A chuva era bastante incômoda, mas, fazer o que se aquele dia era o dia escolhido. A chuva poderia ser imprevisível para a maioria das pessoas mas não para mim. Se desse um exemplo, poderia dizer que se com dons de clarividência, se tornaria mais fácil que eu pudesse prever as coisas, como o clima, o futuro. Mas fato era que eu ainda não havia sentado a bunda no chão para estudar o que era necessário para aprender a capacidade de ler o futuro. Enfim, não era esse o foco. Havia um motivo pelo qual eu havia ido ali, em Hähle.

A amiga maluca de meu pai há um tempo atrás quase me arrancou a cabeça, mas foi tudo uma situação de mal entendido. Como sempre né. As coisas são complicadas. Meu corpo estava ensopado enquanto eu dava passos, pisando sobre o solo, de modo que a água e a lama poderiam espirrar para os cantos. Mas, como ser da natureza, era notório o quanto a sensação era boa, do friozinho da chuva e do refresco. Passei por entre as árvores, parando em seguida. Meu pai estava lá, me olhando de cima. Ele era um monstro em termos físicos.

Nunca havia visto alguém como ele. Quem ele estava querendo superar? Alguém em específico? Pelo que pude observar em poucos meses, ele sempre estava se aprimorando, treinando todos os dias. Era uma reserva especial de sua rotina dedicar algumas horas para a meditação e treino pesado, da mesma forma que eu me dedicada a estudar meus livros e códices bruxos. Eu não era um bruxo completo, uma parte de mim era humana, e eu precisava… Aprimorar isso. Assim que parei, o velho olhou para mim e perguntou se eu estava pronto.

— Sim… Eu tenho que honrar o objetivo de minha mãe. Acho que se ficar só na magia e não fortalecer o físico, não irei a lugar nenhum. — Fiz uma expressão mais carrancuda que o normal, mantendo as sobrancelhas curvadas, como se fosse alguém meio esquentado, mas não importava muito. Meu pai era igualzinho. Fechei os punhos, esperando meu próximo movimento. Uma rápida olhada foi feita, o pai havia soltado as katanas, o que dizia que seria só no mano a mano.