já não sentia mais suas pernas ou mãos, apenas ria boba para Keith enquanto ele falava, um sorriso bobo e apaixonado. Talvez pelo efeito da bebida não se sentia restringida em olhar para ele daquele jeito no meio de todo mundo.

— Quando te fazem mal, eu quero arrancar a cabeça deles com a boca. — O que ela disse foi sério, saiu em um tom sério, mas também brincalhão por conta da bebida. Ela ouviu o que ele disse e gargalhou, encostando a cabeça na cabeça, olhando para o teto. Era uma Amelie diferente, talvez depois de tudo o que aconteceu em um único dia, com a ajuda da bebida ela tenha perdido completamente o juízo.

— Eu não sei! — Exclamou virando a cabeça para ele e gargalhando. Era notável que Amelie estava completamente fora de suas capacidades mentais naquele momento. — Eu acho que sim, não sei, os meus eu peguei porque cabiam no meu dedo e eu gostei, mas apenas um tem valor sentimental pra mim. — E ele sabia de qual anel ela estava falando, sua expressão não mudou, ela começou a gargalhar ao ouvir sua pergunta, não uma risada de desdém, mas uma risada fofa, a tripulação que ainda prestava atenção nas coisas ao redor começou a ficar confusa em como Amelie estava agindo.

— Eu gosto de você sem barba, e com esse rostinho lindo, quando nos atacarem vão te subestimar, ser subestimado é bom quando você é forte, eles vão achar que irão lutar com um garoto que não sabe nada sobre luta e vão pegar leve, é uma vantagem! — Ela explicou, gargalhando, bebendo mais uma vez. Talvez tenha falado alto demais, mas ela não percebia.

— EU TE AMO, SEU MERDA! — Gritou de repente o abraçando e gargalhando. Até mesmo Flint ergueu a sobrancelha, nunca tinha visto Amelie assim. Estava na cara que não era apenas a bebida, alguma coisa havia se soltado dentro de sua cabeça, ela estava completamente insana.

Amelie continuava gargalhando enquanto o abraçava, nem ela mesma sabia o que estava acontecendo dentro de sua própria cabeça, não se importava o suficiente naquele momento para pensar sobre isso.

— Não é que seja engraçado, é que é uma vantagem pra você, quando eles olham pra mim, magra e mulher, eles imaginam que eu sou frágil e pegam leve, não sabem meu nome então não sabem quem eu sou, é mais fácil derrotar eles quando eles te subestimam e você tem um rostinho lindo de bebê que eu queria muito sentar agora. — Talvez tenha dito isso alto demais porque Flint do outro lado bebeu outro gole de bebida muito rápido, mas ela não percebeu.

Continuou gargalhando e falando coisas sem sentido até ouvir sua pergunta. Ela virou-se para ele, apoiando a cabeça em uma das mãos e gargalhou alto, estava claro que aquela Amelie não era a mesma Amelie que havia acordado pela manhã pronta para a batalha, ela parecia uma lunática.

— Eu tô ótima! Nunca estive melhor! Minha mãe me abandonou, eu tenho linhagem nobre, mas sou uma pirata, meu pai é o líder de um navio imenso, meu marido é fantástico, como eu poderia não estar? — De alguma forma, mesmo parecendo sóbria no que falava, estava claro que ela estava fora de si. Quando Keith mencionou sobre a cicatriz ela fez uma careta e deu um tapa em seu rosto, sem pensar duas vezes gargalhando. — Eu não vou deixar ninguém te machucar, a única pessoa que pode te machucar sou eu, na verdade, nem mesmo eu, não repita isso. —  Sua voz ficou séria e grave por um momento, mas ela logo voltou à sua própria insanidade.

Quando sentiu seus lábios nos dela de surpresa, ela não soube como reagir de início, mas correspondeu ao beijo. Era incrível como ele beijava tão bem agora, tão bem que o calor que sentia era maior que o calor do vinho. Ela passou as mãos por seus cabelos e o puxou para mais perto, sem ter consciência de onde estava ou quem estava assistindo. A maioria estavam ocupados com as prostitutas no andar de cima, os outros bebiam como se não houvesse amanhã. Ela o puxou para mais perto e começou a beijá-lo como se fosse o fim do mundo, de uma forma tão intensa que seu corpo inteiro gritava por ele, mas de repente foi interrompida por Flint limpando a garganta na entrada da taverna. Ele os observava esse tempo todo, ela não se importou quando olhou pra ele e virou-se tentando beijá-lo mais uma vez. Se dependesse dela e seu estado mental eles iriam acabar tendo relações no meio da taverna e ela sequer se importava.

Amelie se frustrou quando ele se separou dela, mas não interferiu, também havia ouvido Flint do outro lado da taverna. Se tinha alguma coisa que restara de sua consciência era a consciência em si. Ela se afastou de Keith, olhando para Flint de relance. Ele parecia bravo, mas entendia que sua garota havia crescido e se tornado uma mulher independente e que tinha um marido agora, embora sua espoa houvesse morrido para vampiros anos atrás. Ao ouvir as palavras de Keith tudo veio como um furacão em sua cabeça. Ela se encolheu em seu peito sentindo ele fazer carinho em seu cabelo, mas diferente do que se podia imaginar, o que Amelie sentia não era tristeza por ter sido abandonada, era ódio. Ela era boa em lidar com o ódio, não sabia de onde vinha, mas sabia que devia senti-lo. Não deixou uma única lágrima escapar de seu rosto, não daria essa satisfação a sua "mãe" ou qualquer quem fosse.

— Eu quero ir pra casa, Keith, e eu quero te foder como nunca fodi ninguém na vida. — Sua voz estava alterada e muito alta. Flint simplesmente suspirou e saiu da estalagem, não aguentava imaginar sua filha de consideração fazendo e o pior, falando algo assim. Mas ela estava completamente fora de si.

Levantou-se com dificuldade e puxou Keith pela mão, ela sabia que ele iria a qualquer lugar que ela mandasse. Não de uma forma ruim, ela nunca o mandaria para o perigo, mas ela queria voltar pra casa.

— Vamos voltar pra casa, sim? Eu acredito que estamos bêbados o suficiente para precisar de uma pequena carruagem de volta pra casa, mas isso não importa, eu sou quero estar em casa e foder você. — Não se importava se os outros estavam ouvindo, apenas o puxou para fora da estalagem onde encontrou Flint com seus homens, fumando tabaco. Ela sabia que ele não estava confortável com isso, mas o que podia fazer se o homem ao seu lado era seu marido... Em algum momento ele teria que aceitar esse fato, embora ela fosse a única filha que ele nunca teve. Ela se sentia protegida por Flint, mas não podia deixar de viver sua vida por conta disso. Correu segurando a mão de Keith até uma carruagem pequena, o preço seria menor do que a carruagem em si. Deitou em seu ombro e segurou sua mão. — Vamos pra casa agora. —  Sua voz estava embargada pelo álcool, mas ela não se importou, apenas pagou o homem e ele seguiu até a estalagem. Durante o caminho manteve a cabeça no ombro de Keith, algumas vezes apagava, mas logo acordava e dava uma gargalhada alta.

Amelie não iria se deixar levar por bebidas, por álcool, muito menos por seus desejos. Só queria estar em casa. No fundo ela sabia que não estava bem, mas honestamente, não se importava, tudo o que ela queria era apenas estar em casa com seu marido e o resto do mundo poderia queimar e ela não se importaria.

Amelie estava tão bêbada que não percebia a altura que falava as coisas e não percebeu quando saíram do bar, queria avisar a Flint caso tivesse percebido, ela sempre avisava quando ia embora, mas ele estava do lado de fora e viu quando pegaram uma carruagem. No caminho Amelie adormeceu e teve sonhos estranhos, onde ela não era quem ela era, onde ela estava em uma casa nobre com uma família nobre e sua mãe do lado, usando roupas nobres e falando coisas que nobres falam, mas de repente tudo começou a pegar fogo e ela era ela novamente, era ela quem tinha colocado fogo na casa e nas pessoas dentro dela. Quando chegaram na estalagem Keith fez questão de levá-la nos braços embora ela dissesse que já estava mais sóbria e realmente estava, ter dormido, mesmo brevemente, ajudou. Ele caiu com os dois na cama e ela soltou uma risada alta, quando retornou e deitou ao seu lado, apenas ouviu o que ele disse.

— Eu sei, amor. — Já não estava mais tão fora de si como estava antes, ou tão bêbada, mas o mundo ainda girava ao seu redor. Olhou para ele e sorriu. Ela sabia que ele iria fazer de tudo por ela, ela também iria fazer de tudo por ele. Tocou seu nariz como sempre fazia quando estava brincando com ele.

Sabia que alguma coisa tinha mudado dentro dela aquela noite, não foi o ataque de sirens, sabia muito bem o que era.

— Eu tive um sonho enquanto dormia na carruagem, onde eu não era eu, eu era Callidora e aquela mulher estava do meu lado também usando roupas nobres e tinha uma família usando roupas nobres, foi tão estranho usar aquelas roupas, de repente tudo começou a pegar fogo e eu percebi que eu era eu novamente, com as roupas que eu sempre uso, e que eu havia colocado fogo na casa inteira e todas as pessoas dentro dela corriam queimando, mas a fumaça não me afetava. Foi um sonho tão estranho, talvez significativo, não sei. — Ela se aconchegou em Keith, deitando a cabeça em seu peito, ouvindo seu coração bater. — Eu sinto que alguma coisa na minha cabeça se soltou hoje, por ter encontrado ela e eu tenho medo do que pode ter sido, tenho medo de ter me tornado completamente insana ou pior do que eu já era, mais violenta, mais volátil, mais agressiva. Eu sinto raiva, queria sair quebrando tudo aqui, gritando, destruindo essa estalagem inteira, mas eu sei que eu não posso e também não posso beber mais, que droga... Eu só queria esquecer, mas acho que nunca vou esquecer o que aconteceu hoje. —  Tinha um tom triste em sua voz, ela estava sem seu chapéu que havia caído no chão, sentia muita raiva, mas estar perto de Keith a acalmava, fazia com que seus demônios fossem embora, mas aquele demônio estava tão perto, ela o abraçou com mais força querendo escapar dele.

— Eu não quero ser quem eu não sou, se eu fosse nobre nós nunca teríamos nos conhecido e se tivéssemos, nós nunca teríamos nos casado, eu não aguentaria essa realidade... — Levantou a cabeça para ele em seguida, olhando em seus olhos. — Você nunca terminou de falar o que sentiu quando eu caí do navio. — Seu olhar era curioso, iria respeitar se ele não quisesse falar.

Amelie ouviu ele dizer como se sentiu quando ela caiu no mar. Seu coração apertou, imaginava que se sentiria do mesmo jeito se fosse o oposto. Também pularia se estivesse na mesma situação, mas não conseguia imaginar Keith pulando e se afogando, era uma visão horrível demais.

— Você não pode fazer isso. — Começou a falar, levantando-se de seu peito para olhar para ele. — Se algo acontecer comigo você não pode morrer também. Eu sei como você se sente, eu também não aguentaria viver num mundo em que você não existisse, mas você não pode morrer. — Ela sabia que estava sendo egoísta ao pedir aquilo, egoísta demais, não era egoísta quando se tratava de Keith e sabia que essa escolha era dele, mas não conseguia imaginá-lo morto, não conseguia deixar ele falar essas coisas sem interferir.

Quando ele falou sobre o que aconteceria se fossem nobres, ele conseguiu arrancar uma risada de Amelie.

— Eu realmente odiaria usar aqueles vestidos, quando era criança, no orfanato, me faziam usar vestidos pra parecer mais apresentável às pessoas que vinham adotar as crianças, mas eu sempre rasgava o vestido na frente deles e saía xingando todo mundo, não é difícil imaginar o porquê de ninguém ter me adotado. — Ela riu, sempre havia sido assim, se perguntava de que lado havia puxado isso, mas afastou os pensamentos. — Viveríamos um amor impossível, parece uma boa história, mas no final eu sempre acabaria ao seu lado. É nosso destino estar juntos, Keith. —  Olhou em seus olhos enquanto falava isso, com um sorriso no rosto.

Entrelaçou os dedos no dele, onde seus anéis estavam.

— Até nossa morte, é nosso destino estar juntos. Eu soube disso desde que você disse que me amava também. — Olhou para os anéis, ainda sorrindo, estava mais sóbria agora. — Pra sempre. — E então o beijou, depois de tudo o que havia acontecido, só queria se envolver nos braços dele e esquecer do mundo.

Amelie se surpreendeu ao ouvir o que ele disse e ao beijá-la. Ele quase nunda tomava a iniciativa. Ela segurou seus cachos loiros com os dedos e se pôs acima dele, mas ele inverteu as posições e ela sorriu. No fundo gostava de ser dominada. Segurou sua cintura enquanto eles se beijavam, chegando mais perto de onde ambas as partes íntimas estavam, Ela não se importava, quase havia morrido hoje, e alguma coisa havia se deslocado em sua cabeça fazendo com que ela não se importasse com mais nada.

Ela começou a se despir enquando se beijavam, tirando a blusa preta e a calça, já que não tinha mais seu sobretudo.

— O que eu disse no bar era verdade, eu quero te foder como nunca fodi ninguém na vida.. — E avançou para seu pescoço, nesse ponto ela sabia seus pontos fracos, ela sabia onde investir pra fazer ele perder completamente a razão. Começou a beijá-lo com toda força que tinha puxando seus cabelos loiros.

Amelie envolveu seu corpo em suas pernas onde ele não conseguiria fugir, apertou seu quadril contra o dela e soltou uma risada enquanto o beijava.

— Toda luta no Blackmore é uma luta por nossa vida, e eu quero você até meu último suspiro.. — Ela ofegou em seu ouvido antes de beijá-lo novamente. Entre toques e beijos ela estava completamente despida, ofegando, molhada de suor.

Começou a beijar seu pescoço antes que ele disesse qualquer coisa que pudesse arruinar aquele momento. Ela o conhecia bem, bem até mais, então tentou distraí-lo enquanto beijava seu pescoço. Não era uma manipuladora, era honesta, nunca mentiria para ele, mas sabia de seus pontos fracos até que ele rejeitasse. Desceu a mão até sua calça e ouviu um gemido enquanto ela ainda o beijava.

— Você me quer, eu te quero, podemos morrer amanhã, você pode fazer o que quiser comigo..

Não se importava com o que ele fosse fazer, até gostaria que ele fosse mais agressivo, mas conhecia seu Keith, ele nunca faria nada que pudesse machucá-la, mas naquele momento ela havia se entregado inteiramente a ele e não iria resistir.

Amelie  se surpreendeu se surpreendeu quando ele não recusou suas investidas, mas ao contrário, retribuiu. Ela esperava que ele fosse recusá-la por estar fraca ou incapaz depois de tudo que aconteceu naquela noite, mas foi exatamente o contrário. Ele parecia determidado a alguma coisa que ela ainda não conseguia entender, mas quando ele a colocou na bancada de madeira e sussurrou aquelas palavras, el apenas sorriu, um sorrriso genpuíno, tinha orgulho do que seu homem havia se tornado.

— Então me foda como se fôssemos morrer amanhã;. — Ela respondeu ao ouvi-lo, grudando seus lábios juntos novamente.

Honesta,emte. ela nunca imaginaria que teria esse tipo de afeto ou cuidado, principalmente em um navio pirata. Estava convencida de que estava destinada a morrer sozinha, mas parecia que o destino tinha outros planos.

Ela enfiava as mãos em seu cabelo enquanto sentia cada investida, suas unhas mais fortes em suas costas, suas pernas mais firmes em seu quadril, tudo o que conseguia era se render ao momento e deixar os sons saírem de sua boca, ela estava tão suada que sua mão escapou quando tentou se segurar na bancada, então se segurou em Keith, não que não estivesse fazendo isso antes, mas agora estava completamente rendida em seus braços.
Beijando seu pescoço e cada parte que encontrava, era como se houvesse encontrado o melhor jantar de toda a sua vida. O arranhava, o beijava, o mordia, mas parecia que nada daquilo conseguia tirar sua concentação. Tudo o que ela tentava era fútil contra sua pópria vontade, então ela se deixou ser dominada por ele, ser usada, isso trazia ainda mais prazer do que dominá-lo, vê-lo forte e ambicioso, ambos olhando em seus olhos azuis, só fazia ela se sentir mais quente.

— Eu sou sua, completamente sua. — Ela ofegou antes de sentir outra investida dentro de seu ventre, se derreteu completamente em seus braços, concecnando um ao outro como se não houvesse fim entre os dois. Puxou-o mais próximo dela com suas pernas, sentindo o que isso fazia dentro de si, ela apenas gemeu alto e continuou, puxando seu cabelo,fazendo-o ficar mais perto possível com suas pernas, conseguia sentir tudo dentro de si até que num grito, não um gemido, mas um grito, ela finalmente teve um orgasmo.

— Sua vez..

Ela sabia que Keith era sempre silencioso e quieto, mas ela acreditava que ele era assim por medo, então apenas sussurrou em seu ouvido, competa,emte tpmada pelo suor e pelo que sentia, estava pronta para sentf outra vez.

— Não seja silencioso, isso é uma ordem, eu quero sentir você derreter dentro de mim, não se importe em tirar ou com mias nada,, apenas foque em mim.

E era realmente o que ela queria. Continuou o puxando e o prendendo até que ele finalmente se rendesse, mas nesse ponto ele era mais forte do que ela imaginava.