[rp fechada] Chains of Fate

A porta foi fechada suavemente. Ele pareceu não ouvir ou simplesmente não se importar com isso. Estava sentado em sua cadeira de madeira, diante da janela fechada do seu aposento nos andares mais altos da Universidade Arcano. Lá fora, uma lua gigantesca cobria quase todo o contorno da janela.

Henry Norwood mantinha seus olhos verdes com lascas de dourado completamente vidrados na luz lunar. As mãos repousavam sob suas cochas cobertas por um tecido fino de linho de cor vinho, que à primeira vista, poderia parecer simplório, mas se observado de perto, revelava inúmeras linhas prateadas encrustadas por toda a calça. A pele pálida de seu peito desnudo refletia a luz da lua em cores azuladas, e todo o ambiente, que por si só parecia uma mórbida biblioteca abandonada, tomava um ar ainda mais sombrio quando iluminado apenas pela luz natural.

Ulva, sua irmã, acabara de sair do seu aposento. De tempos em tempos ela o visitava, o mantinha informado sobre acontecimentos locais ou em sua vida, e às vezes apenas tentava organizar um pouco mais da constante bagunça em seus aposentos. Não com muito sucesso, pois não parecia durar.

Henry apreciava suas visitas. Talvez ela fosse a última coisa que restou do seu sobrenome.

Levantou-se lentamente, apoiando-se na janela. Suas costas marcadas por cicatrizes fundas e protuberantes retesaram-se quando o arcanista agarrou seu cajado, tomando apoio nele. Suspirou suavemente, agarrando uma blusa de botões, de cor tão escura quanto o fundo do palco das estrelas. Cobriu-se com seu manto escuro, que, assim como a calça que agora desaparecia por baixo dos tecidos, à primeira vista poderia parecer apenas negro, mas pequenos filetes prateados marcavam toda sua extensão, com desenhos e padrões hipnotizantes. Seus ombros rapidamente desapareceram embaixo das penas de corvos que faziam de seu manto tão característico, e Henry começou sua longa caminhada até a sala de aula, que acabara de decidir que daria, pois estava com o humor um pouco melhor graças à visita da Ulva.

Quando abriu a porta, a luz da manhã invadiu seu quarto, interferindo na complexa conexão rúnica da noite na janela. Henry cobriu sua cabeça com seu capuz, e iniciou sua caminhada até a sala de aula, no segundo andar da Universidade.

Durante todo o caminho, manteve a cabeça baixa, e todos os corredores pelo qual passou tornaram-se friamente silenciosos a medida que o som do seu cajado contra a madeira começava a ser ouvido pelos alunos. Parte dessa reação era por medo, e parte, por admiração, e Henry reconhecia essa segunda parte com certo desgosto.

Finalmente parou, depois de algumas escadarias, e empurrou a porta da sala de aula sem qualquer ritual, entrando despreocupadamente nela. A sala já estava lotada, e pelo rosto dos alunos, eles estavam o esperando por bastante tempo.

Parou atrás da mesa de professor, e então, pela primeira vez desde que saiu do seu aposento, levantou o rosto e passou seu olhar por cada um dos alunos ali presentes.

— Suponho que tenham feito o teste do semestre passado. —  Henry falou calmamente, observando os alunos com olhar inquisitivo.

Houve um momento de silêncio, até que um jovem aluno resolveu arriscar, levantando-se diante de todos:

— Mestre, essa é a nossa primeira aula...

— Deveriam ter suposto que seria um requisito. — Henry virou-se em direção à saída, indo embora, deixando para trás uma turma extremamente confusa. Mas parou no último instante, antes de encostar na maçaneta, e pareceu pensar profundamente se poderia ou não tocar nela, quase como se fosse um perigo terrível. Então voltou a virar-se em direção à sala. — O que vocês procuram aqui?