{RP - +18} A pirata e o impuro.

A cirurgia de Keith foi algo mais complicado e doloroso do que Amelia atenripara, apesar de ter visto várias cirurgias e de ter passado por uma, ela mesma, era algo completamente diferente, porque não era um tripulante qualquer machucado, era a pessoa que ela mais amava no mundo inteiro, Durante a cirurgia esteve ao lado dele o tempo inteiro, murmurando que ela estava ali e que tudo iria estar bem, apesar de seu medo de Elliot não fazer da forma correta. Ele havia salvado a sua vida  e confiava no médico de óculos pequenos o bastante para colocar o homem que amava sob seus cuidados. Demorou até Keith finalmente poder se levantar e andar por si, algo que a preocupou desde o início, mas trouxe conforto ao ver o quanto o homem que amava era forte e conseguira aguentar todo o processo da cirurgia, depois disso sua recuperaçãp, embora Amelie precisasse se recuperar por si só, ela não soltou a mão de Keith nem por um minuro e embora seus pontos doessem e ela precisasse de alcóol para diminuir a dor, sempre esteve ao seu lado. Ao embarcarem em Hahle, Blackmore era tão grande e tão reconhecido, que ninguém teve as tripas de falar qualquer coisa para nenhum dos cem tripulantes, pois sabiam o que era Blackmore e o que sua tripulação signficava, Ainda era estranho caminhar por Hahle com uma mão segurando a sua, mas se sentia estranhamente feliz ao tê-lo segurando sua mão, agora não mais mancando, guiando-a pelas ruas e ruelas de Hahle que antes ela teria facilmente furtado, enquanto ele falava com um sorriso no rosto sobre como seria conseguir dois anéis idênticos para ambosm enquanto ele olhava e analisava as roupas disponíveis nas lojas, ela mantia uma certa distância, para ter certeza que nenhumm dos vendedores o tratassem mal ou o olhassem de relance por conta das vestes piratas de Blackmore, ela mantia distância o suficiente para observar como o tratavam, com as mãos nas espadas, apesar de não precisaer. Quando ele  a chammou, ela guardou as espadas, ainda as mantêndo sob guarda, até que ele tirou seu chapéu, que sempre usava, substiutindo por outro. Amelie fez uma careta d desgpsroo, mas suspirou, um suspiro cansado.

— Amor, eu não vesriria isso nem por uma foda... Com você...  —
Suas bochehchas coraram ao falar aquilo, mas disse mesmo assim. Gostava do quão entusiasmado ele ficava ao provar as roupas e chapéis e isso trazia um sorriso para o rosto de Amelie, algo raro de se obter. — Preto realça seus cabelos e olhos, acho que combina com você, amor... — Já não era mais tão estranho chamá-lo por outro nome que não fosse o dele. — Seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ela continuou ainda assim. O apreviciava trocar as roupas, fazendo piadas, gostá-va de vê-lo feliz,, com um sorriso brincalhão no rosto o assistia provando casacos e chapéis, embora alguns deles não fizessem nenhum sentido em Hahle, ela acenava com a cabeça, com os braços cruzados no canto da loja, o vendo rir e fazer piadas, rindo de volta.

Ver Keith andando normalmente, entusiasmado pelas ruas e lojas, às vezes quase correndo, deixou Amelie muito feliz, principalmente por não vê-lo mancando mais. É claro que uma perna pirata de madeira não era o ideal, mas era melhor do que sofrer com uma perna deformada e estar em dor o tempo todo. Ela o acompanhava enquanto ele a puxava pela mão com um sorriso no rosto, sem olhar para frente e mal olhando para as roupas, apenas para ele, apreciando como ele estava feliz e animado. Quando ele a beijou, ela queria beijá-lo com mais intensidade, mas ele logo se afastou, talvez não quisesse mostrar intimidade em público.

Continuavam andando pelas ruas de Hahle quando ele parou e foi para trás dela, a envolvendo pela cintura e falando sobre a loja de anéis. Seu coração bateu rápido, mais pelo toque corporal, ele iria realmente comprar um anel para os dois... Nunca imaginou que teria este tipo de ação ou afeto direcionado a ela, então perdeu as palavras, apenas o acompanhou até a loja.

Ele começou a procurar avidamente por algum anel enquanto ele o observava, um pouco surpresa, mas com um pequeno sorriso no rosto e os olhos brilhando. Ele era tão fofo e adorável, não conseguia imaginar como alguém daquele jeito havia conquistado seu coração de "pedra" como chamavam no navio. Nunca achou que seria conquistada na verdade, mas parecia que as asas do destino tinham outros planos para ela. Quando ele se virou e a chamou de amor, perguntando se ela havia gostado daquele anel, ela observou com cuidado e fez que sim com a cabeça, com um sorriso no rosto. Tudo o que conseguira em sua vida havia sido por furtos, as únicas coisas que comprou foram suas roupas e bebida, agora alguém iria comprar algo pra ela. Parecia tão surreal. Seu sorriso se abriu mais.

— É perfeito!  — Estava com um entusiasmo visível, embora tentasse se controlar.

Então ele colocou o dedo no anel dela, ela não sabia se aquele era o lugar certo, mas quando o fez seu coração pulsou tão rápido que parecia que iria explodir. Seu rosto ficou vermelho, ela olhou o anel em seu dedo, entre os anéis velhos que havia conseguido por saques em navios e arregalou um pouco os olhos, respirando rapidamente. Ao ouvir suas palavras seu rosto ficou mais vermelho ainda, seus olhos se arregalaram ainda mais, seus lábios se entreabriram, ela olhou nos olhos de Keith e sorriu.

— Juntos pra sempre. — Murmurou sorrindo igualmente. Segurou seu rosto com rapidez e o beijou. Beijou de verdade, não se importava se outras pessoas estavam ali, era como se existissem apenas eles dois no mundo. Segurava seu rosto com as duas mãos e suas línguas dançavam, ela se esqueceu até de quem era. Ao se afastar, olhou em seus olhos com o rosto perto do dele e disse, baixo: — Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Amelie se perdia no beijo apaixonado de Keith após colocar o anel em seu dedo. Seu coração esquentou e acelerou com seu toque, casamento era algo que ela nunca achou que teria, que alguém poderia amá-la por conta de seu temperamento, mas lá estavam eles, casados, envolvidos nos braços um do outro até que alguém os interrompeu. Keith afastou-se dela rapidamente e Amelie começou a ouvir as palavras que o homem dizia, a paixão agora dando lugar à outra coisa: ódio.

Quanto mais Hamish falava, mais Amelie tinha ódio. Quando ele o chamou de aleijado inútil e o xingou, falando sobre como deveria tê-lo abandonado à morte, chamando-o de verme inútil, que ele deveria ter sido abortado... Continuando chamando-o de aleijado. O ódio só crescia, seu peito ardia em ódio, sua expressão logo mudou para uma expressão tão odiosa que qualquer pessoa cairia aos seus pés antes de fazer qualquer ataque contra ela. Nunca havia sentido tanto ódio em toda a sua vida.

Então ele gargalhou com deboche e falou de sua perna, o chamou de impuro, o que fez com que Amelie tivesse mais ódio ainda. Ela foi se aproximando lentamente enquanto ele gritava com Keith, um andar que indicava seu ódio.

Não se importou quando Hamish a chamou de meretriz, estava pouco se fodendo para o que ele dizia sobre ela, seu ódio estava direcionado totalmente ao que ele dizia a Keith, que com ódio foi protegê-la, mas Hamish continuou, agora rindo sobre eles estarem casados e falando sobre como ela iria abandoná-lo e ele iria voltar correndo com o rabo entre as pernas depois que isso acontecesse, o que nunca iria acontecer.

Amelie não aguentou, puxou suas espadas e rapidamente, quase correndo foi até o velho, colocando uma das espadas em sua garganta e indo para trás dele, falando alto em seu ouvido.

— Já que você quer chamar tanta atenção no meio da rua, xingando MEU marido dessa forma, acho que deveríamos ter uma conversa em público também.  — Sabia que aquilo iria assustar Keith, então olhou para ele e em seguida para Hamish novamente, pressionando a espada contra seu pescoço.

Pressionou tanto que imaginou que deveria estar doendo, mas não se importou, na verdade, gostava da ideia de vê-lo sentir dor. Sua voz era grossa, cheia de ódio, ninguém nunca a vira com tanto ódio, nem mesmo Keith.

— Você não sabe quem eu sou, seu filho da puta. Você não sabe quem eu sou, muito menos com quem mexeu. Conhece o navio Blackmore? Imagino que conheça. Conhece Amelie Mildenhall, essa sou eu, e você acabou de mexer com a pessoa errada, a pior pessoa que você poderia ter mexido. — A voz rouca e alta no ouvido do homem o fez extremecer. Ela continuou. — O verme aqui é você, o filho da puta aqui é você, seu merda! Você não sabe de porra nenhuma, é até bom que esteja passando fome, é o que você merece e você não vai ver um centavo em troca da vida de merda que deu pra ele. Acha que maltratar alguém e fazê-lo passar fome em prol do seu próprio lucro é cuidar? Se essa é a ideia que você tem de cuidar, vou cuidar de você então.

Com isso tirou a espada de seu pescoço e jogou o velho no chão, olhou para Keith, guardando suas espadas. Queria ter certeza de que ele estava confortável com o que ela iria fazer em seguida.

Então primeiro o chutou nas costas, andando ao seu redor lentamente.

— Você não sabe quem eu sou! — Algumas pessoas pararam para ver o que estava acontecendo, mas Amelie conseguia apenas se concentrar no ódio que estava sentindo. — Você mexeu com a pessoa errada, que não sou eu, mas MEU marido. Acha que pode vir aqui e falar a merda que quiser?! Vai, xinga mais, quanto mais você xinga mais eu te encho de porrada.

Depois chutou seu rosto, subiu em cima dele e começou a socá-lo com tanta força que ouviu seu nariz quebrar. Estava com tanta raiva que não conseguia controlar suas próprias mãos, mas mantia em mente o que havia prometido a Keith, não iria batê-lo o suficiente para matá-lo. Saiu de cima dele, pois não queria estar tão próxima de um verme como aquele.

— Você... — Chutou sua barriga com sua bota, de maneira muito forte. O homem cuspiu no chão o sangue que descia do seu nariz. — Mexeu... — Outro chute agora mais forte. Ele grunhiu de dor, mas parecia que queria continuar xingando. — COM A PORRA DA PESSOA ERRADA.

Amelie não conseguiu se controlar e gritou, chutando-o novamente várias vezes.

Ao ouvi-lo xingando novamente ela continuou socando seu rosto até ouvir seu nariz quebrar de novo.

— Vai continuar, seu merda? — Falou alto perto do seu rosto, pegou sua espada novamente e colocou-a contra seu pescoço.

Estava com tanto ódio, queria tanto poder matá-lo ali, sem se importar com nada, mas deveria continuar pensando no que havia prometo para Keith. Não podia quebrar esta promessa.

— Ele não é propriedade de ninguém, muito menos sua! Algum dia eu vou te encontrar e eu vou te torturar por dias, fazer você pedir perdão por tudo o que já disse ou fez com ele e no final, essa espada que está no seu pescoço agora vai perfurar seu coração lentamente, você vai sangrar até morrer na sua oficina de merda, se perguntando o porquê de não ter ouvido o que aquela pirata disse meses ou anos atrás.

Levantou-se depois de lhe dar outro soco e voltou a chutá-lo com toda a sua força, mas em um dos chutes, ele conseguiu segurar sua perna e puxá-la, derrubando-a no chão. Sua espada caiu e ele subiu em cima dela, pesado e pingando sangue. Então socou seu rosto antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, sua cabeça girou e ele a socou novamente na mandíbula. Amelie gemeu de dor e deu um chute com o joelho nas bolas do velho, ele gritou de dor dando espaço pra que ela usasse suas mãos para sufocá-lo. Em uma luta corporal eles continuaram brigando, enquanto ela tentava sufocá-lo o suficiente para ele perder a consciência e não morrer, ele segurou o rosto dela com a mão ensanguentada e apertou, fazendo-a gemer de dor. Então Amelie levou as mãos até o rosto dele também, pressionando seus olhos com força enquanto grunhia com a dor do peso dele em seu corpo e a mão que fazia os hematomas que ela acabara de ganhar doerem mais ainda.

Amelie se levantou quando Keith conseguiu tirá-lo de cima dela. O soco em sua mandíbula fez seus dentes sangrarem, ela cuspiu o sangue no chão e não se importou de limpar sua boca, apenas foi em passos largos até Keith e Hamish, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa Keith começou a socá-lo com toda sua força. O homem gemia de dor, mas ele continuava, parecia perdido em um frenesi de ódio, talvez por tudo o que viveu com ele, talvez pelo o que ele disse aos dois, talvez por ele ter atacado ela. Ela apenas assistiu com o cenho franzido enquanto ele socava e socava e não parava, até que o velho estava desacordado com o rosto completamente desfigurado.

Amelie caminhou até ele e tocou seu ombro gentilmente, com os olhos marejados por lágrimas ao ver sua dor. Porque aquilo não era apenas ódio, aquilo era dor, uma dor que ele guardava há muito tempo.

— Amor... — O chamou baixo e gentilmente. Keith parou ao ouvi-la e caiu para o lado, sentando-se no chão empoeirado da rua. Ela agachou-se à frente dele e viu que ele chorava, enxugou suas lágrimas com as mãos sujas de sangue e olhou para suas mãos, que estavam muito machucadas, algumas em carne viva, sangrando.

Seu cenho franziu mais ainda ao ver as mãos dele, seus próprios olhos com lágrimas que teimavam em cair. Ela sabia o que aquilo tudo significava para ele, então não disse nada, apenas o abraçou com força, beijando seus cabelos e acariciando suas costas.

— Está tudo bem, meu amor, eu estou aqui...

Tentava não chorar também, mas não conseguiu deixar com que lágrimas teimosas molhassem o sobretudo novo de Keith.

Amelie o abraçava com toda sua força enquanto ele chorava em seus braços. Entendia o que era ser abandonada, rejeitada, maltratada, mas não entendia o que era ser humilhado durante toda uma vida, sem poder se defender porque não havia escolhas. Ela teve uma escolha, embora não digna. Mas compartilhava de sua dor, pois agora eles eram um e ela também chorava, não tanto quanto ele para não preocupá-lo, mas seu coração doía.

Quando ele finalmente parou de chorar e a afastou, seus olhos estavam vermelhos, seu rosto inteiro estava vermelho, isso fez seu coração doer.

— Ele só me deu um soco no rosto e na mandíbula, eu vou ficar bem, não se preocupe comigo... — Seus hematomas eram visíveis e cuspiu sangue no chão, limpando a boca.

Olhou para o velho antes de responder sua pergunta, também preocupada, mas percebeu que ele ainda respirava.

— Sim, meu amor, ele está apenas desacordado.

Seus sentidos aguçados a fizeram olhar para o horizonte, onde viu ao longe vigilantes se aproximando, provavelmente por conta da balbúdia, ou talvez alguém os tivesse chamado ao ver o que estava acontecendo.

— Sim, precisamos sair daqui agora.

Fez sinal para Keith olhar para o horizonte, e o puxou, segurando sua mão o puxando pelas ruas de Hahle até chegarem em um lugar seguro onde não poderiam ser encontrados. Em seguida tomaram caminho até a estalagem mais próxima e logo Amelie estava gritando com a mulher que era dona do local, enfurecida.

— 500 moedas de kham pra duas pessoas?!! — Estava completamente sem paciência, seu rosto e mãos ainda manchados de sangue. — Eu não vou pagar essa merda por essa espelunca!

A mulher olhou para ela e para Keith, com um sorriso debochado no rosto.

— Você prefere passar a noite na prisão? Porque eu sei o que vocês são e eu poderia muito bem chamar os vigilantes e ganhar bem mais do que isso por entregar dois... Piratas.

A última palavra foi falada com desgosto, Amelie fez uma careta e jogou na mesa 500 moedas de Kham.

— Faça isso e minha tripulação irá te encontrar, matar todos que estão aqui, caçar sua família e nos resgatar antes que você pisque os olhos. — Amelie cuspiu na mesa com desgosto. — Navio Blackmore, é uma honra ser sua cliente. — Disse isso com sarcasmo, fazendo sinal para Keith segui-la para o quarto que havia alugado, que tinha uma cama de casal, guarda-roupas e até mesmo uma área separada para cozinhar. Ela sentou na cama tirando as botas e suspirou.

— Porra de oportunistas.

Amelie fez uma careta enquanto ele limpava seu rosto quando tocava nos hematomas, mas não protestou. Era bom estar em um lugar onde poderia relaxar sem preocupações, um lugar só deles, onde nada poderia atingi-los, a não ser que a vagabunda dona da estalagem decidisse contar algo aos vigilantes, mas ela não estava tão preocupada com isso pois sabia que os vigilantes sequer eram páreos para sua tripulação, se fossem presos logo estariam livres e ela iria se vingar, juntamente com a tripulação, então não havia com o que se preocupar.

O ouviu se desculpar sobre Hamish e apenas deu de ombros.

— Eu pretendo ter outra conversinha com ele se o ver outra vez. Não vou permitir que aquele verme xingue meu marido em público como ele fez hoje, não importa o que ele disse ou fez comigo. Um dia eu vou encontrá-lo e ele vai ser torturado por dias, vai se desculpar de novo e de novo por tudo o que te fez passar. Não vou deixar isso passar barato, tudo o que ele fez com você... Não foi certo. A forma que ele falou com você muito menos. Queria ter batido mais, como estão suas mãos? — Acariciou as mãos dele enquanto ele limpava seu rosto e sorriu amorosamente para ele.

Ao ouvir o que disse, soltou uma risada. Tocando seu nariz com o dedo indicador como sempre fazia quando brincava com ele.

— Você não percebeu ainda, não é? Você se defendeu sozinho, amor, eu só enchi ele de porrada.

Então ele deitou na cama e a convidou para deitar-se com ele, numa voz fofa que derretia seu coração. Ela olhou para ele deitado e sorriu, suspirando.

— Preciso tomar um banho antes.

Então se levantou da cama e andou até a mesa de jantar, tirando seu chapéu e colocando cuidadosamente o anel na mesa, não queria que se molhasse. Olhou para Keith de relance, seu coração bateu rápido. Virou-se e começou a tirar as roupas de pirata. Primeiro seu sobretudo preto que sempre usava, depois a calça, seu corpo ainda coberto pela blusa branca que logo foi tirada também por cima de sua cabeça. Foi quando foi possível ver as cicatrizes antigas de chicotadas que ela carregava nas costas, quando seu cabelo subiu por um momento junto com a blusa, mas logo desceu outra vez, as cobrindo. Ela não se importava em se despir em frente a Keith, embora estivesse de costas. Ele era seu marido afinal. Apenas virou para ele por um segundo, envergonhada pelas cicatrizes e se dirigiu até a sala de banho, que era separada do quarto, por ser inverno ouviu as gotas de chuva se chocarem contra o telhado e entrou na banheira de madeira, com água fria, não se importava com a água estar fria, apenas começou a se limpar. Havia suado muito e estava muito suja, não queria continuar assim. Durou poucos minutos pois a água estava bem fria e o frio lá fora já era o suficiente para ela. Pegou um pano, que era como uma toalha, que estava apoiado na banheira e levantou começando a se enxugar. Não molhou seus cabelos pois isso iria apenas piorar o frio que sentia, então levantou-se com o pano cobrindo seu corpo e encontrou Keith no quarto novamente. Olhou para ele por alguns segundos e sorriu, virando-se para sua bolsa grande onde guardara suas roupas, encontrando a camisola branca que usava quando ia dormir. Deixou o pano cair no chão, novamente não se importando com o fato de ele estar ali a observando, e vestiu rapidamente a camisola.

Amelie caminhou até a cama e sentou-se no meio dela, suas bochechas vermelhas por ter feito aquilo pela primeira vez e por estar usando tão pouca roupa próxima a ele. Era diferente no Blackmore, pois havia toda uma tripulação, mas agora eram apenas eles dois em um lugar sozinhos. Ela engoliu em seco olhando para baixo envergonhada. Ele destruía toda a suas defesas.

— Está frio aqui... — Comentou meio sem jeito. Não sabia o porquê de estar tão sem jeito naquele momento, talvez fosse nervosismo ou vergonha, mas foi a única coisa que conseguiu dizer.

Amelie aceitou sentar-se com ele na cama, ele já usava a camisa branca que eles usavam por baixo das roupas de pirata e ela corou, então ele a abraçou e ela retribuiu o abraço, sentindo o calor de seu corpo contra o dela. Realmente não estava frio ali pois a lareira esquentava o ambiente, mas ela estava tão nervosa que não sabia o que dizer. O resultado, entretanto, foi o mais agradável possível.

Então sentiu seus beijos por seu pescoço e ombro, seus pés se contraíram e sua respiração acelerou, mas logo foi cortada quando ele parou e perguntou sobre as cicatrizes em suas costas. Amelie abaixou a cabeça, envergonhada. Ela tinha muitas cicatrizes pelo corpo, mas aquelas eram as únicas que lhe traziam vergonha por serem tão aparentes e tão grandes. Nunca iriam sumir.

— Eu... — Gaguejou ainda olhando para baixo. — Eu fui pega pelos vigilantes uma vez, arrumei uma briga num bar grande e os chamaram, eles reconheceram minhas vestes do Blackmore e me levaram até a prisão onde me torturaram por dias tentando obter informações sobre os membros da tripulação e principalmente Flint, mas eu não disse uma palavra, eu aguentei as dores quando eles usaram um machado pra quebrar meu braço, aguentei as dores quando tentaram me queimar e me encheram de porrada... Mas no último dia se cansaram, me levaram até o lado de fora e me amarraram, começaram a me chicotear enquanto eu estava despida, pedindo informações dizendo que era minha última chance, mas eu não disse nada mesmo assim, mesmo com a dor excruciante, os braços quebrados e o rosto inchado de hematomas, me chicotearam tanto que achei que ia desmaiar, eles planejavam me enforcar em praça pública, como fazem quando conseguem capturar um pirata e me deixar lá à mostra, enquanto meu corpo apodrecia. Mas Flint me encontrou e a tripulação matou todos eles, os que estavam ali pelo menos, me resgataram e cuidaram de mim, do meu braço... Elliot conseguiu recuperar o que fizeram com meu braço, mas as cicatrizes nas minhas costas demoraram a cicatrizar e foi doloroso. Mas eles me salvaram, devo tantas vidas à eles que já perdi as contas.

Ela riu num tom triste.

— Desculpa por você ter que ver isso.

Enfiou o rosto no pescoço dele sentindo os olhos começarem a se encher de lágrimas, mas não se permitiu chorar.

Então ergueu a cabeça para olhá-lo e se aproximou de seu rosto lentamente o beijando intensamente, colocando a mão sobre seu torso.

— Você pode tomar banho depois.

Começou a beijar seu rosto e descer até seu pescoço, depois subindo novamente até seus lábios, os beijando apaixonadamente. Não queria que ele fosse naquele momento, segurou seu rosto com uma das mãos e continuou beijando-o com intensidade, enquanto suas línguas dançavam em uma sintonia apaixonada.

Amelie se surpreendeu quando ele tomou a iniciativa e a deitou na cama, a beijando em seguida. Ele estava muito melhor em beijar, o que a impressionava cada vez mais, tanto que enquanto ele a beijava ela sentia como se estivesse flutuando.

Quando ele desceu até seu pescoço ela fechou os olhos com mais força, então ele desceu até seus seios e Amelie deixou escapar um gemido baixo com a respiração pesada, segurou seus cabelos com os dedos, enquanto ele estava naquela região, então ele se afastou e retirou a camisa, ela olhou rapidamente para sua deformidade mas sorriu, corada, ao vê-lo sem camisa pela primeira vez. Tudo nele era tão lindo.

Mesmo sob o sol e o calor de Hahle, ele era branco demais para conseguir se bronzear, diferente dela que mesmo sendo ruiva e tendo algumas sardas no rosto, se bronzeava com facilidade, principalmente em incursões.

De repente ele parou e ela quis protestar, mas ele falou antes sobre tomar banho. Ela não falou nada, apenas tirou sua camisola expondo seu corpo e o puxou de volta para cima dela, o beijando intensamente enquanto desabotoava seu cinto.

— Você pode tomar banho depois. — Suas palavras saíram meio grogues, mas ele não se opôs, então ela continuou, o ajudando a tirar sua calça.

Envolveu seu corpo no dela com as pernas, suas partes inferiores agora se tocando, ela começou a beijar seu pescoço com intensidade, o que provavelmente iria deixar marcas depois, então o ajudou a inseri-lo com a mão, não conseguindo evitar um gemido um tanto alto quando o fez. Haviam esperado por aquele momento por tanto tempo. Ela pressionou seu corpo contra o dela mais ainda com suas pernas e voltou a beijá-lo enquanto seus corpos se tornavam apenas um. Começou a suar novamente, seu corpo estava quente e o dele mais ainda, segurou seus cabelos com força enquanto arranhava suas costas com a outra mão, sentindo seu coração pulsar tão rápido que parecia que iria explodir. Se desprendeu do beijo dele por um segundo e disse, ofegante:

— L-Lembra do que eu falei. Quando... Quando você começar a sentir que... Que vai sentir a melhor coisa que já sentiu em toda sua vida, você tira.

Voltou a beijá-lo novamente, apaixonadamente, afogada em paixão e no que sentia. Apenas Keith conseguia fazê-la se sentir daquela forma, não se reconhecia enquanto puxava seus cabelos e beijava seu pescoço ou fazia barulhos altos o suficiente para serem ouvidos nos quartos vizinhos. Não se reconhecia enquanto beijava seu pescoço com força ou pressionava mais ainda seus corpos contra o outro. Seu coração estava tão acelerado que ela achou que iria ter um ataque cardíaco, mas não parou. Estava completamente vermelha e ele estava completamente ruborizado, algo que ela achava adorável. Olhou em seus olhos por um breve momento e antes de continuar proferiu:

— Eu te amo.

E beijou-o novamente, enquanto eles continuavam nesta dança como se o mundo inteiro não existisse.

Amelie se frustrou um pouco quando ele saiu de cima dela, mas sabia que era necessário. Não poderia engravidar, tanto por conta do que Keith era e o fato de ele não querer trazer mais impuros ao mundo, quanto ao fato de serem piratas. Como uma pirata iria lutar estando grávida? O pensamento passou por sua cabeça por um momento e ela riu consigo mesma ainda ofegante. Era algo que estava fora de seus planos, de ambos, na verdade, algo que não poderia acontecer nunca.

Sua respiração estava acelerada e ela demorou para lembrar-se de quem era, mas despertou quando sentiu seu abraço e seus lábios tocando os dela novamente. Retribuiu o beijo segurando seu rosto e sorriu ao ouvir suas palavras, ainda ofegante.

— Eu também te amo. Te amo tanto. E sim, vou ficar com você pra sempre. — Envolveu seus dedos nos dele, ambos estavam molhados de suor. — Vamos ficar juntos até que o mundo colapse, até que a vida nos leve, eu prometo.

E ela nunca quebrava uma promessa.

Então escutou sua pergunta e sorriu, ainda ofegante e embriagada de paixão pelo que havia acabado de acontecer. O beijou novamente, ainda segurando sua mão e seu rosto corado com a outra. Se desfez do beijo lentamente e olhou para ele com um olhar apaixonado.

— Fico feliz em saber que foi bom pra você, não queria que sua primeira vez fosse ruim, mas parece que eram preocupações tolas.  

Ela admirou seu rosto iluminado pelo fogo da lareira e as velas, ele era tão lindo, principalmente sem roupa. Voltou a olhá-lo nos olhos novamente enquanto acariciava seu rosto.

— Sim, eu também me sinto assim. Embora eu não tenha... Bem... Err... Sentido o que você sentiu no final... Foi a melhor coisa que já senti em toda minha vida.

Talvez pela paixão, talvez pelo amor intenso que os dois sentiam. Ela não se importava, estava feliz por ele estar feliz. Acariciava seu rosto enquanto sorria, ainda ofegante, pensando em como tudo havia mudado em tão pouco tempo, em como tinha tido sorte de ter encontrado o amor de sua vida nas ruelas de Hahle em um festival, em como ele havia se tornado mais forte e menos sem jeito. Agora ela era a que não sabia como falar, estava tímida e nervosa, mas Keith a fazia se sentir segura e estar em seus braços ali, apenas os dois, era como se pela primeira vez ela houvesse encontrado sua casa. Era como se ele fosse sua casa, o lugar para onde ela poderia ir a qualquer momento e se sentir segura e confortável. Ele era seu porto seguro e isso nunca iria mudar.

Amelie observou-o cobrir os dois e se aconchegar a abraçando por trás. Ele parecia aflito com alguma coisa, o que a fez franzir o cenho também. O que o incomodava? Não sabia dizer, mas antes que pudesse perguntar ele sussurrou em seu ouvido e ela sorriu, fechando os olhos, sentindo seu abraço. Ainda assim sua mente divagava sobre o que o incomodava tanto, havia notado em sua expressão.

Abriu os olhos surpresa quando ele foi para baixo do lençol e começou a beijar suas costas, suas cicatrizes, o que mais tinha vergonha, o que era mais aparente. Engoliu em seco. Ele achava que eram bonitos? Num misto de confusão ela quase perguntou, mas não teve tempo, ele abriu suas pernas e desceu até sua intimidade. Ninguém nunca havia a tocado desse jeito, ela mesma não tinha tempo para se tocar desse jeito pois sempre estava no navio, não tinha tido parceiros anteriores e se tivessem, duvidaria que eles se importassem com seu próprio prazer.

Quando ele desceu e começou a imitar o que ela fez com ele no navio aquele dia, Amelie não conseguiu evitar que um gemido escapasse, segurou seus cabelos por baixo do lençol, segurou firme o próprio lençol da cama e fechou os olhos, se entregando àquela sensação que lhe era até então desconhecida. À medida que ele continuava, ela pressionou as pernas contra ele, contraindo os pés, deixando escapar de seus lábios barulhos altos que não conseguia controlar. Seu corpo inteiro reagiu ao que ele estava fazendo, pressionou os dedos contra o lençol que cobria a cama, não conseguindo controlar suas próprias ações.

Ofegava enquanto seu rosto tomava um tom de vermelho e suas bochechas coravam através do bronze causado pelo sol, pressionou as pernas com mais força enquanto a sensação se tornava mais presente em seu corpo, apertou seus cabelos com mais força. Não sabia o que dizer, lhe faltavam palavras, até que sentiu seu corpo inteiro entrar em um êxtase que ela nunca havia sentido antes, tentou segurar sua própria garganta, mas não conseguiu evitar que um gemido alto e intenso escapasse enquanto ela o pressionava com mais força ainda e puxava seus cabelos de maneira tão forte que parecia que iria arrancar os cachos loiros de Keith.

Quando ele subiu novamente ela deixou os dedos soltarem o lençol que cobria a cama e respirava rápido, parecia que seu peito iria explodir, abriu os olhos novamente, ainda grogue pelo que havia acabado de sentir.

— S-Sim... — Seus olhos azuis estavam arregalados, ela ofegava rapidamente se recuperando. — Amor... Você... Ninguém nunca... Me tocou dessa forma... Eu...

Mal conseguia falar enquanto tentava controlar sua respiração.

— Por que...? Não... Precisava...  

Olhou para ele, que sorria para ela. Seus olhos azuis penetrantes se acalmaram mais ao vê-lo sorrir. Apenas o puxou para perto e o beijou, sentindo seu próprio gosto no beijo. Ao afastar continuou com o rosto próximo do dele.

— Banho... Err... A água tá bem fria. Eu não... Sei...

Sua mente ainda estava nublada e ela ainda respirava com dificuldade.

Amelie continuava tentando recuperar o fôlego quando percebeu seu sorriso travesso, ele realmente a surpreendia a cada dia. Sorriu de volta, ainda ofegante e tocou seu nariz como sempre fazia quando estava brincando com ele.

— Você... Por baixo desse marido frágil... É um monstrinho... — Riu, depositando um beijo leve em seus lábios. Esperava que ele entendesse aquilo como uma brincadeira e não se ofendesse. Ainda tentava recuperar o fôlego, o que havia sentido era surreal, seus olhos ainda estavam um pouco arregalados. — Eu também... Amo você por inteiro.

Acariciou seu rosto enquanto falava isso, então ele se deitou ao seu lado e a abraçou. Seu peito começou a subir e descer com menos rapidez à medida que ela se recuperava. Ele falou sobre o banho e ela riu, virando-se para ele e o abraçando de volta. Pôs a mão direita em seu rosto e começou a acariciá-lo.

— Sim, nós fazemos as regras aqui.

Estava com um sorriso bobo no rosto e seus olhos brilhavam, ouvia a chuva tilintar na janela enquanto ele voltava a falar, dizendo que queria treinar para se tornar mais forte e poder se proteger, ela sorriu ao ouvir aquilo. Ele queria se tornar mais forte, isso era muito bom em sua visão. Significava que ele não queria mais ser frágil e desajeitado. Continuou acariciando seu rosto, era tudo o que ela queria para ele, que ele se tornasse um homem forte e independente, que conseguisse criar confiança em si mesmo, algo que ele nunca teve. O que ele disse a fez sentir-se feliz, seu sorriso cresceu mais ainda.

— Eu acredito que um dia você vai conseguir lutar ao meu lado, amor... Mas você vai precisar de muito treinamento pra chegar aos meus pés.

Disse aquilo num tom brincalhão enquanto ria. Notou que ele estava cansado antes mesmo que ele dissesse que estava com sono, tinha essa habilidade de perceber as coisas sem que as pessoas falassem uma palavra. Quando ele disse que estava com sono e bocejou de um jeito fofo, seu sorriso se abriu mais ainda.

— Pode dormir o quanto quiser, está tarde. Acho que perdemos a noção do tempo. — Começou a acariciar seus cabelos, o que parecia fazer ele relaxar mais ainda. — Eu estou com sono, mas tô acostumada a dormir tarde por causa do Blackmore. Pode descansar, eu vou logo depois de você.

Achava fofo a forma que ele falava quando estava com sono, continuou acariciando seus cabelos e ele fechou os olhos após bocejar outra vez. O observou dormir por um tempo e sussurrou, sem saber se ele conseguia ouvi-la.

— Eu te amo.  

O observou adormecer e cair em um sono profundo. Após tudo o que havia acontecido aquele dia, principalmente naquele quarto, ela estava cansada também. Ouvir sua respiração enquanto ele dormia abraçado a ela, a fez relaxar mais ainda. Ela o observou dormir por um tempo, apreciando suas belas feições, até que seus olhos começaram a se fechar também. Logo ela adormeceu em um sono profundo, que a carregou rapidamente. Dormiu tão profundamente e por tanto tempo que não conseguiu despertar cedo.

Então tudo estava escuro, ela estava no navio, sendo atacado por sirenes, os homens disparavam contra as que se atreviam a chegar perto demais que caíam no mar com um tiro na testa, mas ela foi se aproximando após pegar a rede de pesca, antes que pudesse fazer qualquer coisa viu Keith do outro lado, sem sua perna de madeira, perto demais da beira do navio e ele foi puxado por uma das sirenes para a água. Ela correu, estava chovendo, era noite, muito frio, mas correu mesmo assim. Assistiu-o ser puxado para a água, eram muitas sirenes que o puxavam para baixo até que ela não conseguia mais vê-lo. Gritava por seu nome, mas ele não respondia. Puxou as espadas e antes que pudesse pular na água ela acordou, num pulo.

— NÃO!

Gritou suando frio. Tinha sido um pesadelo horrível. Ele iria morrer, mas ela iria morrer junto com ele. Não conseguiria viver sem ele, não havia a mínima possibilidade de continuar vivendo sem ele. Seus olhos estavam arregalados e ela estava sentada na cama, respirando com dificuldade. Então recobrou os sentidos lentamente, viu a luz do sol entrando pela janela, o cheiro de comida sendo feita na cozinha, o cheiro de carvão vindo da lareira que havia se apagado. Ela estava segura, havia sido apenas um pesadelo. Passou os dedos pela raiz dos cabelos tentando recuperar a respiração. Já não estava tão frio embora uma chuva leve caísse do lado de fora. Olhou ao seu redor. Ela estava segura, ele estava ali vivo. Suspirou. Respirou fundo. Estava tudo bem.