(RP FECHADA) De volta ao lar

Assim que chegou em casa, Amelie tirou o chapéu e enquanto ele fazia o chá, ela foi até a banheira, tomando um banho rápido para limpar o sangue a sujeira da batalha. A água estava fria, pois era inverno, então não demorou muito, ela não molhou os cabelos porque isto só iria piorar a situação. Quando lavou o rosto, teve que lavar seu nariz também, o que a fez grunhir de dor. Ela levantou-se, se enxugou e se vestiu rápido o suficiente para estar de volta na cama quando ele terminou o chá.

Quando Keith retornou, ele trazia consigo um chá quente na mão, ela não acreditava que teria que beber aquilo. Seu olhar foi de encontro ao objeto enquanto ele se aproximava. Era estranho ser tratada daquele jeito, ninguém nunca cuidou dela, ela sempre cuidou de si mesma, mesmo em seus piores momentos. Flint sempre estava ocupado com alguma coisa e ela aprendeu a se virar sozinha, mas ter alguém cuidando dela daquela forma, cheio de amor e preocupação, fez seu coração esquentar. Olhou para ele como se ele fosse a coisa mais preciosa do universo e sorriu.

— Obrigada, amor. — Quis beijá-lo, mas sabia que não podia agora, não por seu nariz quebrado, mas pelo que ele carregava nas mãos.

Ao ouvir o que ele disse, e sentir o cheiro do chá fez uma careta. Estava disposta a ser teimosa novamente e negar, mas não queria parar de beber. Então pegou o copo em sua mão e olhou para o conteúdo com desgosto. Já tinha passado por coisas piores do que tomar um chá ruim.

— Não acredito que eu vou ter que beber essa merda.

Não queria ofendê-lo com aquelas palavras, pois sabia que ele havia feito aquilo para ela, então ignorando seu aviso de não se queimar, engoliu tudo de uma vez só. Deveria ter ouvido, porque agora sentia como se sua boca inteira estivesse queimada. Fez uma careta e grunhiu de dor, devolvendo o copo a ele. Demorou um pouco até conseguir falar novamente.

— Isso foi horrível e eu deveria ter te ouvido, mas fui teimosa outra vez. Eu não quero parar de beber.

De fato, Amelie era uma álcoolica crônica, não conseguia ficar longe de álcool por muito tempo ou começava a ficar rabugenta e sem paciência, não sabia se fez aquilo pela bebida, mas sabia que tinha feito aquilo por Keith, porque queria ficar bem, porque ele se importava, pela primeira vez alguém realmente se importava com ela e o sentimento era recíproco. Olhou para ele novamente, com a boca ainda ardendo.

— Pronto, meu estômago vai ficar bem. — Disse isso olhando em seus grandes olhos azuis. Seu coração acelerava todas as vezes que o fazia, isso nunca iria mudar. Era algo que nunca havia sentido antes e ainda estava se acostumando, apesar de terem passado tanto tempo juntos. Ele era a única coisa que fazia Amelie se derreter completamente, sua única fraqueza, a única pessoa pela qual ela faria de tudo e iria contra o mundo para manter segura. Mais ainda que Flint, embora ele fosse como um pai para ela. Era um sentimento diferente, o que sentia pelos dois. Flint era como seu pai, mas Keith era seu universo inteiro.

Amelie o observou sair para a sala de banho e deitou-se na cama, seu nariz ainda doía muito, mas ela tentava esconder a dor. Era boa nisso. Olhou para o teto de madeira enquanto ele se limpava, imaginando estrelas, o navio, o mar, o som do oceano. Fechou os olhos imaginando, quase pôde sentir o cheiro do mar.

Ouviu Keith retornando, agora vestido, ele estava lindo usando aquelas roupas. Ela sorriu para ele, agora de olhos abertos e o deixou deitar na cama ao seu lado. O toque em sua barriga fez seu corpo estremecer levemente. O desejava com todas as suas forças, mas não sabia se era recíproco.

— Flint quer atacar um navio carregando mercadorias e Kham na próxima semana. Talvez não esteja chovendo tanto. — Tentou esconder o que sentia, mas sua voz a denunciava.

Então ouviu o que ele falou e sorriu mais ainda. Virou-se para ele passando a mão em seu rosto, sem se importar com as dores que sentia ou o desconforto em seu estômago.

— Ainda vamos precisar de você com as papeladas, mas eu tenho certeza que você vai se tornar um ótimo lutador, meu amor. Da próxima vez vou deixar você lutar com outra pessoa, já que teve tanto medo de me machucar.

Olhava profundamente em seus olhos, era como se pudesse ver através deles. Amelie geralmente conseguia, mas Keith sempre a surpreendia.

Então se aproximou lentamente de seu rosto e começou a beijar cada parte dele, não deixando nenhum pedacinho de fora. Quando chegou em seus lábios começou a beijá-lo, de início lentamente, se desfazendo apenas para morder seu lábio inferior com um pouco de força.

— O que você fez no navio hoje... Ver você lutando, sua coragem... — Disse enquanto descia até seu pescoço, ignorando a dor em seu nariz. Algo mais queimava dentro dela além de seu estômago ou sua língua. — Foi incrível. — Ela sussurrou em seu pescoço, voltando a beijá-lo agora mais ferozmente. Rapidamente se colocou em cima dele, sentando em seu colo, não desgrudando seus lábios de seu pescoço, o que provavelmente deixaria marcas, descendo a mão por seu abdomen. Ela o empurrou na cama com força, beijando-o apaixonadamente como se o mundo dependesse disso. — Eu quero cavalgar em você como um touro. — Sussurrou mordendo seu lábio novamente, dessa vez sentindo que havia machucado de verdade, pois agora seu lábio sangrava. Não sabia se ele compartilhava do mesmo desejo, então parou, olhando para ele, com os rostos muito próximos um do outro.

Amelie não parecia ouvir o que ele falava, mas ouvia, o que a deixou um pouco zangada, ainda assim continuou, ignorou completamente o que ele disse, voltando a beijar seu pescoço, subindo até seu ouvido, deslizando a mão mais ainda por seu torso até encontrar seu quadril.

— Eu tenho alta tolerância pra dor. — Sussurrou com a voz macia, esperando que isso o fizesse mudar de ideia.

Voltou a beijar seu rosto até encontrar seus lábios novamente para fazê-lo calar a boca. Deixou suas línguas dançarem numa sintonia, era quase como se fossem feitas para se encaixar. Seus lábios desceram até seu queixo e depois seu pescoço novamente.

— Eu não quero distrações, eu quero você. — Sussurrou novamente em seu pescoço, agora puxando sua camisa, esperando que ele a retirasse. Suas mãos encontraram a parte de seu torso que havia deixado despido e ela deslizou lentamente até sua parte de baixo, tocando sua parte inferior.

— E você também me quer, então por que hesitar...

Beijou-o novamente colocando uma de suas mãos, agora fortes, em um de seus seios, fazendo-o pressionar.

— Eu sei que você também me quer, amor...

Falou entre o beijo e o toque em sua parte inferior, tentando convencê-lo. Sua mão pressionou com mais força enquanto ela o beijava.

Então se afastou, sentando em seu colo e retirando sua camisola, expondo seu corpo. Se nada o convencesse talvez aquilo o convenceria. Voltou a beijá-lo, a dor em seu nariz agora quase completamente dormente pelo que sentia. Ela sabia que ele não queria machucá-la e era por isso que estava negando, mas ela já estava machucada e não se importava.

— Eu te amo... — Disse enquanto trazia sua mão até seu corpo novamente. — Você me ama... — Sussurrou enquanto beijava seu pescoço e movia o quadril em seu colo. — E você não vai me machucar. — Sussurrou novamente, com a voz mais doce que conseguiu, deixando um rastro de respiração quente em seu pescoço.

Ela sorriu convencida quando percebeu que ele estava cedendo. Continuou beijando seu pescoço enquanto tirava suas calças e finalmente conseguiu o que queria. Ela não era silenciosa, provavelmente os vizinhos conseguiam ouvir seu gemido enquanto começava o processo, dessa vez era diferente, porque ela estava em tanto êxtase que ele não precisaria fazer o que fez da outra vez para fazê-la sentir o que ela havia sentido da outra vez. Fechou os olhos enquanto seu corpo se movia junto ao dele, era como se os dois dançassem juntos em uma sintonia que nem eles conseguiam explicar, era como se todo o mundo se dissolvesse e houvesse apenas eles dois, naqueles movimentos, naquela dança, voltou a beijá-lo enquanto seus quadris se moviam.

— Eu quero que você me sufoque como fez no convés. — Ela disse ofegante, levando as mãos de Keith ao seu pescoço. Havia descoberto que gostava daquilo, ele fez sem hesitar pois ele fazia tudo o que ela pedia naquele momento.

Seus gemidos aumentaram quando ele o fez, como se ela houvesse descoberto algo novo sobre si, ela gostava mais do que deveria quando ele fazia aquilo. Então aumentou o ritmo sem perceber, mas percebeu que ele estava gostando demais daquilo, pois ele levou as mãos até seu quadril em resposta, fazendo-a diminuir o ritmo, ainda assim, sentindo seu corpo dentro dela, ela não conseguia evitar os sons que saíam de sua boca, agora ela não sentia mais o queimor do chá ou seu nariz doendo, apenas o que estava acontecendo entre os dois.

Levou as mãos até o pescoço de Keith, agora o sufocando, mas não tapando sua passagem de ar. Descobriu que também gostava daquilo, não percebeu quando aumentou o ritmo novamente até que ele pressionou seu quadril de novo, a fazendo diminuir. Ela olhou em seus olhos enquanto o sufocava e o beijou, um beijo intenso e apaixonado. Foi quando começou a sentir aquela sensação maravilhosa novamente, se tornava mais intensa cada vez que ela se movia sobre seu corpo. Era ainda melhor do que da outra vez, ela fechou os olhos largando seu pescoço e se apoiou em seu torso. Conseguia sentir de maneira mais intensa o que estava dentro dela, até que de repente ela sentiu aquela sensação de novo, agora mais intensa do que da outra vez. Puro êxtase, se contorceu em prazer enquanto aumentava o ritmo, sentindo cada centímetro dentro de si, não conseguiu segurar o som que saiu dos seus lábios quando aconteceu.

Provavelmente os vizinhos teriam reclamações a fazer à dona da estalagem, mas naquele momento ela não se importava. Estava completamente absolvida pelo que sentia. Até que foi diminuindo gradativamente, mas ela não parou, sentindo as mãos de Keith apertarem seu quadril com mais força. Diminuiu o ritmo e levou os lábios até o pescoço do homem que amava novamente, ouvindo seus próprios sons de prazer.

— Eu te amo, Keith Mildenhall. — Sussurrou em seu pescoço, voltando a beijá-lo e chupá-lo com mais força. Esperava que não deixasse tantas marcas, embora não fosse tão importante porque afinal, ambos eram casados e usavam roupas piratas o tempo inteiro que não estavam ali, em seu próprio mundo particular.

Não houve necessidade de falar mais nada, ambos estavam em uma dança que parecia frenética, como um frenesi, agarrados um ao outro como um corpo só.

Amelie continuava, quando ouviu suas palavras. Merda. Ela não havia se preparado para aquilo, então saiu de cima dele quase num pulo e o observou até que ele acabasse. Ele era lindo, ela não podia negar para si mesma que ele era lindo, todas as partes dele, principalmente naquele momento com o rosto ruborizado e quase completamente vermelho, era lindo. Ele ainda estava deitado, mas ela estava encostada na parede tentando recuperar seu fôlego. Deitou ao lado dele, virando-se para ele e acariciou seu rosto.

— Eu também te amo. — Ela disse ofegante, levando as mãos até seu cabelo e acariciando.

Era como se fosse um mundo particular apenas deles, como se nada lá fora existisse, passou os dedos delicadamente por seu rosto sorrindo.

— Você é tão lindo... Principalmente...

Não terminou a frase, sabia que ele iria entender. Sorria apaixonadamente olhando em seus olhos enquanto ele sorria de volta, sentindo suas carícias.

— Obrigada por isso. — Sussurrou deitando a cabeça em seu peito, sentindo o palpitar de seu coração que ainda estava acelerado. Era reconfortante ouvir seu coração, como a mais bela melodia que ela já tinha ouvido. Fechou os olhos embora não estivesse com sono, seu coração também batia muito rápido em seu peito e sua respiração estava acelerada. O abraçou com um dos braços, envolvendo seu torso. O som da lareira esquentando o ambiente fazia o clima ficar ainda mais aconchegante, não havia chuva lá fora, embora ela sentisse que iria chover em breve. Naquele momento não se importava com o que acontecia em lugar nenhum, apenas com eles.

Amelie levantou a cabeça para olhá-lo e revirou os olhos quando ouviu o que ele falou. Estava com raiva, não dele, nunca poderia ter raiva dele, mas da situação. Se aproximou mais de seu rosto e murmurou em seu ouvido.

— Então eu vou ter que me esforçar mais da próxima vez. — Disse num tom amoroso, mas que continha raiva. Não podia evitar, era temperamental demais para conseguir esconder sua raiva. Voltou a deitar a cabeça em seu peito como se nada tivesse acontecido, mas conseguia sentir seu peito queimar de raiva. Como assim se controlar mais da próxima vez? Bufou, visivelmente irritada.  

Fez um esforço para não responder de forma tão rude sua pergunta.

— Dói menos agora. Acho que vai voltar a doer mais gradativamente.

Tentou responder de maneira mais gentil, mas sua irritação era visível. Ela era boa em fingir, mas com Keith não conseguia esconder o que sentia, era como se estar perto dele derrubasse todas as suas defesas e paredes que ela lutou desde criança para construir, não que isso fosse algo ruim, porque não era, ela se sentia segura com ele, mas suas mudanças de temperamento e a forma que não conseguia se controlar a preocupava. E se ela não conseguisse se controlar e acabasse o machucando?

— Qualquer coisa que você faz é delicioso, amor. — Tentou quebrar o gelo que ela havia formado o chamando carinhosamente, mas sabia que sua raiva era perceptível.

Ainda estava com raiva, mesmo após ouvir o que ele disse, não conseguia não sentir raiva ou esconder a raiva que sentia. Era injusto e ela se sentia culpada, mas não conseguia controlar os próprios sentimentos, não era tão fácil assim com Amelie. Quando ela sentia alguma coisa, principalmente raiva, ela simplesmente explodia, mas não conseguia explodir com Keith, não conseguia sentir raiva dele.

— Sim, eu tô com raiva. — Tentou dizer isso de uma forma gentil, mas não conseguiu, mesmo com ele mexendo no seu cabelo. — Eu sou temperamental demais, quando tô com raiva não consigo esconder ou controlar minhas próprias ações. Já me meti em muita confusão por causa disso, principalmente em bares, já espanquei muita gente, já quebrei várias mesas de bares, já quase fui pega e uma vez fui, quando eu sinto raiva, é como se fosse uma explosão dentro de mim que eu não consigo controlar, por isso coloquei a adaga em seu pescoço mais cedo, eu não conseguia me controlar, por isso estou com raiva agora, porque eu não consigo me controlar.

Seus olhos encheram de lágrimas em até mencionar isso, mas ela continuou mesmo assim.

— Às vezes eu penso que por isso não sou boa o suficiente pra você. Você não merece lidar com meus acessos de raiva ou a forma que eu lido com as coisas...

Não conseguiu continuar a linha de raciocínio, era demais para ela pensar em Keith com qualquer outra pessoa, mas precisava ser honesta com ele. Precisava falar o que sentia. Sua voz estava carregada de dor e raiva ao mesmo tempo.

— Espero que algum dia você me perdoe por ser assim, é mais do que eu, eu não consigo controlar, desculpe por ter colocado minha adaga em seu pescoço mais cedo, eu estava com muita raiva e eu sei que isso vai se repetir e você não merece isso. — A frase engasgou em sua garganta. Ela sabia que ele não merecia alguém como ela, desde o início ela sabia, se sentia culpada por tê-lo ameaçado mais cedo, por sentir raiva embora entendesse o que ele queria dizer, tudo nela agora era culpa.

Amelie não conseguia entender como ele era tão compreensível sobre ela, até mesmo Flint, que era seu pai, se cansava dos acessos de raiva que ela tinha. Ficou confusa, mais do que nunca. Sentir as mãos dele em seus cabelos ruivos fez ela fechar os olhos, mas não conseguia parar de pensar.

— Quando Flint está com raiva ou decidido a fazer alguma coisa, ele é como eu, ele não para até conseguir o que quer. — Ela enterrou a cabeça no peito de Keith novamente, se sentia segura ali, como nada pudesse os alcançar. —Mas é diferente, embora nossos cabelos ruivos e os olhos azuis digam o contrário. Eu não sei o que aconteceu com Flint, ou melhor, meu pai, até ele me encontrar, ele nunca me contou, acho que somos iguais nesse aspecto, de sermos fechados pra todo mundo. Eu consigo me fechar pra todo mundo menos pra você. 

Ela suspirou, um suspiro de derrota. Sabia que não importava o quanto lutasse contra, ela pertencia completamente a Keith.

— Eu nunca poderia te machucar, Keith Mildenhall, eu nunca poderia pôr uma mão sequer em você, eu só quero que saiba que eu não sei me controlar quando estou irritada ou com raiva, me perdoe por isso, eu tentei controlar desde os 15 anos, mas nunca deu certo, eu não sei me controlar a não ser com você, eu não consigo te machucar, eu não consigo dizer uma palavra sequer que possa te machucar, eu só consigo ser honesta, algo que eu não sou há muito tempo, mas com você é diferente, eu não me sinto intimidada, eu não me sinto com medo, eu me sinto segura, desculpa se eu não consigo te fazer sentir o mesmo .

Tentou evitar as lágrimas que caíam, mas ela era humana afinal, não conseguia controlar sequer sua raiva, imagine seus sentimentos.

— Desculpa. — Ela disse em um tom e uma versão não cordial, não era natural de Amelie ser cordial embora Keith fosse. Ela imaginava como deveria ser não ser uma vadia temperamental o tempo todo, mas isso era o que ela era e não conseguia mudar.

Amelie se sentiu confusa ouvindo suas palavras, não era algo que ela costuvama ouvir. Enterrou a cabeça em seu peito desnudo, o que a fez querer mais dele, mas precisava se controlar, não achava que era o momento pra trazer aquilo de novo. Não sabia como se sentir com o que ele disse, sabia que ela era forte e conseguia intimidar qualquer pessoa, mas era diferente com Keith, ela não queria que ele se sentisse intimidado ou assutado, embora ela fosse uma das melhores piratas do mar. O que tinha com ele era diferente. Ela ergueu a cabeça olhando em seus olhos azuis.

— Eu sempre vou te amar e te proteger, mesmo quando você nao reconhecer a si mesmo. — Falou sobre a transformação, olhando profundamente nos olhos do loiro. Ela não conseguiria viver sem ele e ele não conseguiria viver sem ela.

Apenas o beijou com toda força que tinha, envolvendo suas línguas em uma dança que nem eles podiam entender.

— Eu te amo Keith Mildenhall.

Sentiu que seu pai adotivo iria ficar furioso, mas eventualmente iria entender, se a felicidade de sua filha adotiva depensse de um impuro, ele iria entender. Ela enterrou a cabeça mais fundo em seu peito esperando que ele não sentisse nenhum desconforto com isso.

Amelie esperou, tentando ser paciente, algo que não era de seu costume, ela sempre era alterada e zangoza, mas dessa vez era Keith quem estava cozinhando então ela deu o tempo que ele precisava e esperou, olhando para o teto de madeira, pensando em várias coisas ao mesmo tempo, o que poderia fazer se o amor de sua vida estava preparando uma refeiçãp. Pensou nos dois, depois pensou em Flint, não sabia interpretá-lo ou saber se suas intenções com Keith no navio eram genuinas. Embora confiasse sua vida a Flint, pois ele a salvou e a tratava como filha, não conseguia imaginar o que aconteceria caso algo acontecesse com Keith. Ele sabia que ela era uma lutadora excepcional, mas sem seu marido ao seu lado, não conseguia imaginar uma vida, uma luta, iria apenas desistir e não queria falar isso para ele, pois iria apenas dificultar mais a situação. Quando ele trouxe a sopa, ela começou a ingeril-la como se fosse a última refeição que iria ter embora soubesse que não era; estava quente e ela podia sentir o queimor em sua boca, mas estava acostumada com a dor, então fazendo uma careta, apenas entregou o prato de volta sentindo sua garganta e sua boca queimar.

— Obrigada, amor, tudo o que você faz é delicioso. — Mas não conseguia esconder a dificuldade em falar. Tudo, desde sua boca até sua garganta e estômago doíam e ela não conseguia esconder aquilo, embora tentasse. Talvez houvesse bebido rápido demais, como sempre fazia, mas não queria que ele percebesse embora fosse tarde demais,

— Obrigada, amor, eu nunca poderia cozinhar, mas sua comida é pefeita.

Tentou evitar o rouco em sua voz pela queimação, mas não conseguiu. Olhou para ele como se ele fosse a única coisa que existia e o beijou lentamente, deixando a boca de Keith acalmar seu hálito que fervia.

— Você é a mais perfeita criatura que eu já vi.

Amelie odiava a forma que Keith se enxergava, fez uma cara de raiva ao ouvir seu comentário, mas tratou de respondê-lo mesmo assim.

— Você não tem defeitos, Keith, precisa tirar isso da sua cabeça. Eu sei que é difícil depois de uma vida inteira se odiando e odiando quem você é, mas olha pra você agora. É um homem forte, conseguiu vencer uma luta comigo, lutou contra homens em um ataque, ainda assim, voltamos pra casa e você me fez sentir algo maravilhoso e depois ainda conseguiu cozinhar. Se isso não é perfeição, eu não sei o que é. — Sua voz era séria e carregava raiva, queria dar um soco em sua cara por falar assim de si mesmo, mas não conseguia machucá-lo. A raiva que sentia era quase palpável.

Entretanto quando ele bagunçou seus cabelos, ela não conseguiu deixar de rir, voltando logo a expressão seria que tinha. Quando algo entrava em sua cabeça era muito difícil de tirar, ela era teimosa, temperamental e muito insistente e sempre conseguia o que queria no final, mesmo que saísse com um soco na mandíbula, no olho, um bar quebrado, mesmo que tivesse sido pega pelos vigilantes, isso nunca iria mudar. Continuou pensando no que ele disse, mas ele a tirou de seus pensamentos com a pergunta.

— Meu nariz ainda dói muito, meu estômago melhorou bastante e não sinto mais náusea.

Tentou ser gentil enquanto respondia, pois não queria não ser gentil com ele ou descontar sua raiva nele, era a última coisa que queria. Quando Amelie se perdia em seus pensamentos, dentro da sua própria cabeça, também era difícil tirá-la de lá, a frase de Keith sobre suas imperfeições continuou se repetindo em sua cabeça, mas foi arrancada desses pensamentos com a pergunta nem um pouco usual de Keith. Fez uma careta.

— Não! — Respondeu como se aquilo fosse uma resposta óbvia, ainda com a careta no rosto. Não sabia o que ele estava tramando, não conseguia se imaginar usando um vestido, quando nunca usou um. — Eu nunca usei um vestido, nem mesmo quando era criança, sempre usei calças, quando entrei pra tripulação, ficou ainda mais fácil pra mim por causa dos trajes que usamos; Eu nunca me imaginei usando um vestido, por que tá fazendo essa pergunta agora? — Continuava com a careta no rosto, não conseguia esconder o que sentia sobre a ideia de usar um vestido. Estava tentando ao máximo não ser rude com ele, mas sentiu que tudo o que falou foi rude. Ela nunca se importaria com ninguém como se importava com Keith, então o sentimento de culpa foi inevitável.

Amelie o ouviu e quase riu quando ele falou, mas sabia que ele estava sendo honesto em suas palavras. Ele nunca havia tido nenhuma experiência além de estar preso a uma pessoa que o humilhava, condenado eternamente a ser um impuro defeituoso, é claro que ele não saberia coisas sobre mulheres, ou sobre outras coisas em geral, teria que ensiná-lo.

— Tudo bem, amor. Eu não fiquei irritada com o vestido, é apenas algo surreal pra mim usar um vestido, eu não sou como outras mulheres, você sabe disso, mas se um dia você quiser me dar um vestido de presente, eu vou usá-lo apenas pra você, não vou sair na rua como uma mulher qualquer, não é quem eu sou. Você tem o total direito de me presentear com o que quiser. — Agora se sentia mais calma, se aproximou mais dele, acariciando seu rosto, esquecendo completamente que ainda estava despida.

— Você nunca é lerdo, não acho que percebeu isso ainda, mas eu vejo além do que você vê de si mesmo. Você é esperto demais, amor, tão esperto que às vezes me assusta como você consegue ser tão inteligente e aprender tão rápido. Não se desculpe por isso.

Ela estava completamente diferente agora, segurou sua mão, acariciando-a e enterrou a cabeça em seu pescoço.

— A coisa mais louca que eu já fiz foi me apaixonar e me casar com você. — Respondeu num tom mais sério, porque era verdade. — Mas também foi a melhor decisão que eu já tomei, Keith Mildenhall. Significa que estaremos juntos pra sempre e eu nunca imaginei ter alguém do meu lado, você foi a melhor pessoa pela qual eu poderia ter me apaixonado e devotado minha vida. — Sussurrou em seu pescoço agora o abraçando, sem se importar em estar nua. Eles tinham intimidade o suficiente para ela não se importar, se sentia segura com ele. O abraçou entrelaçando seus dedos. Ela sabia que não importa o que acontecesse no futuro, nada iria quebrar a conexão que eles tinham um com o outro.