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RP - Alone at Sea.

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Mensagem por Amelie Mildenhall Qui Ago 25, 2022 7:44 pm


alone at sea

Outono // nevoeiro // tarde // Arethian

Esta RP se passa entre AMELIE MILDENHALL & IVAN (NPC), e é sobre quando Amelie volta para Vollbrecht com a intenção de matá-lo.

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Amelie Mildenhall
. :
RP - Alone at Sea. JkfKF6F
Religião :
Ateísta

Sexualidade do char :
Pansexual

Ocupação :
Pirata

Amelie Mildenhall
Vampir

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RP - Alone at Sea. Empty Re: RP - Alone at Sea.

Mensagem por Amelie Mildenhall Qui Ago 25, 2022 7:58 pm

since you're so convinced that i'm yours, i will be it

"We're all monsters to someone"

Aquela já não parecia mais sua casa, o lar amoroso e gentil que dividiu com Keith durante anos, se sentia uma estranha em seu próprio reino, seu próprio lar, sua própria família. As pessoas que conhecia, que eram tão queridas e que conhecia por tanto tempo já não pareciam mais as mesmas. Tudo mudou após sua "morte", não se reconhecia mais, não sabia mais quem era, tudo o que foi um dia parecia um passado distante, memórias de alguém que não era ela, como se houvesse as roubado para si. Todo o amor que sentia, especialmente por seu marido, ainda existia, ainda era forte demais para conseguir descrever, especialmente após sua transformação, porém, ao mesmo tempo, parecia um sentimento alienígena, pois não sentia que lhe pertencesse mais. Se sentia perdida, à deriva em um mar escuro, frio e silencioso, sem saber para onde ir, o que fazer, como encontrar seu propósito novamente. Antes possuía um propósito: sobreviver até o próximo dia, viver ao lado de Keith e sua tripulação o máximo que conseguisse, um dia após o outro; mas quando a eternidade lhe foi apresentada, tudo perdeu sentido. Não havia mais a necessidade de sobreviver até o dia seguinte, pois não morria. Não se sentia digna de continuar ao lado das pessoas que amava, pois agora era uma ameaça a todos à sua volta. O que fez com sua própria tripulação foi uma prova disto, a prova necessária de que agora nada mais era do que um monstro insaciável. Como poderia olhar nos olhos de Keith ou Flint da mesma maneira que outrora fazia, agora que seus olhos cianos eram de um escarlate aterrorizante? Como poderia se perdoar depois de ter se tornado o que mais abominava, depois de tudo o que fez no Atlas? Como poderia viver em um lugar onde a luz do sol que entrava pelas frestas causavam um pânico instintivo a qual não podia evitar? Iria se isolar durante os meses de sol para não ser queimada até virar cinzas? Não poderia mais levar Keith ao seu lugar preferido, aquele na área rural de Terus onde os campos de lavanda cantavam uma canção de paz, parecia uma memória tão distante e dolorosa que lhe trazia uma agonia imensurável quando se recordava. Sentia que não poderia mais tocá-lo, agora era fria como um cadáver, com veias acinzentadas pela pele morta de mármore, seu próprio toque poderia lhe trazer repulsa. Tinha medo e completa certeza de que Keith não amava mais o que ela havia se tornado, embora ele sempre estivesse ao seu lado, com frequência pensava que talvez ele ainda estivesse ali por culpa, pois ele foi responsável por aquilo. Talvez houvesse se arrependido do que fez, pois agora restava pouco do que Amelie um dia fora e a morte lhe parecia um destino muito mais gentil do que o que ele lhe deu. Seu pai parecia a tratar da mesma maneira, ainda estava ao seu lado, mas parecia que sentia pena de sua situação atual. Era como se todos que ainda permaneceram em sua pós vida não estivessem ali porque amavam o que ela era agora, mas por pena de deixá-la sozinha; ao menos era assim que pensava.
Não precisava dormir, entretanto, mesmo que precisasse, se negava a dividir a mesma cama que Keith. O observava dormir com frequência, cuidava de suas feridas enquanto ele ainda se recuperava, mas hesitava de maneira anormal a tocar sua pele com seus dedos frios quando o fazia. Percebia que outras coisas mudaram também; a primeira vez que notou estas mudanças foi quando Keith deixou um itinerário na mesa de canto ao lado da cama, assim que cravou os olhos vermelhos nas páginas, algumas palavras e números começaram a fazer sentido em sua mente, como um quebra-cabeça. Em seguida, se via na mesa de jantar, com um papel em mãos e um lápis de carvão, desenhando formas irreconhecíveis. Era como se houvesse absorvido habilidades que não possuía antes, que pareciam mundanas, que nunca teve interesse em aprender. Era como se agora não precisasse, pois elas vinham para si de maneira natural. Até mesmo roubou um livro da cabine de Flint para tentar ler e confirmar suas suspeitas, algumas coisas faziam sentido, frases e cenas perdidas, outras não entendia ainda, então eram como símbolos distintos que não faziam sentido em sua mente. Porém, existia aquela necessidade de expressar alguma coisa em papel, então durante a noite, enquanto Keith e Tristan dormiam, ela passava horas criando formas em papel, tentando trazer algo compreensível aos desenhos, chegou em um ponto onde folhas e mais folhas se acumulavam no chão, na mesa, na cabeceira, em todos os lugares possíveis, criando uma bagunça desconfortável.
O sol não havia nascido ainda, porém isto não a preocupava já que era outono e a capital era coberta por nuvens espessas de chuva e o frio se fazia presente. Embora a escuridão tomasse conta de quase todos os cômodos da estalagem, Amelie conseguia ver tudo nitidamente, como se fosse dia. O carvão, agora quase acabando por completo, que logo iria para o mesmo destino dos outros, que também acabaram, desenhavam uma forma freneticamente no papel, algo que saía de sua mente febril, havia passado mais uma noite desperta tentando dar forma àquele desenho que se repetia todas as vezes que havia tentado. Foi quando ouviu um coração batendo mais rápido, reconheceu que Keith havia acordado, pois seus batimentos não eram mais serenos. Suas mãos pararam de desenhar, com a rapidez inumana que antes dançava sobre o papel, seu corpo paralisou, seu rosto enrijeceu como uma estátua enquanto o ouvia levantar e sair da cama, enquanto o ouvia se aproximar. Havia se passado um bom tempo desde que havia começado a acumular aqueles papéis com desenhos sem forma, então talvez ele já houvesse se acostumado com a bagunça que muitas vezes ela esquecia de organizar. Quando sentiu que ele estava mais próximo, Amelie abaixou a cabeça para olhar o desenho que estava fazendo há dois dias, desta vez havia conseguido lhe dar forma, depois de várias tentativas involuntárias e quando o impuro parou à sua frente, ela percebeu que era a mesma figura que estava tentando desenhar há meses. Não estava perfeito ou completamente nítido, mas era ele, seus olhos melancólicos, o rosto angelical, os cabelos loiros e ondulados bagunçados, uma expressão triste. Deixou o carvão cair na mesa, seus dedos sujos de preto, os passou delicadamente pelo papel e o desenho que havia feito e em seguida levou os olhos até Keith novamente, mas não disse nada. Apenas levantou-se da cadeira de madeira, deixando a ilustração ali e levantou-se, se afastando.
Havia se fechado de tudo e de todos completamente, quase como da vez em que o destino a amaldiçoou com os abusos que sofreu naquela cela de pedra, há muito tempo atrás. Desta vez seus motivos eram diferentes. Poderia não ser inteligente em alguns aspectos, mas não era estúpida, a cada dia que passava sentia a conexão com Ivan crescendo de maneira exponencial, de forma que não conseguia controlar, às vezes sentia uma necessidade impulsiva de vê-lo novamente, embora todas as células mortas em seu corpo gritassem por sua repulsa ao vampiro. Percebeu também que as habilidades que ele possuía, como ler, escrever, pintar e tocar piano, estavam sendo absorvidas por ela, como uma conexão inquebrável de criatura e criador que não conseguia evitar.
Tudo isto culminava para um destino trágico; a rejeição, a sensação de não pertencer ali, os pensamentos intrusivos que lhe diziam que não era mais amada por ter se tornado um monstro repulsivo, a necessidade maior do que si mesma de quebrar aquela conexão que possuía com seu criador... Amelie não queria partir, nunca quis partir, havia feito uma promessa de que nunca iria abandoná-los, mas não podia evitar o que sentia, nada do que sentia era bom agora. Então numa noite que havia passado acordada novamente, embora agora o peso de não hibernar lhe tornasse mais fraca do que deveria, organizou todos os papéis que havia despejado pelos cômodos, guardando todos de maneira delicada dentro de uma gaveta, deixando apenas o resultado final na mesa de jantar. Queria levar consigo, mas não podia.
Pegou uma folha de papel novamente, pela última vez e escreveu de maneira desengonçada uma única frase: "Não me procure".  
Planejava voltar? Não sabia. Queria voltar para Terus no futuro? Sim, cada parte de si chorava em agonia por não reconhecer mais o lugar a qual outrora pertencera, queria sentir aquela sensação novamente de estar em casa, de navegar, de estar ao lado das pessoas que amava, de amar Keith, mas sua mente estava tão conturbada que não tinha certeza que se iria voltar algum dia. Então mesmo que voltasse, não queria que Keith se colocasse em perigo a seguindo até Vollbrecht sozinho, mesmo que aquilo fosse quebrar seu coração em milhares de pedaços, ao menos ele estaria vivo em algum lugar, mesmo que ela estivesse longe.

Fez uma mala pequena, apenas com alguns pertences e roupas, pois se negaria a usar vestidos novamente, deixou seu chapéu sobre a mesa também, um simbolismo de uma vida que estava deixando para trás e a parte mais difícil, que fez seus glóbulos oculares se tornarem vermelhos e lágrimas escarlates despencarem por sua face pálida, foi quando retirou seu anel e deixou igualmente sobre a mesa. Parecia algo de um passado tão distante, o dia em que aquele anel foi colocado em seu dedo, a felicidade, conseguia lembrar-se nitidamente da sensação de achar que iria morrer de alegria, com o coração explodindo em seu peito. Agora eram memórias amargas, eram distantes, de alguém que ela não era mais, ou assim pensava.
Abriu a porta de entrada e olhou para o quarto de estalagem uma última vez, ouviu o coração tranquilo de um Keith adormecido uma última vez. Fechou os olhos com força, sentindo mais lágrimas geladas descerem por seu rosto e saiu, fechando a porta, colocando sua chave por baixo, não via sentido em levá-la consigo.

O caminho até a estação de trem foi doloroso, o vento gélido bagunçava seus cabelos e embora não fosse mais afetada pelo clima, sentia algo gelado, horrível e extremamente doloroso por todo o seu corpo. Com seus sentimentos e sentidos aguçados, era a pior dor que havia sentido em toda a sua vida. Não conseguiu parar de soluçar por todo o caminho, nem mesmo quando chegou à estação, de modo que estava chorando todo o sangue que havia consumido, fazendo sua aparência se tornar medonha, com o rosto ainda mais pálido, veias azuladas embaixo dos olhos, olheiras escuras, os olhos vermelhos agora apagados, os lábios sem cor alguma, a face mais magra, a visão turva. Observou enquanto os escravos eram colocados nos vagões traseiros, viu alguns vampiros que assim como ela estavam indo para Vollbrecht naquela mesma viagem, mas sua mente estava tão desfocada da realidade pela dor que sentia que não conseguia dar atenção às coisas à sua volta. Pensava o tempo inteiro em desistir daquela ideia impulsiva e voltar para a estalagem, envolver Keith em seus braços mesmo com o medo da rejeição de seu toque e pedir perdão por sequer ter tentado, mas estava em guerra contra sua própria mente. Seu coração estava dividido pela dor, pelo medo. Amelie nunca sentiu medo, já havia visto e feito coisas que fariam qualquer pessoa perder a sanidade, mas agora sentia um medo que a corroía. Um medo de não pertencer a lugar nenhum, de perder tudo o que teve, de não ser mais amada, de vagar sozinha por toda a eternidade, condenada àquele destino que sequer escolheu.
Até que sentiu alguém se aproximar, não havia ouvido seus batimentos cardíacos, então assumiu que era alguém como ela. A menina a tirou de seus devaneios, aparentava ter 15 anos, mas seus olhos contavam uma história de séculos, seus cabelos que já ficavam acinzentados denunciavam sua experiência também. Ela parecia compadecida, sentou-se ao lado de Amelie, vestia roupas caras e bufantes, num tom de creme apagado e elegante, levava duas malas de couro e o cabelo loiro caía por suas costas como uma cascata, mais longos que os de Amelie agora.

— Tenho uma garrafa de sangue para a viagem, porém não me importaria em dividir com você. Não irá aguentar a viagem se não se alimentar.

De que adianta se vou chorar tudo o que consumir novamente? —  Sua aparência estava realmente horrível agora, a vampira tirou um lenço vermelho feito de seda de seu bolso e entregou à ruiva, com um sorriso gentil no rosto.

— Ao menos não vai sair atacando ninguém por aqui, você é muito jovem, é perceptível, seu controle não é confiável, seria horrível ser expulsa do trem no meio da viagem porque você matou cinco escravos. — Amelie apenas abaixou a cabeça, pegando o lenço sem muita delicadeza e começando a limpar o rosto enquanto a outra falava. — Mas não é apenas isto, é? Não se chora desta maneira sem motivo.

Por que eu deveria te dizer meus motivos? — Desta vez ela olhou a outra com um olhar de poucos amigos, fuzilante, pegando a garrafa de sangue que a mesma lhe oferecia, após ter tirado de sua mala.

— Não deve. Só acho que está deixando algo que você ama muito para trás, aconteceu o mesmo comigo, também tive que abandonar minha antiga vida, então eu compreendo.

Eu não quero falar sobre isso e eu não quero ser sua companheira de viagem, se você continuar vou arrancar suas tripas aqui mesmo e fazer você engolir. —  Apenas disse isto antes de começar a beber o sangue que estava dentro da garrafa, assim que desceu por sua garganta até seu estômago, sentiu um frenesi indescritível, maior do que qualquer outro, mais delicioso que qualquer outro sangue que já havia provado. Lhe envolveu em um abraço gentil, quente e tranquilo, até que alguns minutos depois, passou completamente e a sensação horrível que estava sentindo retornou como um soco. A vampira loira deixou um sorriso baixo escapar, tentando disfarçar levando os dedos até os lábios.

— É delicioso, não é? Pelo visto você nunca provou antes. É sangue de impuro. — No momento em que ela disse aquilo, os olhos de Amelie se arregalaram enquanto ela observava o conteúdo dentro da garrafa transparente de vidro, com detalhes elegantes.

O que?! —  Desta vez levou os olhos até os dela, com o rosto mortificado. Sentiu uma angústia ainda maior em seu peito, que se alastrou por todo o seu corpo.

— Sangue de impuro, bobinha. Claro, não é impuro de lycan, o sangue daquela escória é venenoso para nós, infelizmente os pobres impuros daquelas bestas também tem o sangue venenoso. É um impuro de grwach, o lado humano dele é mais proeminente, por isto ele não consegue usar magia, então é meu escravo favorito. — Ela falava sobre aquilo com uma naturalidade assustadora, lhe trazendo novamente a dura realidade de que agora Amelie era como eles, como aqueles monstros parasitas e não havia retorno, não havia volta para o que ela havia se tornado.

Então anunciaram a partida, Amelie se sentia razoavelmente melhor, fisicamente falando, mas a outra insistiu que ela ficasse com a garrafa e consumisse o resto durante a viagem ou iria acabar chegando no reino gelado quase morta de sede ou atacando alguém dentro do trem. Os vagões de viagem de vampiros eram, no máximo, 3, pois a maioria viajava de outras maneiras quando não possuíam bagagens, porém era muito mais luxuoso que os outros, onde os escravos estavam sendo levados para serem vendidos no mercado negro, mas tudo o que Amelie conseguiu fazer foi chorar novamente, por horas, tentar repor o sangue de suas lágrimas e finalmente ceder e hibernar até chegar ao seu destino. Uma das únicas partes positivas de ser um monstro era que agora ela conseguia escolher quando dormir e por quanto tempo dormir, poderia dormir por anos se assim desejasse, mas por ser uma vampira recém-criada, ainda sonhava, sonhos meio desfocados e apagados, mas conseguia reconhecer a maior parte deles e todos eles eram memórias de sua vida humana... Os momentos que viveu com Keith, as celebrações no navio, quando estava em alto mar ouvindo os tripulantes tocando instrumentos e cantando enquanto ela deitava na rede e observava o céu aberto e ensolarado, tudo aquilo que não voltaria mais. Estava condenada à um futuro solitário, amargo e doloroso, nada disto seria sua realidade novamente...
Ou assim ela pensava.

 

com ivan - arethian - outono

 










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