Keith cada vez mais se apegava a Tristan, gostava de tê-lo com eles. O menino parecia que deixava o dia deles mais alegre. Até mesmo começou a ensinar algumas letras para ele.

Keenan também o ensinou um pouco a treinar com a espada de madeira, ao menos não era tão perigoso quanto os métodos de Amelie. Neste dia o humor de sua amada não era dos melhores. Já havia um tempo que ela se sentia assim. Keith não conseguia entender o motivo, mas não exigia muito dela, só de estar perto dele já era suficiente. Depois do que ela passou, imaginava que ela deveria ficar mal. Até tentava pensar em algo para animá-la.

Quando ela saiu, o impuro avisou a Tristan:

– Espere um pouco, vou ver o que houve com a Amelie. Tenho que verificar se ela vai voltar bem.

Foi atrás dela. Ele era como um cão de guarda, não gostava de deixar Amelie sozinha em nenhum momento. Nunca sabia que tipo de pessoa mal intencionada poderia aparecer. Sentiu os pingos da chuva sobre sua pele e seus cabelos, mas não se importava. Descobriu que ela havia ido ao banheiro, então esperou de guarda.

Assim que ela saiu, olhou para sua amada, mas esta apenas bufou passando por ele. Sabia que ela devia achar isso chato, mas não tinha como evitar, sua amada vivia se ferindo ou entrando em situações difíceis. A seguiu e notou que ela entrou na sala de Elliot, então esperou do lado de fora para a dar um pouco de espaço. Depois perguntaria o que houve.

Será que tinha se machucado ou se sentia mal? Essas preocupações começavam a afligi-lo. Demorava para ela sair da sala do médico, então ficou ainda mais nervoso. Foi até a beirada do convés e olhou para o imenso mar. Amava viver com Amelie e agora com Tristan. Não era preciso muito para agradá-lo, só precisava da presença dela e dos carinhos.

Entretanto qualquer coisa que ameaçava isso o deixava aflito e angustiado. Demorou e isso o deixou muito preocupado. Quando ela voltou enfim, lançou um olhar para ela e antes que perguntasse algo a escutou. Arregalou os olhos quando soube que Elliot tinha apanhado.

Então veio a revelação que ela não era infértil. O rosto de Keith ficou mais branco que o normal. Será que...? Logo sentiu um pânico tomar conta de si. Não queria por um bebê nesse mundo terrível, ainda mais se ele fosse deformado como ele mesmo havia nascido.

– Amor...

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, Amelie veio com algo pior. Não sabia nem como reagir. Por alguns segundos ficou parado sentindo a chuva fraca caindo sobre sua cabeça. Chegou a recuar um passo para trás desnorteado. Levou a mão a testa.

Era muita coisa para sua mente. Amelie havia voltado a beber escondida dele. Por que ela fazia isso? Ela estava se matando mesmo depois de tudo... Não sabia como proceder a isso. O coração apertava com medo de perdê-la. Agora que já conhecia o amor, não conseguia viver sem ele. Amelie era tudo para ele. Por que ela o machucava tanto assim?

Para piorar sua amada havia ficado grávida. Agora fazia sentido ela ter dado um surra em Elliot. Ele errou... Podiam ter corrido o risco de ter filhos todo esse tempo e também de vir crias daqueles idiotas nojentos...

Sentiu seu estômago embrulhar. Segurou na beirada do convés meio tonto. Um sentimento de culpa o invadiu também, não queria um bebê e achava melhor ele ter partido do que ficado nesse mundo. Por isso a culpa o invadia cruelmente. Provavelmente foi o que seus pais pensaram quando o deixaram no lixo.  Seu filho não merecia esses sentimentos, não merecia ser indesejável. Mas não era como seus pais, não o queria pelo que ele era, mas pelo que passaria.

Respirou fundo ainda sem saber o que fazer. Como fazer ela parar de beber? Pronunciou então uma pergunta como se tivesse dificuldade para isso:

–Por que?  

Seus olhos pareciam um oceano em tempestade.

–Amelie... Por que faz isso comigo?! Você está se matando escondido de mim! O que eu mais amo nessa vida é só ficar com você... Não é ouro, não é nada... Só estar com você. É pedir muito? E... Esse bebê... Co.. Como? Como pode ter filhos? Esse tempo todo...

Engoliu em seco um nó que formava na sua garganta. Lágrimas fugiram dos seus olhos.

–Eu já falei... Estamos juntos em todos os momentos... Se você se machuca...

Levou então a mão ao cabo da espada, a desembainhou e levou até seu braço para se cortar. Um filete de sangue surgiu na sua pele. Tinha falado que iria fazer isso, então cumpriria. Não sabia mais o que fazer para ela mudar de ideia.

Então cada vez que ela bebesse. que fizesse mal a si mesma e desse um passo na direção da morte, ele causaria dor a si mesmo fisicamente. Pelo menos até encontrar algo que o mataria igualmente. Se ela queria morrer, então iria junto, não ficaria sozinho. Não sabia que resultado isso daria, mas já estava louco sem saber o que fazer. Não podia algemá-la ao seu braço, não podia ficar sempre acordado sem dormir e vigiando.

De certa forma a dor do corte o levou a desfocar nos seus sentimentos angustiantes. Só que algo veio na sua mente também, um novo rosto, o menino Tristan. Isso fez sentir um medo terrível no peito.

Como braço sangrando, Keith sentia o peito subindo e descendo, desesperado. Olhou para Amelie quando ela disse que precisava de um segundo e a viu saindo apressada dali. Vê-la se distanciando o fez sofrer ainda mais.

Ajoelhou-se no chão sentindo-se sem forças. Voltou o olhar para seu corte. O tocou com a ponta dos dedos vendo a cor do sangue em suas digitais. Em que ponto haviam chegado? Sentia-se sem chão. Como se o que tivesse escapasse de suas mãos mãos  levado pelo vento.

Chorou copiosamente ali mesmo ajoelhado no convés. Havia tentado de tudo, mas nada dava certo. Sua felicidade continuava escapando de suas mãos. Ela sempre ia embora e não conseguia impedir.

O seu amor cada vez mais dava passos para longe dele. Amelie queria apressar isso. Não era o bastante para ela, não era suficiente para fazê-la feliz. Estaria se tornando um fardo? O que fazia de errado? O poderia fazer de certo? Como a deixaria feliz a ponto de não precisar beber? Nem mesmo ter Tristan com eles ajudava nisso. Ás vezes sentia que o menino só o prejudicava. O que faria ao perder Amelie? Não podia deixar o garoto. Não podia morrer com ela? Seu coração doía como se o tivessem atravessado uma adaga.

– Isso é muito pouco... Um corte é pouco... - Sussurrou para si mesmo.

Olhou para os próprios pulsos. Não queria essa vida, se não podia voltar ao passado não queria esse futuro. Sentia vontade de gritar e fazer um escanda-lo, quebrar tudo, chorar até não aguentar mais. Dar um fim a tudo antes de ter que entrar nessa tempestade que só ficava ainda mais escura.

Só que nada disso mudaria os fatos.

Mas tinha que encontrar algo, deveria ter alguma coisa nesse mundo caótico que os ajudassem. Já que não era o bastante para Amelie, era necessário procurar algo que fosse capaz de ajudá-la.

Notou que precisava ir atrás dela, sabia como Amelie era. Tudo podia acontecer. E se ela pulasse do navio? Começou a ficar desesperado de novo ao pensar sobre isso. Então enxugou os olhos e se levantou. Precisava procurar por sua esposa.

Correu pelo convés perguntando para onde haviam visto ela. Então chegou até a cabine do capitão.

– Amelie... Amor... - Chamou por ela na porta.

Ao vê-la chorando foi até ela e a abraçou. Embora não soubesse se ela ia reclamar ou desvencilhar-se.

–Desculpe... Eu só quero salvar você... - Disse com a voz embargada sem se importar com a presença de Flint.

Keith ficou pasmo com as palavras de Amelie. Como ela achava que ele podia continuar vivendo sem ela? E ainda mais falar isso. Sua esposa iria se matar? O impuro se sentia tão mal que começava a tremer. Olhou para o capitão aflito, mas não tinha tempo.

– AMELIE! -- Gritou.

Precisava impedir ela de fazer o que estivesse pensando em fazer! Mais uma vez saiu correndo atrás dela. Havia perdido a conta de quantas vezes tinha que ir atrás, não era o mais rápido nisso. Não era tão rápido quanto ela e nem havia cuidado do seu braço. Mas não importava. Se demorasse podia perder ela.

–Para onde foi uma mulher cabelo ruivo comprido?!

Perguntava desesperado por onde passava.

–Por favor, viu uma mulher passar por aqui de cabelos vermelhos?

Pelo menos no navio não falaram ter visto ela se jogando. Sua cabeça começava a doer, latejava e parecia que ia explodir. A encontrou enfim em um bar. Entrou desesperado e ofegante. A viu com uma garrafa de vinho, isso lhe doía o coração. Já sem raciocinar direito puxou a garrafa da mão dela e a arremessou no chão a quebrando em pedaços:

– Se quer essa merda vai ter que falar comigo! As coisas não funcionam assim! Não da para viver sem você! Se quer morrer mesmo, me fala! Quer me xingar? Me xinga, mas por favor Para de fugir de mim! Se matar não vai adiantar! Só vai nos torturar mais e mais! Fala comigo ou me mata de uma vez!

Keith respirou fundo quando ela falou sobre ter que pagar a bebida. Isso era o menor dos problemas ali! Se sua amada queria se matar, pouco importava como ia gastar as moedas. Ele não se importava nem se teria platéia das outras pessoas. O peito subia e descia ofegane.

– Pagar aquilo é o menor dos problemas aqui!

A encarou esperando alguma palavra dela. Enfim Amelie falou alguma coisa. As palavras dela dilaceravam seu coração. Como convencê-la que nunca seria melhor para eles que ela fosse embora? Nunca. Na verdade essa era a pior opção.

As próximas palavras também machucaram bastante. Keith não queria ser um trouxa que chorava por tudo. Mas não podia evitar das lágrimas caíram de seus olhos. As pessoas iriam ver, mas o que importava mais agora? Sua esposa dizia que não tinha jeito, que se arrependia do que para ele foi a melhor coisa na sua vida. Ela não queria mais viver nem do seu lado. Queria ir embora da vida inteira, inclusive dele. Sentia-se sendo abandonado, deixado para trás.

A observou pedir mais vinho. Trincou os dentes aborrecido e enxugou mais uma lágrima que caia. Sentou a contra gosto do lado dela enquanto ela simplesmente resolvia se destruir. Sua vontade era sacudí-la, gritar e implorar para Amelie parar de fazer isso com ela e com ele.

– Amelie... Começou.

Mas engoliu o nó enorme que forma-se na sua garganta. Não queria mais brigar nem ameaçar. Embora estivesse disposto a se cortar inteiro, sabia que isso não iria adiantar. Amelie iria fugir e deixá-lo de novo e de novo. Agora ainda ia deixá-lo com Tristan. Odiava o vinho, odiava agora qualquer coisa que tivesse alcool. Essa merda o fazia querer queimar todos os bares de Hahle. Imaginou-se atirando na cabeça do taberneiro e em todas as garrafas que estavam ali. Melhor ainda, tacaria fogo em tudo.

Porém respirou fundo, deixar o fogo queimar dentro de si só o faria piorar as coisas. Aquele monstro acabaria aparecendo de novo. Embora estivesse realmente com vontade de disso e se matar junto com o fogo e todos. Nem tinha alguém que podia aconselhá-lo, ninguém para dizer o que seria certo de fazer. Sozinho e com seu amor querendo ir embora para sempre.

– Amelie... Está mesmo arrependida do que foi a melhor que coisa na minha vida? - Indagou chorando.

Precisou engolir alguns soluços para continuar:

–Eu repetiria tudo de novo, milhares de vezes.

Não era como se esperasse uma resposta, continuou tentando acalmar seu próprio coração, enxugou as lágrimas e tentou falar calmo:

– Não foi sua culpa perder o nosso filho... Você não sabia dele. E foi melhor para ele ir, nunca vai saber o que é dor, não vai ter que ser um deformado impuro... Não vai ter que viver sozinho... 

Engoliu novamente a seco e continuou com a voz mais triste, mais calma e baixa:

– E nunca vai ser melhor para todos você ir embora, nunca vai ser. Você é minha vida, sem você eu morro de tristeza, não vou aguentar, como isso é melhor para todos?! Eu vou até o fim do mundo, mas sem você não consigo viver...

Chorou nessa parte, porque doía demais imaginar-se sem ela. Amelie estava se matando do seu lado e ainda dizia ser o melhor. Como por isso na mente dela?

–Eu sei, você mudou, todos mudamos, mas nunca vai ser melhor sem você. Entenda isso Amelie, é horrível ficar sem você, para de achar que é melhor, você nem mesmo me pergunta o que seria melhor para mim. Por que acha que me cortei? Porque me doí muito te ver se destruindo e me deixando. Se você morrer então...

Keith sentia que nem podia encostar nela. Queria abraçá-la e não podia. Queria ser egoísta para se matar de uma vez sem pensar no Tristan. Não suportaria ser deixado assim, ficar em um mundo sem ela, não dava. Era horrível demais.

–Como seria a melhor coisa ser abandonado por quem eu mais amo? Eu sou tão feliz com você... Só sentir o seu cheiro já é melhor do viver em qualquer mansão. É triste saber que não sente o mesmo, que não sou capaz de te curar...  

Acrescentou fungando:

– Eu não vou te abandonar Amelie, nunca. Deve ter um jeito, vou procurar uma erva para te curar nos elfos, vou procurar um bruxo para te fazer esquecer o que passou... Não desiste de viver e nem de mim... Por favor... 

Olhou para o balcão dessa vez e finalizou:

–Mesmo que nem você acredite que tenha salvação, eu acredito. Vou achar uma cura para você. Mesmo que não queira ficar comigo... Vou te fazer querer viver de novo ou vou morrer tentando, sem você eu já tô morto mesmo...  

Abaixou a cabeça no balcão a escondendo entre os braços. Não sabia mais o que dizer, parecia que falava com a parede. Sentia que nada do que falasse resolveria, sentia-se aquele bebê de novo, aquele menino que não podia fazer nada para os seus pais voltarem.  Nem mesmo podia morrer junto porque tinha o Tristan, se ao menos conseguisse alguém bom para ficar com ele.  Não, não podia pensar nisso, tinha salvar Amelie de alguma forma. Talvez encontrasse alguém que podia fazer alguma coisa independente do preço disso. Mesmo que ela o esquecesse, Keith estava disposto a salvar sua mulher.

Keith escondia o rosto entre os braços, chorava. Sua esposa estava se destruindo, ia perdê-la e não conseguia mudar isso. Precisava lutar mais, procurar algo para ajudar, pois só ele não podia fazer nada. Sentia como se Amelie andasse por uma corda bamba, tentando equilibrar e ele tentando fazer o que fosse possível para ela não cair, mas segurar a mão dela não era suficiente. Sua esposa estava caindo do mesmo jeito.

Então sentiu ela o puxando e o abraçando. O impuro apenas se entregou ao gesto e ficou chorando baixo. O cheiro dela, esse carinho, eram as únicas boas na sua vida. Não precisava de mais nada se tivesse isso. Mas tudo seria tirado dele. Como seria horrível viver sem ela.

Em silêncio a escutou, as palavras dela o fizeram chorar mais. Um filho poderia mesmo ter mudado alguma coisa? Poderia os fazer viver essa vida utópica? Ele seria parecido com Amelie? Mas tudo eram apenas suposições. A vida tornava impossível seus sonhos. A deixou continuar falar, permaneceu em silêncio na mesma posição que ela o abraçou.

Amelie o dizia que tentava melhorar, mas não conseguia, a dor era pior. Isso fazia seu coração doer. Embora não fosse o suficiente para curá-la, era bom ouvi-la dizer que ela queria também passar a eternidade com ela. Isso o fazia se sentir menos pior, mas ainda era horrível não conseguir ajudar. Não conseguir tirar ela desse oceano de dor.

Tentava com todas as suas forças a entender. Palavras não a fariam curar-se, nem brigar ou prendê-la.

Como salvaria sua amada desse afogamento? Lágrimas já saiam dos seus olhos sem parar e sem controle. Como um copo transbordando. Levantou um pouco os braços e abraçou na cintura sem sair do lugar. Não sabia se chorava porque a ouvia dizer que queria ficar com ele ou se seu pranto era por ela não conseguir salvar-se.

– Você não me destrói... Você me salvou... Desde o dia que nos conhecemos, você me salvou - Disse para ela com a voz embargada – Não é sua culpa estar se afogando... Lembra, eu tô aqui... Não está sozinha Amelie, tem que se acostumar que tem ajuda, não vou mais brigar com você, não precisa fugir... Confia em mim, você tem que ficar perto... Não precisa acreditar em você se não consegue, eu acredito por nós dois.

Fungou um pouco antes de continuar:

– Vou achar uma forma de te tirar desse oceano... Não é sua culpa. A vida tira as coisas de nós, mas não vou deixar tirar você de mim. Vou procurar um meio... Te curar...

Agora compreendia melhor Amelie, embora fosse terrível do mesmo jeito. Sua amada não conseguia ficar bem e sentia necessidade de beber, era mais forte do que ela. O impuro odiava o álcool por causar isso a sua esposa. Era como competir com ele. Queria ter o efeito que a bebida a proporcionava. Será que assim ela resistiria?

Mas só havia um jeito de impedi-la, a amarrando ou a trancando e isso estava fora de questão. Sua mente pensava em mil coisas enquanto a abraçava, buscava soluções, porque não queria perder Amelie. Ela era tudo para ele. Após alguns minutos, a esposa se afastou o segundo no rosto. Keith arqueou as sobrancelhas quando a ouviu dizer que Elliot tinha errado.

Podia ser uma possibilidade, mas não achava que teriam tanta sorte assim. Sentia pena de Amelie por vê-la animar-se com isso. Ela queria tanto beber, era mais forte do que ela. Como dizer que não era bem assim? Qual era o jeito certo de avisar sem entristecê-la? Preocupado respondeu:

– Amor... Pode ser uma possibilidade... Mas é melhor evitar até sabermos realmente... Tenta ir com calma... Só um pouco já está bom...

Tinha medo que se ela bebesse demais o processo seria muito rápido. Precisava de tempo para procurar uma cura e não fazia ideia do quão rápido a bebida poderia fazer mal a sua amada. Então negociar com jeitinho:

–Vamos fazer assim... Bebe só um pouco, porque se fizer mal vai fazer pouco até termos tempo de saber o que é... Por favor amor... Só um pouco...

Enquanto falavam sobre isso, algumas pessoas entrava me saiam do bar. Um senhor em especial se sentou e não parava de olhar para eles meio surpreso, meio em dúvida.

Keith esboçou um leve sorriso quando ela concordou. Retribuiu quando recebeu o beijo dela. Estava cansado de se importar com os outros e o que iriam pensar. Não lhe importava mais as regras da sociedade. Só o importava ter sua amada.

A encarou apaixonado quando ela falava sobre o amar e sobre tentar. Sorriu com os olhos cansados de preocupação. Qualquer luz no meio da escuridão que vivia era melhor do que afundar de uma vez. Uma esperança surgia de serem felizes apesar de tudo. Teria que encontrar uma cura para Amelie ou dar sorte do destino ter feito Elliot errar.

O impuro sentia como se ouvisse o tic-tac de relógio, um tempo que não sabia o quanto era. O tempo que tinha para agir, para fazer alguma coisa e impedir que o mundo deles desmoronasse. Entretanto ouvir ela dizer que o amava assim o fazia se sentir capaz de rodar o mundo inteiro por ela e enfrentar qualquer coisa.

– Nós vamos conseguir, meu amor - Sorriu – É tão bom te ouvir falar isso, não precisar pedir desculpas, eu entendi, não é culpa sua... Eu que te amo muito, muito, muito.

Infelizmente foram interrompidos pela chegada de um ser indesejável. Keith se virou na direção do homem meio confuso no começo, mas quando o ouviu o chamando desse jeito, seu semblante esmoreceu. Fazia tempo que não o identificavam desse jeito. O passado veio a tona sobre suas costas. A época que sentia-se constrangido só por ser ele mesmo, quando não podia nem correr.

Entretanto este homem não o ofendeu apenas, mas a sua esposa. Isso o deixou realmente aborrecido. Já ia se levantar para tomar alguma providência, mas esposa foi mais rápida.

Vê-la batendo no homem sem parar o fez ficar mais preocupado do que com raiva. Não queria atrair os vigilantes, então se aproximando dela a chamou:

–Amor, deixa esse verme ai! Deixa ele vivo para contar o que acontece e vamos sair daqui antes que mais apareçam.

A briga chamou atenção das pessoas do bar, isso o fez ficar ainda mais preocupado. Um homem brutamontes saiu de trás do balcão em direção e eles. Keith se colocou na frente da esposa.

– Não vão brigar no meu bar! – Exclamou o homem.

Este avançou contra o impuro o socando no rosto. Keith retribuiu com chute de sua falsa perna, o homem cambaleou para trás.

–Amor?! Melhor a gente ir... Acabo de chutar acho que o dono do lugar!