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[EVENTO DE INAUGURAÇÃO] H Ä H L E , FESTIVAL DO VINHO

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Mensagem por Wings of Despair Sex Mar 03, 2017 2:57 pm

Relembrando a primeira mensagem :




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PRIMEIRO EVENTO
FESTIVAL DO VINHO


A brisa quente de verão soprou a folha velha para longe da árvore, que girou no ar algumas vezes antes de passar por cima dos telhados das casas de Hähle. O calor, já rotineiro no começo das manhãs, parecia duas vezes pior naquele dia. Os sons de vozes apressadas, também já tão comum quanto o calor, pareciam três vezes mais altos naquele dia. Aquele dia, tão comum em Hähle, não era um dia como qualquer outro.
A folha foi pega de repente por uma correnteza de ar, girando alta no céu azulado, antes de mergulhar em um rasante por entre os becos da cidade. A folha parou por um instante diante de um rosto moribundo, de barba seca e olhos fundos, e voltou a girar antes que sua grande mão gorda pudesse acertá-la em um tapa desajeitado. A folha soprou e girou mais uma vez, e quando parecia que a brisa acabara, que ela finalmente repousaria no chão, os passos rápidos de um grupo de crianças passaram correndo em volta da folha, que girou com o sopro repentino de ar, sendo puxado em direção às ruas iluminadas da praça central de Terus. A folha subiu, desviando das carroças sendo puxadas por cavalos fortes, carregando centenas de caixas preenchidas com mercadorias de todo tipo. Em algumas, cabos de espadas eram visíveis através de fendas na madeira, em outras, um aroma suave de rosas ou de frutas recém-colhidas se misturava no ar com o odor forte de peixe e carne. Em um solavanco rápido, a folha afundou por entre as várias pessoas de todos os reinos que se reuniam pela praça central da capital. Seus rostos ansiavam pelo menor preço possível para a fruta mais exótica colhida das florestas de Dungeloff, para os talismãs mágicos misteriosos e as características poções afrodisíacas de Fries, entre tantos outros produtos que os olhos curiosos buscavam a medida que as barracas eram levantadas e os produtos montados em bancadas. O grande espaço de ladrilhos brancos que se estendia por toda a extensão da praça estava lentamente sendo coberta por uma massa incontável de compradores e mercadores. A folha então deu um último giro no ar, pousando no alto do pilar de madeira no centro da praça. O verão havia começado, e com ele, O Festival do Vinho estava aberto.  



O Festival do Vinho, o momento mais esperado do ano, finalmente havia começado. Era verão, no segundo mês do ano (que é brevemente composto por dez meses, cada um com quarenta dias) e o clima estava tão quente que as pessoas se protegiam do sol usando um lenço na cabeça ou se escondiam embaixo das sombras das árvores. Os preparativos começaram pela manhã, assim que o Sol nasceu, e ainda não acabara, mesmo após horas de preparo algumas barracas de vendas ainda estavam sendo montadas, afinal, eram centenas delas com vendedores esperançosos em conseguir uma renda extra. Não havia com o que se preocupar naquele momento, era apenas o primeiro dia, e o festival durava incansáveis três giros do Sol, sem pausa alguma.
No Festival do ano anterior, foram encontradas pessoas de todos os reinos dormindo por todos os lugares da praça assim que o Sol nasceu. Não é de costume a festa parar quando anoitece, embora o perigo de encontrar algum vampiro traiçoeiro seja maior, as pessoas não parecem se importar quando estão bêbadas.
No meio da praça estava sendo montado um palco de madeira, à frente do pilar, onde, no fim da tarde, iria começar uma competição de bardos durante os três dias, o ganhador levaria uma quantidade significativa de Kham e muita fama, sendo reconhecido à partir dali em diante.
Também estavam sendo montadas mesas de degustação das comidas que seriam servidas em tavernas que se situavam próximas ao Festival, para viajantes ou moradores que ficassem com fome. Na maior parte das vezes precisa-se de vigilantes próximos à estas mesas de degustação, pois muitas pessoas que se acham espertas acabam tentando furtar comida dos banquetes. É uma boa época para anunciar seu negócio de estalagem, caso você tenha um, pois muitos viajantes precisam se alojar em algum lugar ou irão passar a noite pelas ruas.
A quantidade de pessoas que se aglomeram no meio da praça deixa quase impossível o ato de se mover dentro da massa de corpos que se movem freneticamente de um lado para o outro, então, caso queiram assistir a apresentação de música, terão de escolher seus lugares mais cedo.
Às duas da tarde os preparativos já estavam finalizados e tudo estava pronto para receber os civis e visitantes. O sol estava ainda mais quente, era notável o aroma dos perfumes e colônias que estavam sendo vendidos por comerciantes em carrinhos de madeira, embora o cheiro seja fraco, comparado ao dos peixes e frutas dispostos em barracas. O barulho de vozes, infantis, adolescentes e adultas, femininas, masculinas, graves ou finas, se confundiam no ambiente, trazendo um desconforto para pessoas que não suportam a agitação do festival.
Alguns comerciantes, vendedores ou donos de negócios costumam fechar seus estabelecimentos para se misturar à mistura de pessoas que preenchem o centro de Terus durante o período do Festival.
Não podemos esquecer, de forma alguma, do que dá nome ao Festival. Grandes baldes de madeira estavam dispersos ao redor da praça, com vigilantes, para qualquer um que quisesse pisar em uvas - com pés limpos, é claro - e produzir seu próprio vinho, ou até mesmo vendê-lo à um preço barato. Barris de vinho com copos de madeira também são uma grande atração, já que qualquer um pode simplesmente se servir e se divertir, apesar de que os mais bêbados, às vezes, precisam ser retirados das proximidades dos barris para que todos possam usufruir desta delícia de Hähle.
Carnes de tubarão estão disponíveis à degustação por todas as áreas, às vezes assada, às vezes cozida ou até mesmo em forma de sopa, com verduras e um caldo delicioso.
O Festival do Vinho foi iniciado, e irá surpreender quem marcar presença, dos mais assíduos frequentadores à aqueles que pela primeira vez participam, sejam como mercadores ou compradores.




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Mensagem por Annora Vrettos Dom Mar 26, 2017 8:58 pm


A pergunta lhe viera como uma supressa. Desde que ele chagara haviam passado um bom tempo juntos em meio a conversas bobas ou importantes. Acabava por esquecer-se, em alguns pequenos momentos, que metade do que era natural para você era algo novo para ele. Os animais, os costumes, o gestual. O vinho, o tão conhecido vinho dos humanos. Levemente adocicado ou seco, descendo pela garganta de forma agradável. Intoxicante, exultante e estimulante. Você mordia o lábio rosado ao pensar nisso, ao pensar como ele ainda era tão novo em meio a aquilo tudo. –Vinho é uma bebida.- Você começava a dizer suavemente permitindo que ele entrelaçasse seu braço no dele. Aconchegante, de certa forma familiar. A cabeça indicando a direção na qual seguiriam, passos calmos. A outra mão repousando ao lado do corpo, o leve balançar que seguia o caminhar.- Não é como a água, tem gosto. Digo vinho, mas é algo variado. Existem tipos e tipos de vinho.  Pode ser mais adocicado ou seco, mais fortes ou fracos. É uma bebida bastante popular entre as pessoas. Eu gosto bastante, prefiro o levemente adocicado ao amargor de outros.

O sorriso delicado viera junto a frase, fluindo involuntariamente. A leve brisa passando por vocês trazendo uma certa recrescência ao calor do dia que ainda começava.  Havia o leve, quase imperceptível, gosto marinho no vento. Imperceptível para eles, não para vocês.  Vocês vieram do mar, vocês eram parte dele. Senti-lo, mesmo que por alguns segundos em algo tão pequeno era fantástico. Sim, mesmo você que vivera mais na terra do que em meio as águas gostava disso. Era uma sensação diferente, aconchegante mesmo em meio a uma corrente gelada. – Ele tem um tom arroxeado, como a uva que temos no desjejum. Aquelas frutinhas pequenas lembra? Doces. –A mão mostrava o tamanho da fruta, o caminhar mais perto da praça principal agora. Podia ouvir as vozes alteradas, a agitação. Logo podiam ver tudo aquilo.

Ver, você parou na entrada da praça. Deixando a visão de aquilo tudo ser absorvida por alguns segundos. Absorvida por você e por ele.  Algo novo para o tritão, algo familiar para você. Algo que mesmo assim causava uma certa admiração. Não era pela beleza excessiva ou o costume total. Era pela mistura. Mistura de gente, odores, sabores e raças. Era uma mistura uniforme, se é que isso era possível. –Incrível não? Milhares de pessoas de outros reinos vem para isso. Vampiros, lobisomens, elfos, bruxos e humanos distantes. – O olhar se desviava dele para uma cena um pouco mais distante, para as uvas expostas ao lado dos barris. Para o local onde algumas pessoas subiam para pisar nas uvas. –Ali, é assim que eles fazem vinho. Parece estranho, mas depois de cuidado e envelhecido pelos anos em um barril de carvalho fica delicioso. Quer ver mais de perto?

Aquilo lhe divertia, alegrava. Ver a fascinação e a supresa nos olhos dele, era novo, era empolgante.  Quase a fazia esquecer que dois homens os seguiam a cada novo passo que davam. Braços ainda entrelaçados, por mais que as pessoas começassem a se aglomerar mais na praça. Passos cessando perto aos barris e ao esmagar de uva. Uma distância segura para que nada saísse voando dali e caísse em vocês.  O mexer da cabeça para o homem que parava ao seu lado em direção ao baril, pedindo de forma silenciosa um pouco de vinho. Dois copos preenchidos, entregues a você que soltara o braço do dele. Um obrigada sendo dito gentilmente ao guarda, por mais que não fosse preciso. Orbes verdes focando-se no noivo ao seu lado. –Prove.-A taça estendida em sua direção, você a segurando até que ela estivesse segura entre os dedos dele. O levar a taça aos lábios calmamente para que ele fizesse o mesmo. Não era preciso, ele sabia como beber as coisas. Era mais um costume, involuntário. O pequeno gole sendo dado, o pressionar dos lábios ao afastar a taça. O sorriso doce na direção dele. –O que achou?

A resposta viera a seguir como tantas outras. Tantas primeiras vezes em um dia. Primeiro vinho, primeira comida humana não costumeira no castelo, primeira vez vendo espetinho de tubarão. Algo para o qual você crispava os lábios, observando de longe. Podia ser como eles, mas não faria aquilo. Animais marinhos não mereciam aquilo, jamais. Todavia, era uma pequena parte do todo. Uma pequena parte do festival em si. Dos outros vinhos, do cantar de algum bardo perdido em meio a tanta gente, do rir das pessoas. Do seu por algo bobo que fora dito, orbes verdes nele.- Você tem um pouco de vinho...-A voz suave, o erguer involuntário da mão na direção dele. O parar por alguns segundos antes de continuar. A ponta dos dedos tocando levemente o canto dos lábios dele, limpando a pequena mancha feita pela bebida. –Pronto.

Quando o sol começara a baixar vocês caminhavam, o calor diminuindo a medida que se aproximavam mais da parte costeira de Hahle. Nada incrível ou grande como em Ponta Tempestade, afinal ela fora construída para ser uma continuidade do mar. Enquanto Hahle mais parecia uma montanha rochosa que buscava pará-lo. Ao menos ali havia a brisa, menos pessoas por mais que ainda houvesse barracas, comerciantes, barris de vinho e passantes. Você levava a taça aos lábios, bebendo um gole do vinho que ali havia. Sorrindo para o mar que podia ser visto, para a brisa que mexia suavemente com seus fios castanhos. –Essa é minha parte favorita, o pôr do sol. Aqui de cima é tão mais colorido.- Ele sabia o que o aqui de cima significava, não precisava ser dito. Assim como ele provavelmente devia entender o olhar que você lançava. Um misto de seguro, mas duvidoso. Preocupada talvez, curiosa. –O que achou do festival? Ele ainda continua durante a noite, mas não é tão cheio.

She maybe the beauty or the beast
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Mensagem por Jasmine Breyer Dom Mar 26, 2017 9:57 pm



Festival
Dust in the wind, all we are is dust in the wind






Just a drop of water in an endless sea. All we do crumbles to the ground though we refuse to see. Dust in the wind, all we are is dust in the wind


–Acho que podemos dizer que sou um frequentador de longa data do festival. Incentivo familiar e comercial.- O homem a respondia calmamente, não parecia ter se ofendido com a companhia menos acolhedora e calorosa, do que provavelmente ele estava acostumado. – E entretenimento. Hahle pode ser uma cidade um tanto corriqueira no decorrer do ano, o festival é sempre uma ótima mudança de ares. - Jasmine o ouvia atentamente, embora seu semblante parecesse alheio a situação. – Vim com minha família. Meu pai veio a negócios e aproveitamos para mostrar ao noivo de minha irmã o famoso festival. - Um leve sorriso formou-se nos lábios da garota.

Um nobre como ela havia presumido assim que colocara os olhos nele, mas ele não agia como um dos quais estava acostumada. Ele tinha um quê especial, era diferente de um jeito que ela não conseguia decifrar. – Com sua licença milady, aproveite o festival. – Jasmine piscara ainda meio confusa. Mordeu o lábio inferior segurando o sorriso vendo - o que considerou uma alfinetada - e retribui com uma leve reverência.  

Se sentira levemente culpa, talvez se não tivesse feito tantas suposições poderia ter feito mais perguntas ao estranho nobre. Acompanhou com o olhar seus passos despreocupados, até ele emaranhar-se na multidão. Mantivera-se por alguns instantes ainda imersa em seus devaneios, até sentir uma mão pesada em seu ombro esquerdo a puxando com força. Jasmine virou-se rapidamente usando seu braço direito para afastar a mão do bêbado. O homem investiu sobre a moça, a fazendo afastar-se brevemente para o lado, colocando o pé na frente do homem cambaleante. O mesmo caiu, tentando de forma falha segurar-se nos barris próximos. A jovem suspirou deslizando as mãos pelo vestido, enquanto passava calmamente por cima do corpo caído.  

A noite caíra e Jasmine ainda encontrava-se no festival. Caminhou pela praça, olhou os espetáculos e encontrou alguns conhecidos, carregando sempre consigo o cálice de vinho. Talvez já estivesse sentindo aquela leveza que o álcool proporcionava, ainda estava sóbrias, mas seu rosto estava mais rosado e o semblante mais despreocupado. Decidira entrar em uma taverna, cheia demais e pequena demais, ficara tonta só com aquela gritaria e cheiro de álcool que impregnava o ar.

– Dificuldade para achar um lugar milady?- A garota virara quase instantaneamente para a direção que viera a voz. – Eu lhe ofereceria um lugar se não desconfiasse que você não teria problema com minha humilde companhia. Ou seria com a nomenclatura. Milady, milorde, vossa senhoria. - Mantinha-se em silencio, apenas prestando atenção na fala do homem. – Não, nomenclaturas são só nomenclaturas. Uma forma de ser educado para com alguém que não se conhece direito. Ao menos em minha educação. – Jasmine lentamente aproximou-se do rapaz.    

- Parece que estamos fadados a nos encontrar sempre, milord. - Os lábios da jovem não puderem esconder um sorriso satisfeito que se formara. - Problemas com a sua companhia? - Jasmine colocou a mão sobre o peito, fingindo um semblante surpreso. - De forma alguma, milord. Devo ter lhe passado a impressão errada. - Sorriu divertindo-se com a situação. - Não tenho como discordar, já que ainda somos desconhecidos um para o outro. - A jovem disse mantendo o sorriso nos lábios, em outra ocasião se esforçaria para retrucar-lhe o tom sarcástico, mas naquela altura estava satisfeita com as trocas de farpas mais sutis. - Sou Jasmine, a propósito. - A mulher esticou a mão enquanto sentava-se ao lado do homem.

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Mensagem por Kahston Di Vinoth Seg Mar 27, 2017 5:25 pm

Blood and wine
- Você precisa ir, não posso mais manter você aqui escondido... - disse o homem de cabelos negros e olhos avermelhados para com o jovem loiro.
- Mas eu não quero, eu preciso ficar, preciso ter você por perto. -  ele se ajoelhava insistindo de forma derrotada, cansado.
Khaston se aproximou do mesmo o erguendo com as mãos segurando em seus braços e olhou sério para que ele entendesse de vez e não buscasse novamente interferir na ordem.
- Vá. - o timbre ainda era brando para não precisar chamar atenção de mais ninguém a não ser a dele, daquele pobre plebeu que havia se apaixonado pelo veneno mortal do vampiro ou seria do próprio?
- Não posso deixar que vejam você por aqui, volte para seu local escondido e não saia de lá até ir de encontro a ti, novamente. - colocou um sobretudo nele com capuz e o levou até a porta de sua residência pouco iluminada o vendo seguir com uma lamparina até sumir de sua vista. O vampiro tinha suas formas de sobrevivência,  poucos eram os humanos que sabiam da existência de um vampiro menos carniceiro que gostava de matar, apenas aqueles que eram hipnotizados sabiam e somente por ele.
A promessa feita para as almas de sua família era válida por toda sua eternidade, matar somente aqueles que o ameaçavam, se alimentar dos que permitiam e se apresentar para o único que teria a coragem de aceitá-lo da forma que é. Poderia obter qualquer um, mas apenas seria entregue para o verdeiro amor, como fizera uma vez,  mas que não conseguiu suportar sua perda por temê-lo da forma que ele era.

Sentado observava atentamente a luz da vela que dançava lentamente sobre a cera branca derretida, era hipnotizante ficar olhando para aquela chama que o remetia ao seu passado mórbido, uma tortura pessoal? Talvez sim. Se levantou repentinamente lembrando-se do festival do vinho, acontecia próximo de sua morada, colocou uma blusa de linho vermelho com um sobretudo escuro de couro, botas detalhadas em fios de prata e seus acessórios, talvez se permitisse a sair conseguia ter um pouco de diversão além daquela que sempre fora monótona para o vampiro. Era noite, precisava caminhar sobre a escuridão que era seu lugar.  Montou em seu cavalo e se colocou a cavalgar por conta própria para o festival sentindo a brisa gélida em seu rosto, tinham a mesma temperatura, mas só de estar longe daquela prisão interna que ele morava era ótimo. Seus poderes não deveriam ser utilizadas para qualquer diversão, assim fora ensinado, momentos certos sua força seria utilizada e ali não era a hora.

Amarrou seu cavalo um pouco distante de onde as coisas estavam acontecendo, caminhava sorrateiramente olhando para todos que conversavam, riam, caiam sobre o solo bêbados curtindo aquela noite sem se preocupar com o perigo que rondava por ali. Humanos, seres racionais que mais pareciam irracionais quando alterados, buscando pela diversão ao invés da sua própria sobrevivência. Pode notar alguns em braços estranhos sendo carregados para outros cantos, sabia que a morte já os carregavam para seu túmulo, apenas repreendeu aqueles que se pareciam consigo.

A cidade ainda estava cheia, por isso buscou seguir pelas vielas escuras para que não o vissem por ali, para que ninguém na verdade o visse. Gostava de observar, do lado misterioso e sério até que ao virar-se em uma observou um ser parado fazendo o mesmo, sua silhueta era juvenil, aparentava ter uns vinte e poucos anos e seu cheiro não trazia a vida e sim a ausência dela deixando claro que aquele ser não era um humano, não mais.
- Um banquete como esse acaba nos fazendo ter opções diversas, não é? - os olhos vermelhos brilhavam na escuridão dando lugar para seu rosto moldado em uma expressão neutra.
- Curioso, para alguém com a aparência tão jovem, se comportar dessa maneira acaba por ser bastante intrigante. - parou ao lado do vampiro olhando para os demais na praça.
Voltou a olhar para o tal abrindo um sorriso muito sutil e se apresentando. - Kahston... - assentiu com a cabeça.
Kahston Di Vinoth
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Mensagem por Kairoh Marinus Ter Mar 28, 2017 12:05 am



Festival - Hähle - Vestindo - Annora
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Annora me explicava o que era o vinho e também aquela festividade, falava sobre os diferentes tipos de terrestres que vinham comemorar naquele lugar. Pelo que entendi existia um povo da floresta, alguns sereianos terrestres meio lobos, e um povo morto que aparentemente andava e que eu deveria me manter longe. Me explicava e mostrava as coisas do festival, como a produção de vinho e até testamos alguns vinhos mas ela tinha que passar um tempo com a sua família.

Eu até voltaria junto com ela, mas os assuntos dos Vrettos não eram meus, não ainda, seriam depois que me casasse com Annora, mas antes que esses tempos viessem eu ainda poderia me manter longe disso. Decidi explorar a cidade sozinho, tomando um pouco de vinho aqui e ali, para experimentar aquela bebida deliciosa que ela havia me apresentado. Eu começava a ficar tonto, sentia minha cabeça ficar mais pesada. Encontrei com Annora novamente depois de algumas horas e ela me perguntava o que eu tinha achado do evento.

— Adorei! — Falava sinceramente para a mulher. Tinha parado de beber por um tempo, mesmo tendo um copo de vinho na mão agora. — Conversei com muitas pessoas nesse meio tempo, e parece que esse líquido deixa elas mais amigáveis. E não se preocupe me mantive longe dos mortos que andam.

Ela me ouvia e entrelaçava sua mão com a minha novamente, andamos por um tempo até que vimos uma barraca de espeto de tubarão. Meus cabelos arrepiavam e um calafrio passou por toda a minha espinha, era como se eu estivesse vendo pedaços da minha cauda cortados e enfiados num espeto. O cheiro que estava no ar inundava minhas narinas e não era apetitoso, pelo menos para mim, a visão que eu tinha na minha cabeça era cruel e nojenta para me fazer um nó na garganta. Apressei o passo até que tivéssemos passado daquele lugar e eu me recompusesse. Ela percebia que havia alguma coisa no meu rosto, era um pouco de vinho ela limpava de forma hesitante e suave.

Continuamos andando e meu humor voltava aos poucos depois daquilo que havia presenciado, nos aproximávamos mais da costa da cidade, não era como Ponta tempestade que se integrava ao mar, mas não deveria esperar que os terrestres se integrassem ao mar de qualquer fora. O sol já começava a se esconder no horizonte e eu simplesmente admirava, gostava de fazê-lo mesmo quando estava em kurn, o jeito que o sol passava a ter uma coloração diferente assim como o céu. Annie falava que era sua parte favorita e falou sobre as cores. Eu respondi. “Eu também adoro o pôr do sol” ou alguma coisa parecida com isso, estava concentrado no espetáculo na nossa frente, eu e meu pai sempre emergíamos durante essa hora para que pudéssemos ver aquilo que agora dividia com Annora. E então ela me retirou dos devaneios para falar.

— O que achou do festival? Ele ainda continua durante a noite, mas não é tão cheio. — Falava a mulher para mim explicando sobre o evento que acontecia a nossa volta.

— Gostei, mas haviam muitas pessoas amontoadas, acho que agora que existem menos pessoas como disse deve ser a hora perfeita para aproveitar o potencial do evento né? — Talvez ela esperasse que estivesse cansado, mas realmente não estava, tinha uma boa resistência viajava dias no mar sem descansar, uma festividade não era nada.


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Mensagem por Alyssa Odrain Ter Abr 11, 2017 10:59 pm

you could never
spit it out for me


Os longos cabelos caíam pelas costas, um pouco úmidos, movimentavam-se com um pouco de dificuldade quando o vento batia, enquanto caminhava. A pele pálida estava fresca. O vestido recém roubado havia lhe caído bem. Não gostava de preto, achava que vestimentas escuras lhe davam uma aparência misteriosa e sombria. Justo no torso, o vestido exibia toda a sua magreza. Temia que parecesse mais uma pobre faminta do que uma nobre, já que era mais uma pobre faminta do que uma nobre. Havia aprendido o idioma comum falado, mas não como se comportava aqueles de maior nível social. Mas, aquela era sua oportunidade de aprender mais sobre o comportamento humano. E não deixaria que escapasse de suas mãos.  

Seu estômago revirou-se ao sentir o cheiro de carne de tubarão e quase vomitou quando sentiu o cheiro de peixe morto. Já havia comido peixe, por muito tempo comeu, mas sentia-se uma canibal. Como esses humanos iriam se sentir em ser devorados pelo povo sirene?, perguntou a si mesma enquanto observava uns cumprimentando os outros. Alyssa passou pelas carnes, e concluiu que preferia a carne de animais terrestres, mesmo que fossem tão nojentos. A pesca de peixes era o motivo da morte de milhares de sereias, incluindo toda sua família e amigos do antigo cardume. Mas, sabia que ninguém se importava, a não é claro, ela mesma.

Havia uma grande mesa com vinhos, vinho era sua bebida preferida depois de água. Pegou um cálica com o líquido escuro e observou o seu redor. Todas as pessoas tão enturmadas, todos tão socializados. Próximo a ela havia um rapaz, com olhos claros, tão perdido quanto ela. Possuía uma bela aparência física, já a sua vestimenta não era o que muitas pessoas admirariam, mas Alyssa não se importava, nunca se importou. Pessoas eram pessoas. Sentia de certa forma que todos eram iguais. Todos tinham o mesmo fim: a morte. Mesmo os ditos "imortais" vampiros poderiam ser mortos acreditava. Uma vez, ouviu que cortando suas cabeças e com um pouco de fogo podiam colocar fim na vida dos seres sanguinários.  

— Um belo dia para um festival — Disse a ruiva se aproximando do homem sozinho. Achou que fosse assim que socializasse normalmente, havia ouvido histórias de pessoas que diziam a mesma coisa — Vinho, alegria, comida e sol. Tudo que é necessário para esquecer que neste exato momento há pessoas morrendo — Não conseguiu controlar as suas palavras, mas afogou as que estavam prestes a sair com um longo gole de vinho.  

— Não pude deixar de notar que estava sozinho — Disse exibindo um sorriso de canto. Lhe era divertida aquela ideia de humana, donzela simpática fazendo companhia para um belo homem sozinho — Também possui dificuldades em socializar-se? — Umedeceu os lábios, aproximando-se do homem — Nem me diga, às vezes tenho a impressão de que sou diferente — Sussurrou baixo o bastante para que somente ele fosse capaz de ouvir. — Ah, mas que indelicadeza a minha — Mulheres humanas diziam isso, certo? — Prazer, sou Alyssa Odrain — Apresentou-se erguendo a taça até a altura dos seios, como se fosse um brinde, e sorriu inocentemente para ele.


BY MITZI
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Mensagem por Mike Wolf Qua Abr 12, 2017 4:32 pm

Estaria descansado a comer e a beber sozinho me alimentando, como se fosse o fim do mundo, o ambiente seria ótimo as pessoas pareciam conviver bem umas com as outras mesmo apesar de existir outras raças no meio.
Muitas pessoas passariam por mim como se eu não tivesse ali, e eu ali rodeado de comida, mas foi então que assim que eu olho para o lado me deparo com uma rapariga com uns longos cabelos castanhos e os seus olhos brilhando, sem que pudesse reagir ela começaria a falar sem parar.
Eu ficaria a comer e a comer enquanto olhava para ela a falar, ela perguntava se eu teria dificuldade a socializar e eu dava de ombros como se já fosse algo que não me incomoda-se muito, ela me perguntaria mais algo e eu dizia que sim com a cabeça, assim que ela para e se apresenta eu fico a olhar para ela e depois para a taça de vinho durante uns segundos, ficaria pensando o que haveria de fazer.
Apos pensar eu tocaria com a minha taça na dela -Prazer meu nome é Mike. E sorria ao falar numa tentativa de responder a sua proximidade para interagir.
O cheiro que vinha dela seria salgado, como se o seu corpo tivesse um perfume salgado.
-Deseja comer algo. Dizia oferendo um pouco da minha comida.
-Tens um aroma natural, como se fosse a agua do mar. Dizia calmamente já com a pequena ideia do que ela seria.
-Não és uma pessoa normal pois não, e desculpa a pergunta. Dizia meio atrapalhado.
Mike Wolf
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Mensagem por Wings of Deepest Roots Qui maio 04, 2017 10:32 am




O tempo correu pelos dias do festival - que mais tarde seria considerado um dos mais lucrativos dos últimos anos. Os mercadores mais atarefados apressavam-se em vender, em promoção de últimas horas, os últimos lotes das mercadorias para cobrir os custos das viagens de volta para suas terras. Muitos andarilhos e viajantes empacotavam suas compras, alguns já com suas mochilas nas costas e com as contas nas estalagens já pagas, outros ainda caminhavam torpes pela praça central de Terus, fazendo justiça aos últimos barris de vinho da safra do festival. A medida que o terceiro e último dia aproximava-se do seu crepúsculo, muitos artistas itinerantes e músicos tocavam suas últimas canções. O barulho e correria do primeiro dia parecia estar lentamente se esvaindo em uma letargia de ressaca, cansaço e, em alguns casos, sentimento de culpa por ter gastado mais do que deveria. Este último não está presente no rosto dos mercadores, que apesar das olheiras, carregam na boca um sorriso, e no bolso o motivo dele. Mas um odor estranho subia no ar. Não era o habitual fedor de urina ou peixe que já se instalava pela praça havia algumas horas. Era um cheiro sutil, acompanhado de um silêncio imperceptível. Há quem diga que são ambos os percursores de grandes tragédias, e esses já pareciam sentir na pele o arrepio do sopro das asas do desespero.

O céu lentamente banhava as pesadas nuvens em tons de laranja e vermelho cada vez mais notáveis. Essas pesadas nuvens anunciavam que o fim do festival seria marcado pela água. Os momentos finais do famoso evento de Hähle se aproxima.
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Mensagem por Wings of Deepest Roots Ter Set 05, 2017 8:29 pm




Os visitantes de todos os cantos do mundo caminhavam pela praça central do festival de Hähle, com suas vozes em altos tons cobrindo todo o ambiente com um véu de burburinhos. Uma folha flutuou pelos céus tempestuosos,
que pareciam prestes a explodir em lágrimas. Todos estavam ocupados, despedindo-se de Hähle de suas respectivas formas, seja através dos gritos enquanto empacotavam as poucas mercadorias restantes, com o som dos passos apressados em direção à estalagem que estivessem hospedados, ou até com o som das moedas secretamente contadas no fundo de cada tenda. Ventos fortes anunciavam uma tempestade, e naquela época do ano, ninguém gostaria de estar fora de casa quando a tempestade de Hähle começasse.

A folha desceu pelos céus em um rasante, passando pelas últimas tendas à serem empacotadas, e uma criança entediada a acompanhou com os olhos. Olhou para os lados, e partiu em disparada em direção à folha, fugindo da tediosa contagem de dinheiro do seu pai.  A garota de cabelos escuros saltou por cima de um pequeno caixote de peixes fétidos, desviou por entre uma tenda e outra, por um idoso e um jovem, e continuou a correr, em disparada, o som de seus passos arrítmicos somando à orquestra do barulho. Então ela virou à direita rápido demais, tentando prever o movimento da folha, que voou para o lado contrário enquanto a garota esbarrava com um elfo de cabelos loiros. O elfo abaixou a cabeça em direção a ela, e a única reação que esboçou foi um leve franzir no cenho.

Então houve um clarão no céu, e toda a praça reluziu em prata.

Um momento de silêncio.

E então um trovão.

Em instantes, todos voltaram aos seus afazeres, com uma pressa maior, e o burburinho da soma de todos os barulhos voltou a dominar à praça.  A  folha soprou pelo céu, alheia à tudo aquilo, sendo levada pela brisa marinha que tornava-se cada vez mais tempestuosa, e a garota olhou para ela, derrotada, enquanto o elfo desaparecia na multidão.  A garota retornou, arrastando os passos, até a tenda do seu pai, que não havia notado seu sumiço.

As únicas mercadorias restantes eram algumas especiarias marinhas que haviam sido tiradas do caixote apenas agora, no fim do evento. Isso levantou uma certa desconfiança dos presentes, e deu a entender que o festival continuaria por mais alguns momentos. Era um tipo de peixe diferente dos outros, de coloração vermelho forte, com fibras firmes e que resistia na boca, quase como uma carne de corte raro. Esses cortes de peixe foram servidos como um petisco gratuito  para os presentes, e parecera agradar.

Então houve mais um clarão no céu e a praça reluziu.

Todos esperaram.

O trovão não veio.

Um grito cortante levou a atenção de todos até  o outro lado da praça, onde um grupo de homens altos, corpulentos e encharcados permaneciam em pé, formando um círculo em volta de alguém. Vários sussurros soaram pela praça, alguns defensores levaram a mão até o cabo de suas espadas, imaginando que aquele fora o grito de uma mulher. Mas até eles estavam incertos, pois nenhuma garganta de nenhuma criatura que andasse em terra teria aquele grito.

Os homens que estavam na frente abriram espaço, e um homem um pouco maior que eles, de barba já grisalha e com um corte ensanguentado no olho direito  deu um passo à frente. Seu olho estava rasgado, a pálpebra e o próprio globo ocular, que derramava um sangue espesso e escuro pelo seu rosto molhado. Ele não expressava dor, pelo contrário, sua expressão era fechada e odiosa como as tormentas anunciadas no céu.

Em seus braços, carregava não uma mulher, mas uma sirene.

Os burburinhos deram espaço para vozes apressadas, e todos discutiam entre si enquanto o homem da barba branca caminhava até o pedestal da torre central da praça. A criatura em seus braços estava marcada por inúmeros hematomas, sua cauda estava exposta,
em carne viva, como se suas escamas houvessem sido arrancadas, uma por uma. A carne por baixo já estava marcada por ferimentos profundos, e seu abdome carregava cortes abertos e recentes, circulando por toda sua cintura, quase como se em uma brincadeira mórbida, algum daqueles homens houvesse tentado arrancar a cauda da sereia.

O homem parou em frente ao pilar de madeira, e, com toda naturalidade, jogou a criatura contra ele. Ela, que parecia estar desacordada, chiou em um grito fino, que tremeu os tímpanos de todos presentes, e tentou avançar contra ele. O homem reagiu imediatamente, dando um chute forte no peito da sereia, que foi arremessada de costas contra o pilar de madeira. Foi um chute extremamente forte, pois foi suficiente para esvaziar todo o ar que ela havia nos pulmões, e apenas um chiado fino foi ouvido enquanto ele levantava os braços rasgados dela, segurando-os bem alto. Um outro homem aproximou-se rapidamente, trazendo consigo um martelo e pregos.

Nenhum dos habitantes de Hähle esboçaram nenhuma reação além de um fascínio nos olhos. Um brilho mórbido acompanhado de um aceno de concordância, demonstrando a aprovação diante da captura e tortura da sereia. As outras raças, nem tanto. Um elfo pareceu dar indício de que iria protestar, mas foi rapidamente calado por um olhar frio de outro. Lia-se em seu olhar que não poderiam interferir nos assuntos humanos. Houve também uma grande comoção por parte dos bruxos presentes, e alguns guardas presentes na praça logo marcaram presença, fazendo uma ronda por perto do grupo de bruxos, quase como um alarme sutil de que não é assunto dos gwrach para intervir.

Mais um grito fino calado por um chute quando o prego foi cravado nas mãos da sereia. Sem o apoio das pernas que não possui, a única coisa que podia fazer era rebater-se inutilmente, sendo completamente suspendida pelo prego grosso em suas mãos juntas. Seus olhos escuros viravam para cima, e sua expressão e lábios trêmulos expressavam seus delírios de dor. O sangue fino escorria por seus braços e pingavam pelo seu corpo exposto, nu, obliterado. Pedaços de sua carne e pele pendiam, e logo seus movimentos foram diminuindo, enquanto a lucidez em seu olhar se perdia em agonia. O pescador sabia que teria que agir rápido ou ela morreria.

Estendeu a mão para um de seus companheiros, que entregou-lhe uma faca larga e curvada, e o homem grande levantou-a, mostrando à todos na praça. Os habitantes de Hähle rugiram em aprovação e aplausos, pois haveria um banquete.

O homem puxou a cabeça da sereia para cima em um solavanco, segurando-a pelos cabelos encharcados de sangue, e deu um último olhar em seus olhos escuros. Afastou-se.

A sirene fechou os olhos.

O homem, segurando o facão com as duas mãos, fez um brutal corte horizontal com toda sua força. O barulho familiar de vento sendo cortado soou como um estrondo no silêncio da praça, e então o som agoniante de carne rasgando e tripas derramando-se pelo chão. A faca rasgou com facilidade através do abdome fragilizado da sereia, e sua barriga estremeceu enquanto seu intestino obliterado derramava sangue e fezes pelo chão do pedestal. A sereia abriu a boca em um som vazio, sua cabeça e corpo estremeciam, e sua cauda contorcia-se. Suas tripas escorregaram de dentro do seu corpo e alguns pedaços grossos caíram no chão. A criatura abaixou a cabeça,
em choque, olhando diretamente para seu estômago exposto.

O som do facão retinindo no chão foi ouvido, e atenção de todos voltou para o pescador rapidamente. Ele voltou até ela em passos largos, quase que como um vulto, envolveu suas mãos grandes na cauda contorcida da sereia, e a puxou em um solavanco.

O som do trovão finalmente tomou os céus, junto do grito final da sereia, enquanto sua cauda era rasgada do seu corpo e erguida bem alto, acima da cabeça do seu algoz, e o resto de seus intestinos caíam pelo chão.

A chuva veio e a cor azulada da tormenta contrastava com o sangue no chão tanto quanto os rostos chocados dos que nunca viram a cultural execução de sienes em Hähle contrastava com os aplausos.

Agora os visitantes poderiam ver pessoalmente a preparação do diferente corte de carne de peixe que fora servido mais cedo.
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Mensagem por Apolline D'Aumont Qui Set 07, 2017 4:02 pm


O
Festival  lhe interessava muito mais pelo lado comercial que festivo, mesmo o vinho local sendo uma das marcas do reino, não lhe agradava os habitantes grosseiros.

Levou um mês inteiro para que a segunda esposa lhe convencesse a acompanha-la, achava a viagem longa demais, mas seu marido jamais deixaria a outra participar desacompanhada e mesmo assim ainda enviou guardas de sua confiança para mantê-las longe de problemas.

Seguia meio calada junto os delírios de consumo de sua companheira, tecidos, délicatesses e algumas artes de gosto duvidoso. O ambiente lotado e o fervilhar de maioria humana a deixavam desconfortável, já havia se acostumado a frieza vampírica, o cheiro que o lugar exalava também não era favorável.

Ainda assim assistia as crianças que corriam se divertindo nas atrações do festival, nunca poderia engravidar, isso a entristecia mas de toda forma fora uma escolha pessoal.

Ouviu a grito esganiçado imediatamente, sua cabeça buscava a origem com um sombrio olhar de preocupação, "pegaram uma de nos, pegaram uma de nós" repetia em desespero, talvez se fosse rápida poderia salva-la. Assim que localizou a sirene, seu semblante caiu, era tarde demais.

Não desviou o olhar,  ergueu o queixo e nenhuma lágrima rolou de seus olhos, estendia o olhar solidário a semelhante de sua espécie, empurrou contra a multidão imbecil que aplaudia aquele ato repulsivo, queria chegar mais perto, queria estar lá por ela.

- Seja forte, não se entregue - murmurava baixinho de forma quase soprosa, os nós dos dedos brancos de tanta força que apertava a mão fechada ao lado do corpo.

O ódio lhe causava um nó na garganta, toda essa gente imunda merecia morrer, merecia se afogar na própria ignorância. A sereia estava sendo mutilada, quando o homem arrancou a cauda quase correu em sua ajuda, um de seus guardas puxou-a para mais perto, estava longe da proteção de sua cidade, se envolver era suicídio.

A vida se foi daquele corpo, acompanhou cada um que participava daquilo, nunca se esqueceria daqueles rostos, um dia teria a oportunidade certa de retribuir.

Resolveu orar, prestar seu luto, clamou pelos deuses, os deuses abissais que seus antepassados lhe ensinaram a cultuar, que eles recebessem o espírito daquela sirena e a ajudassem a vingar sua morte. Também orou aos deuses conhecidos, os mesmos deuses que aquele povo nojento também acreditava.

- Que os deuses abissais escutem seu sofrimento e a confortem, que Ocuna puna com a fúria do mar seus perseguidores e afunde seus barcos - um silêncio mergulhado em raiva a levara a proferir de forma inaldivel as próximas palavras tão erradas e perigosas - Que o Sombrio devore suas almas.

A segunda esposa tocou seu ombro a afastando dali, os guardas a retiraram da multidão, o festival já perderá o sentido, não era seguro para Apolline estar ali, deveria partir o mais breve possível.



Última edição por Apolline D'Aumont em Qui Set 07, 2017 8:18 pm, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Odëssea Waværet Qui Set 07, 2017 5:42 pm


Obey me
Tell me, how does it feel.
Com o passar das horas sua vontade de ficar para ver o evento se encerrar ia se perdendo nas ações dos humanos. Puxou o capuz do sobretudo para tapar seu rosto escondendo qualquer vestígio de sua verdadeira natureza, a mulher tentava transitar pela praça principal, mas era inutil tentar passar pelo aglomerado de pura embriaguez que via motivo  em tudo para puxar uma briga.  Sem qualquer aviso de quem comandava a programação da festividade, os que estavam presentes pareciam hipnotizados pela nova atração que se seguia. Tentou se aproximar mais para ver do que era, mas não se atreveu a dar mais nenhum passo quando seus ouvidos escutaram o grito agudo e intimo de seu conhecimento. Era aquela atrocidade que todos estavam esperando? O chão parecia ceder embaixo de seus pés. ''Faça alguma coisa!'' ''Mate todos eles!'' Ela era um ninguém naquele momento e não podia fazer nada para salvar a sereia cuja a agonia era a principal atração da noite. Porcos! Odessea cuspiu no chão e estava pronta para explodir, mas quando seus olhos se encontraram com a garota no pilar soube exatamente quem era ela.

- Galmovo. - Um nome de respeito em um tempo já esquecido, era a filha dele que gritava por clemência e se as histórias são verdadeiras ele nunca a deixaria para trás. A carne de uma sereia era considerada uma iguaria e pensar naquilo revirava seu estomago. Galmovo teria sido capturado também?  Tomar o controle da situação já havia se tornado uma tarefa fácil, se ele não estava ali então seria o próximo. Moveu-se o mais depressa possivel para alcançar os prédios que rodeavam a parte de trás da praça. Os humanos falavam pelos cotovelos quando se afogavam na bebida, apenas seguiu as informações que coletou durante o trajeto a respeito de um homem forte que havia dado trabalho para os caçadores. Sabia que a cela estaria bem guardada, mas criar uma distração era a sua especialidade ainda mais quando se tratava de homens. A sereia aproveitou o momento para se passar por uma das garotas que serviam vinho pelas ruas da cidade e entre caricias e galanteios convenceu os guardas a bebericarem de um barril adulterado.  

A aparência abatida e desacreditada diante de todo aquele acontecimento havia levado o tritão para o fundo da cela como um isolamento, esperando a sua hora. Não pensou duas vezes antes de passar o braço por baixo do ombro dele buscando fornecer algum tipo de sustentação, mesmo com o tamanho desproporcional dos dois ela buscava sua força no ódio que sentia naquele momento. Não pode salvar a filha e já estava cansada de ver os outros lutarem por ela. Com a multidão distraída talvez tivesse uma chance de se esgueirar para um lugar seguro, sabia que não era a única disfarçada e podia escutar o lamento silencioso de seu povo, ver aquela cena e não poder fazer nada era como receber mil cortes em sua pele.  
#thesearemembers



Odëssea Waværet
. :
[EVENTO DE INAUGURAÇÃO] H Ä H L E , FESTIVAL DO VINHO - Página 2 100
Religião :
.

Sexualidade do char :
Pansexual

Inventário :
(1 par) DAMAS GÉLIDAS (Adagas)
(1) Caçador de Tempestades (Lança)

Odëssea Waværet
Sirene

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Mensagem por Jack Weffel Sex Set 08, 2017 10:48 pm

Sensimilla

Healing of a Nation.

Hähle conseguia ser bem receptiva para os participantes do bonito festival que se passava na cidade. As pessoas estavam alegres, sorridentes. Era coisa rara ver tantas raças unidas e festejando juntas. Jack enrolava um fino cigarro de palha com alguma de suas ervas em seu interior. Os dedos robustos do homem dançavam com a palha fina e maleável, o som do enrolar era como música para seus ouvidos. Escorado na lateral de sua carroça preta, o homem escutou barulhos estranhos e um burburinho muito grande. Mas sua curiosidade era mínima e não quis saber o que era, afinal, bagunça e coisas esquisitas aconteciam em todos festivais. Porém novamente algo estranho aconteceu. Seus olhos ficaram alertas e seus dedos pararam de dançar a dança da palha, tirou o pé apoiado no veículo e o firmou bem no chão.

As pessoas ao seu redor corriam para longe averiguar o que se passava. O dia lindo e festivo tinha se tornado em um festival de loucura a céu aberto. Jack ouvira dizer de um dos transeuntes que alguns humanos capturaram uma sereia e que estavam prestes a “fazer coisas de humanos”. O herbalista ajeitou sua trouxa na parte de trás da carruagem e correu para a multidão. “Não é possível” Pensou o itinerante ao ver a cena que se desenrolava. Os humanos eram conhecidos por suas capacidades de pesca, logo as sereias eram os seus mais preciosos tesouros e capturar uma era questão de honra para eles. Mas Jack era diferente. Sentiu repulsa, nojo e desprezo por todos aqueles homens presentes e por todas as pessoas que assistiam sem fazer nada.

Não conseguia aceitar o fato de que era algo “normal” ou “coisa de humano”, o mundo deveria ser um lugar bom para todos. União era a palavra que descrevia bem o sonho do Herbalista. E ver aquilo apenas o deixou com um gosto amargo na boca de insegurança e impotência. Era fraco demais para fazer alguma coisa e humano demais para se isentar da culpa. De alguma forma a mudança no mundo começava por um pensamento de dentro para fora, e Jack prometeu ali, olhando aquele assassinato, que nunca mais pisaria em Hahle e que lutaria bravamente para que todos pudessem viver em paz e serem eles mesmos em um lugar mais justo.





wod

Jack Weffel
Religião :
17

Sexualidade do char :
Pansexual

Ocupação :
Herbalista

Jack Weffel
Human

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Mensagem por Galmovo Sáb Set 09, 2017 4:33 pm

Quando a luz voltou aos seus olhos pela manhã do décimo quinto dia, não via o infinito oceano azul à sua volta, como viu no seu sonho,  nem eram as paisagens arenosas dos Corais Prateados que o esperavam, como tanto desejou, mas a sólida fria realidade de uma claustrofóbica e imunda cela de calabouço em que esteve confinado por tanto tempo. Estava zonzo, de cabeça pesada, e quando mexeu o rosto, sentiu o sangue seco repuxar-lhe os cantos da pele. Seus olhos azuis lentamente acostumaram-se com a manhã, e um contorno disforme diante de si tomou cores e feições.

Seu carcereiro.

Rugiu quando tomou-se por si, e puxou com toda sua força os braços para acertar a criatura na sua frente, mas sentiu uma resistência e um solavanco segurou seu corpo, e Gal apenas mexeu-se inutilmente no ar, sendo lançado de volta para trás e chocando-se dolorosamente contra a parede áspera e molhada da cela. Estava suspenso por correntes que seguravam seus braços de maneira desajeitada, mas firme o suficiente para que o imobilizasse. Gal rapidamente voltou o olhar para o humano na sua frente, e sibilou. Seus olhos azulados destilando fúria, mas uma dor lancinante tomou seu ombro direito e rapidamente desarmou o sirene. Lembrou-se de como o arpão havia perfurado através de sua carne e do quanto fazia tanto tempo que não comia nada.

- Esse aí vai tentar o quanto quiser, - O humano riu para um amigo na entrada da cela - mas é melhor fazer os cortes antes que a gente perca a carne.
- Vai estragar se não tratar, e temos a outra já pros pomposos degustar.

Quando ouviu isso, os olhos de Gal reacenderam, e uma fúria tempestuosa tomou seu corpo. Rugiu e avançou contra o humano mais próximo, que foi tomado por um terror repentino e caiu para trás, tropeçando por cima de um pedaço solto de madeira e parando sentado no chão frio, com uma expressão de puro terror diante da explosão do guerreiro dos oceanos profundos. Os olhos de Gal destilavam pura agonia, um desespero que gritava do âmago do seu ser, sua mandíbula estava fechada em uma carranca sólida, e todo o seu corpo tremia com a força descomunal que colocava nas correntes, que rangiam terrivelmente. O próprio teto parecia estar sentindo a força do antigo chefe de cardume, e derrubava finas linhas de poeira em volta do corpo escultural do mesmo, agora tão fragilizado, em uma forma óssea devido a desnutrição que enfrentava.

Então uma gargalhada cortou toda tensão no ar, e os olhos de Gal seguiram à direção, encarando o humano na porta, e de repente, uma dor lancinante contra seu rosto desmontou toda sua estrutura, tirando a força do seus braços e lançando-o mole novamente contra a parede. Por um momento ficou cego de dor, e o sangue quente escorreu pelo seu rosto. O humano na sua frente estava de pé, com o pedaço de madeira em mãos e uma expressão de nojo.

- O filho da puta te assustou, foi, Rob? - O humano na porta gargalhava.
- O filho da puta vai ficar aí sangrando. - Rob jogou o pedaço de madeira para o canto da cela e saiu em disparada junto do seu amigo, que ainda ria.

Gal lentamente deixou sua cabeça pender, ainda suspenso pelas correntes, agora mais frouxas, mas não importava.

Estava derrotado, quebrado.

Antes de ir, o humano virou-se para Gal:

- Não importa o que você já foi ou viveu. Hoje, você é uma fera sem dentes. - Cuspiu no chão, e desapareceu.

Ouvira isso todos os dias, durante as duas semanas que esteve confinado lá. No começo, teve a companhia da sua filha. A assistiu ser torturada, fatiada, rasgada, abusada. Durante toda sua vida foi um guerreiro, aperfeiçoou-se a ponto do que acreditava ser a perfeição. Mas quando mais precisou demonstrar sua força, quando a guerra que seu pai o forjou para lutar chegou, ele fraquejou. Ele permitiu-se ser quebrado.

Não restava mais nada, pois ela estava morta, e a culpa foi inteiramente sua.

...

Naquela noite, foi acordado de seu sono febril, que acreditava que não voltaria a acordar, com o grito de sua filha sendo obliterada.

Quando seus olhos abriram, não havia uma fera sem dentes ali, e os sonhos que tivera enquanto estivera desmaiado consertaram as partes de si que estiveram perdidas. Sonhou com sua família, com sua esposa e filha, e as viu brincar de serpenteá-lo enquanto navegavam por entre os corais. Viu, em seus sonhos tão lúcidos quanto memórias, quando sua filha cresceu e casou-se. Viu de maneira tão tangível quanto a sensação do aço frio das correntes em seu pulso, quando sua filha experienciou a sensação de ter seu primeiro filho.

São memórias de coisas que nunca acontecerão.

O humano aproximou-se de Gal, sorrindo, e o grande guerreiro balbuciou algo inaudível. Rob deu mais um passo à frente, de semblante irônico.

- O que disse, fera...?

Não terminaria a frase, pois Galmovo puxou os braços com toda força, arrancando as correntes direto do teto amolecido pela chuva, e envolveu o humano pequeno em um abraço mortal. Seus dentes fincaram-se na garganta do seu carcereiro, e o sangue vermelho espirrou para os lados enquanto a carne e músculos do homem eram rasgados pela força na mandíbula do sirene, e seu grito era engasgado pelo sangue interminável que jorrava.

O humano caiu morto no chão, e Gal, diante dele, com os braços ainda presos às correntes que arrastavam agora pelo chão. O guerreiro apoiou-se com os braços, e levantou seu rosto, com seus cabelos respingando sangue,  e arrastou-se pela cela até perto da porta, mas o longo período sem comer não poderia ser ignorado, e o corpo do guerreiro estava efêmero e febril, e Gal logo caiu no chão frio.

Foi quando ouviu passos apressados aproximando-se, e preparou-se para seu fim. Mas esse não veio. Quando recobrou a consciência, estava apoiado nos ombros não de um humano, mas de uma irmã.

- Arva... - Sussurrou, com a voz rouca e a boca seca.

A resposta que mais temia veio, e Odêssea sacudiu a cabeça negativamente, enquanto esforçava-se para apoiar o guerreiro.  

- Descanse.

Fechou os olhos por um instante, e sentiu-se desaparecer em escuridão. Quando recobrou a consciência, estava flutuando em uma piscina natural, em uma formação rochosa na praia não tão distante da capital de Hähle. A primeira coisa que viu foram nuvens tempestuosas, que derramavam uma chuva severa, punindo o mundo por seu pecado. Mas Gal não permitiria ao céu essa vingança.

A vingança, a retaliação, seria inteiramente dele.
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Mensagem por Wings of Deepest Roots Seg Out 15, 2018 9:22 pm




A poça fétida refletia a luz tímida da lua escondida atrás das nuvens tempestuosas, mas não tinha direito algum de o fazer.

Quando o pé dela afundou na poça, a garota parou por um instante. Seus olhos reluziram um tanto opacos, ainda vermelhos pelas lágrimas que seu organismo não acostumou-se completamente à derramar.

Então ela ouviu. Uma vez, duas vezes, um grito distante e fino. Um lamento profundo que vibrava em frequências muito além das que os ouvidos daqueles desprezíveis seres que arrastavam-se pelos becos, embriagados, conseguiam sequer apreciar.

Ela ergueu a cabeça para o céu negro e retomou sua caminhada apressada.

...

Quando  chegou à praia, o oceano a recebeu com estrondos. Parecia que o próprio mar expulsava, de suas profundezas abissais, esquifes espumantes de água negra.

Ela caiu de joelhos na areia, sentindo-a arranhar-lhe a pele fina, e permitiu-se realmente chorar.

Ela gritou e jogou os braços em volta de si, acertando o chão com socos que erguiam nuvens de areia tão altas quanto as ondas do oceano. Ela rodopiou na areia, erguendo uma onda de pó ao ar úmido.  E então parou, exausta, de joelhos e punhos sangrentos. Uma espessa gota de sangue escorreu por entre seus dedos retorcidos de forma grotesca, pintando a areia do que, naquele escuro, era como piche.

Por um momento, houve silêncio.

Então, a medida que ela erguia o rosto tomado pelo cabelo molhado, atrás de si surgiam outras como ela, andando juntas em direção ao oceano. Elas não olharam uma para as outras e nem sequer dirigiram uma palavra. Não havia necessidade. Não restara nada a ser dito.

Ela suspirou profundamente, segurando o ar pelo que pareceu ser uma eternidade. Então deixou ir, levantando-se, sem retirar os olhos do oceano tempestuoso.

Alinhadas diante da areia, as sirenas despedaçaram seus rostos humanos, escancarando a boca em um grito tão profundo que, pela primeira vez, parecia que a terra respondia às ondas do mar. Uma forte onda partiu da praia em direção ao oceano, quebrando e engolfando as que vinham na direção contrária, para então dissolver-se distante, em uma grande explosão espumante de água salgada, como em um mergulho.

...

Nas profundezas abissais, uma única silhueta de uma sirena flutua no grande e vazio azul.

Do alto, uma grande onda sonora atravessa pelo seu corpo, acentuando sua sombra como um pulsar de luz .

No mesmo instante, incontáveis cardumes de sirenas rasgam o oceano à sua volta, deixando um rastro distorcido de bolhas e espuma pela velocidade perturbadora.

O lamento fora atendido.

[Evento Finalizado]
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