[RP Fechada] House of Death

.House of Death

Impaciente, o loiro aguardou até que o dia se tornasse noite, para sair. Seu tutor havia lhe dado instruções claras para permanecer enclausurado e longe do sol, mesmo que fosse o fraco e nublado sol de Vollbrecth.

Jack não era dado a regras, mas por algum motivo decidiu escutar essa. Desde sua transformação, o que o jovem fazia durante podia se resumir em uma palavra: nada. O vampiro que havia lhe transformado raramente permanecia em casa, e quando este estava presente, usava apenas o jovem para satisfazer seus desejos carnais. Não que o recém-criado não gostasse, muito pelo contrário, mas sentia falta da companhia de alguém mais, quente, emocionalmente falando.

Após se vestir adequadamente (sempre evitando o branco, pois não conseguia evitar de sujar-se durante a alimentação), saiu apressado para a rua, ansiando pela liberdade. Abrindo a porta, sentiu o vento gelado que acompanhava a noite, e inalou profundamente. As centenas de aromas perderam-se no mar de sensações que Jack sentia. Como se palpável, o loiro sentia o cheiro da floresta ao norte, o aroma dos seus irmãos imortais, cada um com sua peculiaridade, mas, sobretudo, sentia o cheiro quente e pulsante de humanos.

O filho das trevas não era capaz de descrever o quão sublime era o cheiro do liquido vermelho que corria nas veias das criaturas frágeis. Era como se aquilo pudesse turvar qualquer pensamento que o loiro tivesse, e assumir o controle de seu corpo, guiando-o em uma rota direta para o homicídio.

“Resista”, pensou, ainda parado na soleira da porta. Seus membros estavam rígidos, e não era pelo calor. Desde que foi transformado, qualquer aroma, mesmo que longe, era capaz de transformar o menor em um animal. Não era aquilo que Jack queria. O jovem queria ir explorar a cidade, quem sabe conhecer pessoas novas. Mas a parte animal conflitava-se com a parte humana restante. Trincando a mandíbula, o menino deu as costas para o cheiro que lhe seduzia, e fugiu apressado contra o vento.

Com a pressa lhe cegando, não percebeu que havia alguém em seu caminho. Não era comum que um vampiro fosse desastrado, mas com Jack, bem, digamos que a transformação apenas acentuou essa habilidade.

— Mi lady, é, eu, hum, me perdoe, eu... Hã...

Se fosse possível que o loiro corasse, com certeza teria feito.

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.House of Death

Após o breve momento de confusão, a sanidade voltou brevemente até o loiro. Viu que havia esbarrado em uma lady não mais velha que ele, talvez até mais jovem que o próprio. Seus cabelos foram loiros um dia, mas agora eram como a lua: brancos e brilhantes. Matinha a íris vermelha, como era característico da espécie, mas não era a tonalidade que chamava a atenção. A garota parecia ostentar uma superioridade e sabedoria, como Jack nunca havia visto antes.

Involuntariamente, sentiu uma pressão um pouco abaixo da cintura.

A voz da imortal soou doce e reconfortante para o menino, que havia reconquistado grande parte da sua sobriedade humana. Mas o arder em sua garganta o queimava como brasa. Tomando postura, ignorou tal sentimento. Estufou o peito e endireitou a coluna, ficando mais alto que a moça.

— Estou — pigarreando alto, evitando respirar, já que era desnecessário mesmo — ótimo, mi Lady, obrigado. Me perdoe novamente por agir como um cão estabanado.

Disse em tom cortes e educado. Tomou a mão da moça com delicadeza, e inclinou-se para prestar as reverencias apropriadas. Levou a mão da moça para um beijo, como era de costume, e por curiosidade, inalou a pela da moça discretamente. A mesma cheirava a lavanda e vinho suave, com toques de hibisco e mel. Mas esse não era o único aroma que o jovem sentiu. Sobrepondo-se a tudo no ambiente, o cheiro do precioso liquido humano estava presente na mão da vampira, que provavelmente havia se alimentado a pouco.

A cortesia havia sido devorada pelo lado animal do menino novamente, que se afastou com violência da mulher, chocando-se contra a parede de tijolos atrás de si, destruindo vários com o impacto. Tudo aquilo que havia sido varrido a pouco pelo encontro havia retornado como uma enxurrada violenta. Fechou os punhos e os olhos, tentando retomar o controle. Seu rosto contorcido em uma careta de dor.

“Resista, seu fraco” pensou novamente, mas sua visão estava turva de vermelho, anestesiada pela sede de sangue. Olhou para a moça e sussurrou:

—Se afaste mi lady, por favor...

Susurrou enquanto se afastava para a floresta.

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