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Elfos, e o equilíbrio.

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Elfos, e o equilíbrio. Empty Re: Elfos, e o equilíbrio.

Mensagem por Wings of Despair Dom Fev 19, 2017 2:34 pm


– a história do equilíbrio

Há cerca de 2,8 milhões de anos atrás, em algum lugar no sul da África, o céu estava nublado e uma tempestade forte anunciava-se no horizonte. Uma pequena criatura humanoide saltava por entre as rochas de uma mata fechada, perseguindo alguma presa de um jeito incomum. Não persistia em tentativas inúteis que só serviriam para assustar seu jantar, não perdia sua desenvoltura de caçador nato ao dar espaço à um desespero infantil que seus companheiros normalmente davam. Caçava sozinho, e por isso talvez se diferenciasse tanto dos outros.
Finalmente avisou o pequeno animal peludo. Com um passo atrás do outro, o humanoide se aproximou da presa com cautela, segurando em seus grossos dedos uma longa pedra afiada. Aguardou silenciosamente quando as primeiras gotas de chuva escaparam da copa das árvores e estalaram quando mergulharam em uma folha seca. Então saltou. Um clarão cegou-o por alguns instantes. O animal havia sumido. O céu rugiu como sempre fazia em tempos de chuva. O humanoide permaneceu estático, com a rústica faca de pedra erguida e o sobreolho carregado em confusão. Diante dele, uma criatura como ele nunca havia visto antes havia surgido com o relâmpago. Seus cabelos castanhos ondulavam com uma brisa que não havia lá. Guardava em seus lábios avermelhados e finos um sorriso tênue, que contrastava em um jogo de cores com suas bochechas rosadas e seus olhos de azul profundo. A estranha criatura abriu a boca e emitiu um som que o humanoide não compreendeu. Era melodioso, categoricamente escolhido. Soava como se possuísse um significado claro que ele não conseguia alcançar. Ela novamente abriu a boca e uma nova onda de sons saíram, deixando o humanoide ainda mais confuso. Então ela ergueu a mão, apontando o dedo em direção a ele.
O humanoide lentamente se aproximou da criatura. Seus pés erguiam-se levemente acima do chão, quase cobertos por um tecido azul que a circulava e girava em volta do seu corpo, e sua pele pálida não se molhava com a chuva. Ela abriu um sorriso.
O humanoide ergueu a mão em direção a dela, imitando o gesto. Outro relâmpago acendeu, fazendo-o recuar alguns passos, paralisado. Só voltou a se mover depois que o céu rugiu novamente. Então, quase como em um salto de fé, resolveu que seria melhor acabar logo com aquilo. Aproximou-se da criatura e ergueu a mão, apontando o dedo em sua direção. Um estranho formigamento fez cócegas na ponta do seu dedo. O humanoide fez um ruído baixo. A sensação era agradável. Resolveu que não poderia ser tão ruim ir mais além. Deu mais um passo em direção a criatura. Os olhos dela eram de um azul tão profundo que era fácil se perder neles, quase ondulavam como as ondas da terra onde não se pode caminhar. Outro relâmpago soou. Seus olhos eram lúcidos. Veio o trovão. Os olhos da criatura pareciam gritar um grito que o humanoide não ouvia. Resolveu esforçar-se para tentar ouvir. Aproximou-se mais e deixou que a ponta do seu dedo tocasse no dela. Outro relâmpago, mas dessa vez não houve trovão. Os olhos do humanoide tornaram-se lúcidos.
Desde o dia da alvorada da raça élfica, aquela divisão na árvore genealógica do gênero homo passou por transformações drásticas, não só físicas como mentais. Apesar de sermos filhos dos mesmos pais, nós, seres humanos e elfos, somos filhos de uma mãe bem diferente. Meio irmãos, separados há tanto tempo que não sobraram registros dessa época além de fósseis enterrados profundamente na terra. Os elfos ergueram-se orgulhosos e esbeltos, livres da ignorância e da selvageria, seguiram para o norte em uma longa jornada por terras mais propícias a receberem os ensinamentos que aquela estranha criatura tinha a oferecer. A medida que o tempo passava, mais parecidos com ela os elfos se tornavam. Suas colunas livraram-se de corcundas, suas peles tornaram-se lisas e suaves, os cabelos de seu corpo caíram e os de suas cabeças cresceram longos e de diferentes tonalidades. Não demorou para desenvolverem a fala e serem capazes de começar o que seria a primeira civilização da História da Terra, nas profundezas florestais do centro da África, no alto das copas das árvores. As estruturas de madeira corroeram-se com o tempo, e os elfos voltaram a migrar para novas regiões. Aprenderam a chamar a criatura de Danu, por falta de opção, pois ela não respondia jamais qualquer pergunta relacionada a sua natureza, mas não tinha muita importância, pois com ela a vida era próspera. Os elfos aprenderam a viver de maneira saudável, sem causar dor ou sofrimento algum com a natureza que eles perceberam que não apenas os circulavam e compunha tudo, mas que faziam parte deles. Percebendo isso, Danu observava pacientemente enquanto os elfos aprendiam sobre o mundo, às vezes ensinando alguma coisa útil sobre a forma que eles viviam. Viu-os aprender a caçar com os primeiros e mais rústicos tipos de arco, viu-os aprender com tentativa e erro que tipo de erva e planta poderia ser ingerido com segurança ou não, viu-os entrar em comunhão com a essência da vida – e então, finalmente, viu-os amar o mundo. Foi quando decidiu que era a hora de conversar com todos eles.
– Eu vim até vocês há muito tempo. Assistimos muitas alvoradas e crepúsculos juntos, mas existe um propósito maior para tudo o que passamos juntos até hoje, meus queridos filhos luminosos. – Ela começou, enquanto sentava-se em um tronco de uma árvore que caíra na tempestade da noite passada – Eu assisti muitas outras alvoradas e crepúsculos antes de vocês. Assisti alvoradas sem céu, alvoradas escarlates. Assisti crepúsculos com uma lua despedaçada, crepúsculos tempestuosos. Assisti a primeira alvorada no céu azul e o último crepúsculo antes do fogo aquietar-se nas profundezas. Eu vi espécies inteiras erguerem a cabeça pela primeira vez para fora da lama da praia, meus luminosos filhos, e eu vi em cada uma delas o cintilar do que cada uma um dia seria. – Ela levantou-se, caminhando em direção ao sol que nascia. – Me lembro como se fosse agora. Lembro também da sensação de saber que do outro lado, onde a lua nascia, um velho amigo fazia a mesma coisa, mas com intenções inteiramente diferentes...
Uma criança élfica levantou-se do chão, aproximando-se de Danu:
– Existem outros como a senhora? – Ela perguntou, curvando levemente sua cabeleira loira em um sinal de confusão.
– Existe um. A entropia, meu amor.
– E quem somos em meio a isso tudo? –
A criança voltou a perguntar, tirando um suspiro da mãe celeste.
– São a esperança, minha criança. São meus filhos, a minha esperança. O meu querido exército da luz. – Danu sorriu, colocando a mão no topo da cabeça da criança. – Sente-se por favor, sim, Aradhern?
A criança assentiu, sorridente, e voltou para os braços de sua mãe terrena, sentando ao lado de um garoto da mesma idade dela.
– Mas como toda luz que brilha, vocês também moldam uma sombra. E como toda sombra que escurece, algo espreita nela. Temo que, para manter a fogueira acesa, precisamos cortar nossas mãos na textura afiada de pedras à se chocarem. – Fitou os olhares concentrados de cada um dos seus filhos. – Lutaremos, meus luminosos filhos. Pela ordem.
Os séculos que se seguiram àquele foram bem diferentes para os jovens elfos. Danu treinou-os para algo completamente diferente da mera sobrevivência. Treinou-os para a guerra. Treinou-os para serem rápidos, ágeis, fortes e temíveis. E eles foram dignos de cada um desses nomes. Aprenderam avidamente tudo o que Danu tinha a dizer ou demonstrar, cada diferente forma de luta, cada diferente pensamento, filosofia ou estratégia que ela apresentava a eles. Um dos dias mais notáveis foi séculos depois, nos últimos dias de paz, quando Danu deu a eles pela primeira vez uma espada de aço – forjada por ela mesma. Todos estavam sentados em um círculo em volta dela. Eram muitos, mais do que a alvorada de tanto tempo atrás.
– Eu tenho uma maldição para vocês. – Ela sussurrou. Mesmo quando sussurrava, os elfos mais distantes ainda conseguiam ouvir claramente cada palavra que ela proferia.
– Uma maldição, senhora Danu? – Um jovem elfo perguntou, sentado ao lado de Aradhern, agora no florescer de sua vida adulta.
– Sim, e eu peço desculpa por isso, meus filhos. – Danu fechou os olhos por um instante, pesarosa, e voltou a abri-los, caminhando em direção a uma mesa atrás de si. Lá, embrulhada em um linho tão branco quanto a lua que brilhava alta no céu, a silhueta de uma forma era pouco visível por baixo do pano. – Uma terrível maldição é para quem carrega um fardo tão grande.
– Se é um fardo que precisamos carregar pela senhora e pela ordem, carregaremos de bom grado. –
Falou Aradhern, confidente.
Danu sorriu tristemente, retirando de dentro do pano uma longa espada prateada, que curvava levemente na lâmina fina e brilhante. O cabo, tão pálido quanto a pele da entidade, era revestido com um couro macio e resistente e ponteado com pequenos cristais que reluziam à luz da lua. Danu fez sinal para que Aradhern se aproximasse.
– É um fardo que ninguém deveria carregar, filha. Mas eu carrego há tanto tempo, e talvez seja a hora de dividi-lo com alguém. – Ela olhou para Aradhern, que sorriu em resposta. Danu então estendeu a espada para ela. Aradhern segurou o cabo da espada com reverência, sentindo seus dedos lentamente encaixarem com perfeição no formato do cabo. Notou que Danu olhava-a com uma pesarosa expectativa.
–Nós aguentaremos o peso juntas, senhora Danu. – Aradhern sussurrou, olhando fundo nos olhos azulados da entidade. Ela sorriu. Nunca havia se sentido tão triste. A hora estava chegando. Passaram o resto da noite e do dia seguinte seguindo as instruções de Danu sobre como montar o que usariam para viajar até uma terra distante, distante de tudo o que viram até os dias de hoje. Uma terra que um dia, em um futuro confuso e distante, se chamaria Irlanda. No terceiro dia, todos descansavam sentados na praia onde os grandes navios brancos repousavam ancorados, com suas vigas de madeira tão juntas que não deixavam uma única brecha ou freche visível. Parecia completamente polido, como uma única pedra pálida e sólida, e não diversas complexas peças de madeira encaixadas estrategicamente. No alto da proa, brilhava, prateada, uma águia esculpida com longas asas abertas em voo para frente. Danu caminhou silenciosamente pela areia, e depois, pelas águas. Parada entre os barcos, virou-se para seus filhos:
– Existe uma sombra enorme que, até que nossos últimos dias se deem fim, tentará com todos os seus esforços reinar em forma de caos no Cosmo. E nesse exato instante, uma tempestade anuncia-se forte nos céus das distantes terras que iremos conquistar para que vocês, meus filhos, possam viver e cultivar, curando ao longo dos milênios das injúrias causadas pela entropia. – Danu abriu os braços ao lado do corpo, sinalizando para que os elfos viessem até ela. Um por um, eles levantaram-se e caminharam pela água como se fosse areia, escalando em suas naus pálidas de guerra, com suas espadas prateadas pendendo nas costas ao lado de seus arcos. Danu subiu no último dos navios, sentando-se perto da águia de prata. Aradhern se aproximou, sentando ao seu lado.
– O que foi, senhora?
– Muitos de vocês morrerão, Aradhern. –
Danu respondeu, assistindo enquanto as velas eram erguidas.
– A história ainda não foi escrita, senhora Danu. – Foi a resposta de Aradhern, que se pôs na frente da entidade com um ar preocupado.
–Não, mas o tempo é como uma pedra lançada em um lago plácido, minha filha. Sabemos que o lago irá tremer, sabemos que a pedra irar quicar. Não sabemos o quanto, não sabemos quantas vezes, mas sabemos que irá.
Aradhern pensou por um instante, abaixando a cabeça. Já era agora uma mulher adulta, com seus longos cabelos de loiro claro escorrendo até sua cintura. Do outro lado do navio, o homem que um dia foi um garoto que sempre sentava ao seu lado nas reuniões com Danu observa-a com um ar concentrado. Danu notou.
– Haehm parece estar extremamente interessado em você – A divindade observou, com ar sorridente.
– O quê? – Aradhern levantou o olhar, erubescendo. Olhou para Haehm, que desviou a cabeça, fingindo que estava polindo um barril de suprimentos. – Ah... Bom, ele é gentil comigo, e nós caçamos juntos tem um tempo. – Aradhern apressou-se a dizer, coçando a sobrancelha. Danu compreendeu, feliz pela sua filha.
– Fique com ele durante a viagem, vão ser longos dias e vocês podem precisar desse descanso. – Danu falou, colocando a mão no ombro de Aradhern.
– Tudo bem – Aradhern sorriu, virando-se e andando até o observador desajeitado. Quando Haehm notou que ela se aproximava, acabou empurrando o barril forte demais e ele virou, rolando pelo convés abaixo. Danu sorriu, virando-se para o mar. No horizonte, um leve indício de tempestade nascia. Ela sabia que venceria. Mas sabia também do preço da vitória e dos terrores que a entropia havia criado. Um exército de sombras. O tempo passou, e durante a viagem, os elfos passaram a referir-se a entropia pelo nome de Badb, nome cujo qual ele ficaria conhecido por bastante tempo. No último dia de viagem, quando já era possível enxergar a disforme massa negra cobrindo todo o céu acima da terra no horizonte, Aradhern desceu o convéns a procura de Danu.
– Danu? Estamos prontos, o mar já está mudando de cor, como a senhora avisou. – Aradhern falou enquanto abria a porta dos aposentos da divindade. Danu estava em pé dentro de uma bacia, despida, com o corpo coberto de sangue enquanto cortava com um filete fino de prata a própria pele.
– O quê? Danu! O que você está fazendo? – Aradhern apressou-se em direção à divindade, que estava com um olhar desfocado no vazio. Quando sentiu Aradhern se aproximar, olhou em direção a ela. Era um olhar frio, profundo, que tremeu os recônditos da alma da elfa de repente paralisada.
– Aradhern. As coisas que você sente são importantes, elas tem peso no mundo e no Cosmo. Principalmente aqui, em um lugar tão sensível e tão escuro. Não tema, eu não faço o que faço por maldade, mas por amor. Amor a você e seus irmãos, amor a todas as criaturas de todos os mundos. Amor ao Cosmo. – E largou o filete de prata após dar um último corte no alto de sua testa. Seu corpo inteiro estava com cortes abertos, cicatrizes que esguichavam sangue pelo solo além da bacia.
– O que está fazendo, Danu? –Aradhern perguntou lentamente. Danu sorriu. Abaixando-se para pegar um balde d’água e começar a lavar seu corpo. Aradhern se aproximou e começou a ajudá-la. Quando terminaram, o sol estava alto no céu e a terra firme, tão próxima que já podia distinguir-se as formas das árvores na costa. Danu levantou-se da bacia. Seu corpo inteiro estava marcado por estranhos símbolos cicatrizados na sua pele pálida, desenhos de diferentes formas e contornos, alguns que Aradhern estranhamente reconheceu como palavras na sua língua. A divindade notou o olhar da filha.
– Muito poder repousa nas linhas das palavras que as espécies desse planeta desenvolveu, mas elas são como uma porta entreaberta tanto para coisas boas como ruins entrarem naqueles que as pronunciam. Muitas vezes, o formato de uma letra pode coincidir exatamente com o formato de uma curva do Fohat, e isso é perigoso. – Danu explicou enquanto vestia-se com seu vestido azul.
– Fohat, Danu? – Aradhern perguntou, enxugando as mãos em um trapo de pano.
– Não há tempo para uma explicação digna, Aradhern. Apenas deve saber que esses símbolos servirão de escudo contra as maldades de Badb durante a batalha, sim? – A entidade sorriu, fazendo sinal para que Aradhern a seguisse até as escadas. A elfa assentiu com um calafrio na espinha. O resto do dia aproximou-os o suficiente da costa. Lá, Danu alertou cada elfo para que esperassem o sinal dela e que não descessem do navio, não importa quanto tempo ela demorasse, e então, contradizendo os pedidos preocupados deles para que ela não fosse sozinha, a entidade partiu rumando o norte, na promessa de trazer de quatros lugares diferentes uma ajuda importante para a batalha contra as sombras.
Três semanas se passaram, e ao longo dela, tanto elfos impacientes quanto elfos preocupados com Danu partiram para a costa, e sobre esses nunca mais ouviu-se falar. Maioria ficou e aguardou pacientemente, e foram recompensados com uma visão estrondosa. Da direção em que Danu havia partido, ela voltou, e acompanhada de um exército de seres de uma espécie que os elfos jamais haviam visto. Pareciam com eles, mas eram ao mesmo tempo tão diferentes. Mais baixos, possuíam mais tonalidades de cores de pele e menos tonalidades de cores de cabelo. Até pelos no rosto quase tão longos quanto da cabeça eles possuíam. E orelhas estranhamente redondas. Eram humanos. Os elfos então aguardaram o chamado de Danu e foram até a costa, onde encontraram com seus companheiros de batalha.
– Vocês são irmãos há muito tempo separados por mim, quando suas raças eram tão jovens que não guardam mais lembranças daquela época. – Danu falou para todos. Um homem com armadura prateada deu um passo à frente com a grossa sobrancelha franzida.
– A senhora não havia falado nada para nós sobre outros – O humano parecia desconfiado. Aradhern trocou o peso das pernas, curiosa com isso. Era tão fácil para ela confiar em Danu.
– Sim, Nuada, porque ainda não era a hora. Preciso que confie no meu julgamento. O que acontecerá aqui hoje mudará para sempre a História, e seus nomes ficaram conhecidos nos livros de gerações futuras. Sei que o que peço é um sacrifício imenso, mas é um sacrifício que vocês fazem não por mim, mas por vocês mesmos e por aqueles que vocês amam. – Danu falou em alto tom, enquanto olhava nos rostos de cada um dos seus soldados. – Vocês serão conhecidos como os Tuatha Dé Danann até os fins desse tempo e dos seguintes a esse. O exército da luz.
Naquele dia não choveu, mesmo com as nuvens negras altas no céu, não deixando que nem sequer um único raio de sol iluminasse o caminho do exército pela mata fria. Muito mais fria do que os elfos estavam acostumados a lidar. Quando as árvores tornaram-se escassas, dando espaço para uma grande planície livre de árvores e ponteada por pedras e pequenas montanhas, foi quando as nuvens finalmente se abriram, e o que elas revelaram vibrou nos pilares da consciência de cada um dos bravos soldados, elfos e humanos, que erguiam-se lado a lado pela clareira pedregosa. Não havia sol, luz ou céu azul. Apenas escuridão ainda mais profunda. De dentro surgiu um rugido monstruoso, um som agoniante que seria impossível confundir com um trovão. E então silêncio. Danu sacou sua espada, sendo acompanhada dos Tuatha Dé Danann.
E de dentro as árvores romperam criaturas das trevas, gritando em conjunto. Danu esperou. Eles chegavam mais perto enquanto os humanos moviam-se inquietos ao lado dos elfos impassíveis, que possuíam apenas uma leve ruga de raiva entre as sobrancelhas. As criaturas que enfrentariam eram idênticas a eles, com poucas distinções como cabelos de tons mais escuros e a pele azulada. Mas para os elfos ali a diferença era gritante. E o que mais se destacava era a forma como os olhos de seus irmãos das sombras não brilhavam, completamente negros e opacos, tão escuros quanto o breu no céu e a lâmina de suas próprias espadas. E então Danu lançou-se para frente, correndo em direção aos elfos negros. Logo em seguida o exército da luz acompanho-a, rugindo juntos um grito de guerra que soava dos recônditos do medo e da coragem unidos em um esquife de força na luta pelas próprias vidas e daqueles que virão depois. A guerra foi longa e sangrenta, muitos elfos e humanos caíram de ambos os lados, destroçados por forças sobrenaturais e por golpes de espadas e machados. Danu lutava bravamente, com uma velocidade descomunal, cortando e partindo as trevas tão rápido que não passava de um vulto. A batalha parecia ganha. Quando os Tuatha Dé Dannan estavam sobrepujando os elfos negros, o breu no céu cuspiu o maior terror das histórias élficas, as trevas entrópicas que assustavam as crianças antes de dormir. Badb desceu dos céus. Por um momento parecia que a guerra havia acabado. Todos pararam de lutar para observar aquela visão horrenda. Danu parou no meio da clareira ensanguentada, com um olhar firme em direção a gigantesca criatura completamente negra que voava em círculos pela clareira. Badb possuía longas asas em suas costas, asas negras e translúcidas que, se houvesse algum sol no céu, certamente atravessaria pelas membranas venosas delas. Suas garras retorcidas abriam-se e fechavam-se no ar, ansiosas para destroçar a carne dos seus alvos. Todo o seu corpo era coberto por escamas completamente negras e foscas, e não havia nada no corpo dele que não fosse de outra cor senão negro. Ele deu mais uma volta no ar antes de descer em um mergulho no ar, pousando em uma rocha do outro lado da clareira. A rocha quase não aguentou seu peso, rachando e despedaçando-se na ponta onde as garras de Badb esfarelaram a pedra.
Um humano ao lado de Danu gritou:
– DRAGÃO!
De repente todos saíram do seu transe e recomeçaram a batalha, os elfos negros, agora com a moral levantada novamente, sobrepujaram o exército da luz, que agora mais parecia de uma luz de vela, trêmula e fraca, assustada diante do sopro das asas de um dragão negro. Mas Danu não. Danu erguia-se orgulhosa, encarando o olhar sombrio do seu mais antigo inimigo. Apertou forte o cabo de sua espada e atirou-se em direção a ele, que saltou da rocha, abrindo suas asas e planando pela clareira em sua direção. Estavam tão próximos quanto jamais estiveram em milênios. Danu saltou em sua direção. De repente, as cicatrizes no corpo da entidade acenderam em um brilho branco, dos pés e dos braços, seguindo até suas costas, onde explodiram em diversos raios de luz. Danu flutuou no ar em direção ao dragão que Badb assumia a forma.
Quando os dois se chocaram, uma grande onda de impacto empurrou todos na clareira, lançando-os ao chão. As duas entidades enfrentavam-se no ar, Danu com suas asas de luz e Badb com as suas de escuridão. Com cada golpe que um desferia no outro, parte da clareira rachava e as rochas tão antigas que lá erguiam-se paralelas a tudo aquilo esfarelavam-se ao som de aço chocando-se contra a dura escama negra do dragão.
Enquanto os dois lutavam, a guerra continuava entre o exército da luz e da sombra. Aradhern, lutando lado a lado de Haehm, venciam um a um os elfos negros que se aproximavam. Mesmo após o susto inicial, os Tuatha Dé Dannan conseguiram se reerguer, inspirados pela visão de Danu guerreando nos céus, tão pequena diante do gigantesco corpo de Badb. E então, uma flecha negra atravessou as defesas de Aradhern e raspou pelo seu rosto, tirando dela um filete de sangue. Ela sorriu olhando para o arqueiro, confiante com a sorte de ter sido por um triz, quando ouviu um som de engasgar atrás de si. O arqueiro sorriu. A expressão de Aradhern mudou para espanto a medida que ela virava-se para ver o seu medo concretizar-se. Tudo parecia lento demais, o movimento do seu corpo, o tempo que demorou para olhar para trás. O som da guerra pareceu sumir, e tudo que ela ouvia era o leve tintilar das placas de metais da armadura de Haehm a medida que ele caia no chão. Correu em sua direção, segurando a flecha fincada no pescoço do seu amado. Seus olhos se encontraram por um instante enquanto Haehm tentava falar algo. Aradhern agarrou-o nos braços, caindo de joelhos com o peso do corpo dele que se debatia. Os olhos lentamente se esvaíram, tornando-se opacos junto com todo o mundo em volta da elfa. O sangue que escorria pela armadura de Haehm misturava-se com as lágrimas de Aradhern.
Sentiu uma pontada fina no ombro, e então uma dor se espalhou pelo seu braço inteiro, junto de uma dormência. Mas ela não se importava. Apenas virou levemente o olhar em direção a ponta de flecha ensanguentada que saia levemente de dentro do seu ombro. Não importava.
Um grito. Um rugido. Ela não sabia se era dela ou de outra pessoa que caia ao seu lado. Queria que fosse dele, para que pudesse ouvir sua voz de novo, para que pudesse entender o que ele quis dizer mas não pôde. Ele não podia mais gritar. Não podia mais falar. Repousou seu corpo no chão e agarrou a espada de Haehm com força, levantando-se. Virou-se em direção ao arqueiro. O caminho estava livre até ele e ele segurava mais uma flecha em sua direção. Disparou. A flecha fincou-se na coxa de Aradhern. Mas ela não parou, tropeçou levemente e continuou andando, depois correndo e então finalmente trotando em direção ao arqueiro, que assumiu uma expressão de medo. Tentou pegar outra flecha, mas a elfa já havia o alcançado. Aradhern girou a espada em um golpe furioso à frente, cortando ao meio os dois braços do elfo negro, que inutilmente havia levantado as mãos para tentar pará-la. Ela girou na ponta do pé, mantendo a perna ferida no ar por alguns instantes, e então desceu novamente outro golpe furioso com a espada. Cortou o peito do elfo do ombro esquerdo até a base das costelas. O elfo recuou gritando, e bateu de costas numa rocha. Mais uma vez Aradhern girou, dessa vez na outra direção, abrindo o intestino do arqueiro da base até o pescoço. Cortou mais uma vez. Outra vez. De novo. De novo. Cega pelas lágrimas, pela raiva, pela dor. Até o elfo cair no chão e não parou, continuou fatiando. Até a lâmina bater na rocha dura atrás dele, e não parou. Até a espada quebrar, rompendo-se em duas partes. Só então Aradhern caiu de joelhos no chão, com um olhar vazio. Do alto, Danu viu sua filha sofrer enquanto ela lutava com Badb. Sabia que venceriam, mas sabia do preço. Realmente venceram, os elfos negros foram sobrepujados, sobrando alguns poucos sobreviventes que desistiram largando suas armas tortas. No alto, em um golpe de sorte, Danu conseguiu atravessar as defesas de Badb e cortar através de seu peito, expondo seu coração negro. Tamanha era as trevas que moravam lá, que a pouca luz que havia na clareira lentamente começou a ser consumida por ele. Mas Danu não tardou a acertar um golpe certeiro no coração da entropia, que recuou pelos céus, rugindo:
– Você sabe que eu não perdi. Sabe que essa foi uma vitória que eu conquistei facilmente. Você pode ter ganho algum tempo para esse mundo, mas sabe que a verdadeira guerra será vencida por mim. E você sabe porquê. Você sabe que eu sou a guerra. – Enquanto falava, Badb lentamente se desfazia em sombras, que subiam e mergulhavam nas nuvens negras.
– Mas o que segue ao fim da guerra é a ordem. E eu sou a ordem. – Danu respondeu, voltando ao chão enquanto suas asas de luz subiam para os céus, acompanhando as sombras de Badb. Quando finalmente a entidade desapareceu, o céu permitiu-se chover e lavar as mágoas do sangue que inundava a clareira. Danu aproximou-se de Aradhern, que permanecia paralisada de joelhos diante do corpo mutilado do elfo negro.
– Você será rainha, meu amor. A rainha dos elfos, das fadas, muitos nomes virão... Todos vão idolatrar a mim, me considerar uma deusa, mas será sempre você que reinará e manterá seu povo unido. – Danu ajoelhou-se ao lado da filha, segurando suas mãos. As flechas negras logo dissiparam-se, e os ferimentos estancaram. A elfa continuava paralisada, com o olhar no vazio. Danu segurou seu rosto entre as mãos, olhando fundo em seus olhos: – Você está grávida, Aradhern. Ele está vivo em você.
O olhar da elfa finalmente moveu-se, acendendo uma pequena luz distante. Danu então levantou-se, andando em direção a uma parte isolada da clareira silenciosa, pontuada por leves soluços de tristeza de tempos em tempos. A entidade ajoelhou-se diante de um lago ensanguentado, bem embaixo de onde Badb havia se dissolvido. Mergulhou suas mãos delicadas na água, e do fundo, retirou uma pedra escarlate, da cor de sangue. Olhou para a pedra e, por um instante, nada aconteceu. Então as cicatrizes em seu corpo tornaram-se escuras, quase como tatuagens, à medida que a pedra perdia a cor vermelha e mergulhava em uma cor vazia de escuro. Um olhar atento veria pequenas estrelas acendendo aos poucos na superfície da pedra, quase como o céu noturno. Danu permitiu-se um sorriso, ainda que um sorriso triste.

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Mensagem por Wings of Despair Dom Fev 19, 2017 2:38 pm


E então?

Os elfos ficaram por mais alguns meses entre os humanos, mas logo algumas desavenças e desentendimentos entre os dois povos os fez partir para longe, para oeste da Irlanda, para viver entre as colinas de uma terra inalcançável para seus irmãos humanos. Danu ficou com eles por mais algum tempo, transitando entre os humanos e elfos com um novo nome. Passou, daí em diante, a ser chamada de Aine, pois, como ela dizia, é preciso de tempos em tempos mudar. Sua aparência também mudou, passando a ter cabelos tão longos que confundiam-se com seu novo vestido verde. Aradhern, para os humanos, assumiu o nome de Grian e ficou marcada em suas lendas como a rainha dos elfos. A sociedade élfica crescia próspera. Os elfos viveram por lá por bastante tempo, mesmo depois de Aine – ou Danu – partir para cumprir suas outras missões. O exército da luz dos Tuatha Dé Danann havia cumprido sua parte na história e havia sido dissolvido. Restava um povo pacato e feliz, ainda que marcados pelas sombras daquele dia tenebroso. Ao menos Grian possuía seu jovem filho que deu o nome de Badhron Aradhern, com um sobrenome de reminiscência do seu antigo nome, para alegrar seus dias. Com o passar dos anos, os elfos perceberam que mais e mais humanos aventuravam-se pelas redondezas de suas terras, e Grian preferiu proteger seu povo e seu filho ainda criança da influência do mundo dos homens. Elfos e humanos nunca realmente se deram bem. Foi quando os elfos encontraram os bruxos vagando pelas terras élficas. Os bruxos propuseram um acordo em que ocultariam o reino dos elfos caso pudessem viver nas redondezas dele. O acordo foi feito e os elfos resolveram o problema com humanos invasores, passando a viver em harmonia com os bruxos. Foi uma época de paz. Grian, já idosa, passou sua coroa de rainha para seu jovem filho, que cresceu como um elfo forte e justo. Já estava no fim de sua adolescência quando Grian morreu tranquilamente em sua cama. Pouco depois, os bruxos partiram com alguns apertos de mão e seguiram para viver a própria vida dentro da sociedade dos humanos, em segredo, deixando para atrás colares e anéis que ajudariam os elfos a se disfarçarem de humanos caso precisassem. Muitos anos prósperos se passaram, até que a natureza começou a sentir os danos do mundo humano. Mesmo tão longe deles, os elfos sofreram com a destruição da Terra. Suas florestas choravam pelas árvores distantes que eram cortadas uma a uma pela ganância humana. Os rios e mares que circulavam o reino élfico, sinalizavam a morte do mundo com os peixes e gaivotas que apareciam mortas toda manhã. Veio então o Declínio, e o reino élfico ruiu junto das barreiras mágicas que o protegia. Perdidos e confusos em um mundo mudado, Badhron guiou sua raça até a segurança das matas atlânticas de Dungelöff, onde vivem até hoje. Infelizmente não foi uma vida completamente pacifica, pois os bruxos retornaram alguns anos depois do Declínio, e dessa vez não vieram com um acordo de paz. Tentaram tomar dos elfos a parte sul de suas terras, mas os elfos não concordaram com essa divisão, e ambos os reinos mergulharam em alguns anos de conflitos. Os elfos acabaram ficando com as terras, mas quando tudo parecia estar resolvido, os bruxos deram um ataque de covardia. Munidos com magia negra, invadiram as florestas sulistas de Dungelöff. Com o poder fora de controle, a magia negra devastou completamente a região, e até os dias de hoje não cresce uma única coisa viva lá. Os elfos que sobreviveram ao combate lentamente mudaram com os anos. Suas peles tornaram-se azuladas e seus cabelos, negros. Eles estavam quase idênticos aos elfos negros que há muito tempo foram extintos. Quando foi vista a semelhança, os elfos não tardaram a expulsar os novos elfos negros de seu reino, forçando-os a viver clandestinamente em cavernas ou qualquer outra região do subúrbio apodrecido de Dungelöff, onde a magia negra ainda sombreia a terra morta. Hoje, após tantas guerras e dores, os elfos raramente lembram aquela antiga inocência e pureza que possuíam nos dias de sua alvorada. São uma raça mais séria, firme, com códigos de conduta bem definidos. Alguns costumes nunca se vão, e os aprendizados que guardaram de Aine até hoje norteiam a sociedade élfica. Apesar de manter os olhos firmes no futuro, os elfos não esqueceram do massacre de Dungelöff e estão sempre abertos a aceitar bruxos rebeldes ou banidos de Fries dentro da sua sociedade, onde poderão ajudar a tentar desfazer o espectro sombrio da magia negra no sul de Dungelöff. E também não é ruim ter acesso aos conhecimentos mágicos desses bruxos para criar novos artefatos de disfarce ou para outras questões... Talvez até questões sombrias como vingança. É a melhor época para adentrar nas matas misteriosas de Dungelöff e conhecer a beleza de ser um elfo.

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Mensagem por Wings of Despair Dom Fev 19, 2017 2:41 pm


atributos

I. O corpo e a mente élfica
Após serem tocados pela entidade cósmica de muitos nomes, os primatas evoluíram drasticamente em pouco tempo, mudando de forma até se tornarem os elfos primitivos. Nos dias de hoje, os elfos possuem normalmente pele de tons claros, e cabelos de diferentes tonalidades de prata, branco, castanho, dourado, bege e, raramente, preto. São esbeltos e, em geral, possuem uma graça em seus movimentos incomum em outras raças, quase como se tudo o que fizessem tivesse algo a ver com uma grande dança que ninguém mais está dançando. Mesmo os mais desajeitados entre eles possuem uma certa cortesia nos gestos e no tom da voz, que é outro fator marcante nos elfos. Possuem vozes melodiosas e capazes de alternar entre o mais agudo ao mais grave tom, sendo exímios cantores. Somam isso com a incomum habilidade que possui com os dedos e mãos – não apenas como incríveis artesões e lendários ferreiros, mas também como habilidosos violinistas, pianistas e vários outros ramos da música. Elfos são também de uma extrema agilidade e força acima do padrão humano. Podem saltar metros acima do chão e agarrarem-se com destreza em algum baixo galho, com leveza suficiente para que este não se parta, e erguerem-se acima dele, pousando levemente na copa da árvore. Dessa forma, possuem uma grande facilidade para empreitadas que envolvem escalar e saltar de distâncias longas. Essa força e agilidade também, é claro, cria uma vantagem notável em combate. Não são tão fortes quanto vampiros e licantropos, mas estão um punhado de escala acima dos seres humanos comuns. É fácil para um elfo partir um corpo ao meio com um único golpe de sua espada – não apenas por conta da propriedade extremamente afiada dela. Os elfos também são ágeis o suficiente para desviar-se de alguma flecha atirada em sua direção, contanto, é claro, que não sejam flechas demais ou seja um disparo inesperado. E caso a flecha atinja-o, não é preciso ter uma preocupação tão grande quanto se teria com um humano, pois graças a resistência física elevada da raça élfica, ele poderá continuar lutando por mais um longo tempo. Menos eficiente, é claro, mas ainda perigoso. Possuem também um fator de cura elevado comparado a raça humana, sendo capazes de se recuperar de ferimentos graves com mais facilidade. Um elfo que tenha cortado consideravelmente fundo a palma da mão durante a manhã, durante a noite estará com um corte leve. No dia seguinte, haverá apenas uma cicatriz pálida que logo sumirá. É preciso um corte extremamente devastador para deixar uma cicatriz na pele élfica. Seus olhos e ouvidos também são aguçados. São capazes de enxergar quase nitidamente no escuro, e, para fazer valer toda a habilidade em arcos que possuem, conseguem distinguir os pelos no corpo de uma abelha mesmo à metros de distância deles – onde para um humano ele não seria nem capaz de ver que existe uma abelha ali. Com seus ouvidos os elfos são capazes de ouvir claramente o que alguém sussurra mesmo através de uma parede de concreto – contanto que esta não seja exageradamente grossa. É algo realmente útil na caça – ou para bisbilhotar.

I. Conexão com a natureza
Devido ao tempo que os elfos mais estudiosos passam dedicando-se ao estudo do mundo natural e de suas maravilhas – as vezes sentando-se por várias horas de seus dias para observar o padrão de comportamento das folhas de uma árvore solitária na colinas, as vezes por tanto tempo para nós que é um absurdo imaginar, mas que para eles é um piscar de olhos – os elfos desenvolveram uma afinidade com a natureza tão extrema que acredita-se serem capazes de compreender a essência eternamente mutável do mundo. Sem a ajuda de qualquer meio mágico além do contato que possuíram com Danu, os elfos foram capazes de mergulhar nas profundezas dos elementos e encontrar com o Akasha. Dessa forma, alguns deles são capazes de invocar alguns dos Elementos em seus auxílios, sendo eles a Água, a Terra e, raramente, o Ar. Jamais um elfo mestrou a volatilidade do Fogo. É de suma importância saber que os elfos não utilizam qualquer atributo arcano para se comunicar com os Elementos, tendo uma conexão absolutamente natural, sendo então limitados a forma natural do elemento. O Ar que responderá o chamado do elfo será o ar puro que as árvores respiram. A Água será apenas cristalina e livre de impurezas, como a água limpa que escorre dos rios de suas terras. A Terra será toda e qualquer terra capaz de cultivar ao menos um broto verde. Tal chamado da natureza, por ser livre de qualquer meio arcano, não depende da capacidade do elfo, como depende dos bruxos quando eles utilizam seus feitiços. Esse chamado dependerá inteiramente do quão propício o elemento é a realizar aquele feito. Também é importante saber que os elfos possuem uma grande reverência pela Natureza, e não se referem aos elementos separadamente, mas como um só: a Natureza em si. Encaram ela não como uma divindade, mas uma essência viva que prova que todo o planeta é um único organismo que funciona em conjunto e deverá agir em conjunto para o bem geral das criaturas naturais. Não veem vampiros, lobisomens ou bruxos como naturais, e possuem uma intolerância antiga com humanos. Um elfo será capaz de chamar a água de um rio para fazê-lo transbordar e irrigar as terras ao seu redor, e depois ela retornará para seu percurso natural. Nenhum chamado poderá alterar o caminho natural dos elementos. Um elfo não pode pedir para que a pedra saia do chão se ela não puder retornar para lá. O elemento mais propício a ser moldado é o Ar, apesar dele ser tão mutável que é quase impossível que o elfo consiga chamá-lo duas vezes em sua vida. Por exemplo, se em um momento de lucidez plena um elfo chamar o Ar para amortecer a queda de um copo de vidro, ele não poderá fazer qualquer outra ação relacionada ao ar novamente, pois os ventos que fizeram tal coisa agora já se foram e não retornarão nunca mais. É preciso conhecer a essência de cada diferente brisa do mundo para ser capaz de chamar o Ar em todos os lugares. O que é, infelizmente, impossível. Da mesma forma como é necessário conhecer o vento, é necessário conhecer as peculiaridades de cada elemento que a qual o elfo está se referindo. Uma pedra de um material reagirá de uma forma diferente de outra composta de outro material. Um elfo que por muito tempo aprendeu sobre a areia da praia não será capaz de dominar a terra da floresta. É preciso estudar individualmente cada parte da natureza e compreender que tais habilidades são mais úteis para cuidar de seus afazeres do que para algum combate. Um elfo herborista com certeza estudou a terra que cultiva as plantas, e, dessa forma, poupa o trabalho de cavar buracos para plantar simplesmente utilizando seus conhecimentos para abri-los com o elemento da Terra. Acreditar que esse mesmo elfo seria capaz de abrir a terra para que ela engula seus adversários é confiar demais nas lendas das tabernas de Hähle. A energia natural do elemento não é tão forte para isso. É preciso um impulso a mais para tanta força. Isso é coisa para bruxos.

I. A voz animal
Elfos eruditos também dedicam seu tempo ao estudo dos animais, e, dessa forma, adquiriram uma profunda compreensão de seus comportamentos, gestos e maneiras de expressão. As lendas falam sobre elfos capazes de se comunicar abertamente com animais, ter longas conversas filosóficas sobre a natureza das coisas. Mas lendas são apenas para dramatizar a realidade das coisas. A verdade é que os elfos são capazes de ler os traços e ações de vários diferentes animais que observaram ao longo de suas vidas, sendo assim capazes de compreender o que eles estão sentindo, e consequentemente, entender seus comportamentos e o que pretendem fazer. Pelo uivo de um lobo, um elfo consegue identificar se esse uivo foi um chamado para a caça, uma tentativa de acasalar, um lamento, uma comemoração. São diferentes possibilidades e os elfos que estudaram um lobo serão capazes de identificar cada uma delas. Dessa forma são também capazes de responder a esses animais. Devido às cordas vocais elásticas, são capazes de imitar com perfeição qualquer som animal – aqueles que necessitam de órgãos cujo quais eles não possuem são facilmente imitados pelos instrumentos de caça que os elfos desenvolveram, como uma gaita capaz de emitir sons tão delicados que se confundem com as ondas de vibração da comunicação entre formigas, caso não sirva, há também os químicos que a maravilhosa alquimia fornece para comunicações mais delicadas. Com essas habilidades de comunicação, os elfos conseguem fornecer informações simples para os animais, como um pedido ou uma troca de informações rústicas. Como ao imitar o idioma específico de uma ave para trocar informações sobre a presença de um invasor. Também há relatos claros de elfos serem capazes de se comunicar com plantas e árvores, de uma maneira extremamente delicada e apenas através do uso de químicos da alquimia, como uma poção esfregada em suas mãos para que possa tocar o tronco da árvore e trocar informações. Tal conexão costuma ser intensa, sendo capaz de revelar fragmentos de informações gravadas em cada junco na madeira dos galhos, ou cada rasgão na folha da árvore.
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Mensagem por Wings of Despair Dom Fev 19, 2017 2:44 pm


peculiaridades

I. Cultura e Sociedade
Elfos possuem uma sociedade consideravelmente justa e com bens distribuídos de maneira balanceada. É extremamente raro existir um elfo pobre ou desempregado, pois todos os elfos possuem funções distintas na sociedade élfica. Um bebê elfo – sendo raro para os casais terem filhos, sendo comum o consumo de poções para não engravidar, afinal, os elfos vivem milênios, se todos tivessem bebês haveria uma superlotação – já nasce com um leque de oportunidades para seguir carreira ao longo de sua vida à medida que cresce e se adequa melhor a cada caminho. Raramente algum jovem elfo decide não seguir caminho algum e viver isolado nas florestas, cuidando de seus próprios negócios ou de nenhum, simplesmente para vagar como andarilho. Uma das carreiras mais privilegiadas que um elfo pode seguir é a da arte. Sendo músicos, artesões, alquimistas, pintores, alfaiates, atores ou até ferreiros. E sim, para os elfos até alquimia é uma forma de arte. Dentro de seus conceitos, toda e qualquer forma de expressão pacífica através de um meio de trabalho é arte. Um elfo músico costuma ter a oportunidade de tocar de maneira remunerada para famílias reais, praças públicas ou qualquer taberna capaz de contratá-lo, trazendo entretenimento e, para os verdadeiros apreciadores da música, o saciar da paixão por uma boa canção. Elfos alquimistas trabalham em suas próprias lojas ou como auxiliares em lojas de outros elfos, ou até servindo a família real como alquimista-mor. Fazem poções da lua rasa – ou a famosa poção de infertilidade, como é chamada em Hähle –; poções de aceleração de fluxo de tromboxanos-sintases, chamadas de poção de cura, pois são capazes de acelerar o processo de cicatrização de um ferimento e inibir a sensação de dor; poções de sono, para causar sonolência profunda ou até desmaio, entre várias outras poções e misturas químicas de diferentes funções, até para pintura. As habilidades alquímicas dos elfos giram em torno de ervas e plantas naturais, são sempre métodos simples de soluções, algo que com certeza empalidece diante da complexidade da alquimia dos bruxos. Mas, concluindo, toda função social possui um propósito importante a ser cumprido entre os elfos. Existem também carreiras militares, como soldados ou arqueiros, carreiras de sustentação, como de herborista e caça – sendo importante lembrar que a caça nos elfos é um fator cultural de peso, sendo geral para todos os elfos saber caçar, mas apenas alguns deles escolhem manter-se nesse ofício. As carreiras militares possuem seu mérito, sendo as melhores remuneradas. As de sustentação possuem grande honra e respeito, principalmente aos caçadores, que costumam possuir um grande equilíbrio mental diante da sabedoria do mundo natural. A caça élfica é consciente, e eles jamais matam mais do que precisam para comer, e sempre observam por dias a fera para ter certeza de que não possuem filhotes ou outros seres dependentes daquele. Jamais causam um dano à natureza que não pode ser reparado. A maioria esmagadora dos elfos simplesmente prefere ser vegetariana. O que não tira o mérito do caçador, pois ele também é responsável por caçar frutos, vegetais e ervas pela floresta. É também comum o consumo de grãos entre os elfos, sendo eles cultivados pelo herborista. Outro ofício de grande honra que merece ser citado é o de ferreiro. Os elfos são conhecidos pelo mundo inteiro como os melhores ferreiros dos quatro reinos. Suas armaduras e armas – geralmente de metais claros e que apenas eles sabem moldar, ou até que apenas eles sabem da existência – possuem uma resistência incomparável. Um bom escudo élfico é capaz de aguentar um soco de um licantropo transformado com apenas um leve amasso no centro do local atingido. Suas armas possuem um fio tão afiado que, se uma espada élfica fosse largada no ar poucos centímetros acima do pescoço de alguém, seria suficiente para cortar a cabeça fora e ainda fincar-se firmemente na madeira do outro lado. Essas armaduras e armas também são conhecidas por não serem nem um pouco furtivas, possuindo uma incomum propriedade de serem incapazes de hospedar uma sombra em sua superfície. Mesmo embaixo de uma árvore sombreada, uma espada élfica continua clara como se estivesse repousando na areia fofa de uma praia ensolarada. Acredita-se que isso acontece devido a maneira que os elfos se concentram em expressar o máximo de si no que fazem, causando assim que a sua natureza mágica do toque de Danu passe para a arma – entidade que para eles não é deusa ou divindade, mas uma expressão pura da Natureza do mundo existindo fisicamente para auxiliar as criaturas que nele vivem, fazendo contraparte ao Badb, que representa toda a impureza que as raças conscientes trouxeram ao desrespeitarem o equilíbrio natural. Mas é mais provável ser apenas um atributo do estranho material que eles usam, encontrado em cavernas profundas onde talvez a radiação do ápice do Declínio tenha alterado a natureza das rochas.
É também comum encontrar em algumas partes das cidades de Dungelöff, alguns recatados bruxos banidos ou foragidos de Fries. Os elfos dão lar a eles em troca da ajuda na purificação das terras negras do sul de Dungelöff, onde não há nada além de um espectro sombrio da magia negra. Afinal, era parte dos planos dos elfos a construção de uma extensão do mercado de sua cidade naquela região, onde haveriam gloriosas construções e maravilhas arquitetônicas que os elfos não haviam se arriscado a tentar antes – uma total reformulação dos conceitos élficos. Faziam partes dos planos o uso até das esbeltas montanhas da região para construção de edifícios e túneis. Além de ajudar com a purificação, esses bruxos entregam de bom grado informações úteis sobre o funcionamento de Fries, inclusive de suas fraquezas. Há também no ar uma leve menção a um interesse dos elfos em usar as habilidades desses bruxos contra seus grandes adversários no reino de Fries. Afinal, o inimigo do meu inimigo é minha arma.
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Mensagem por Wings of Despair Dom Fev 19, 2017 2:50 pm


a vida élfica


É também importante saber o funcionamento das idades e faixas etárias do povo élfico, sabendo que o tempo de vida deles diminuiu ao longo dos anos, sendo o rei Badhron Aradhern o último elfo que viveu milênios desde que Danu partiu. Tais faixas etárias são divididas no que eles chamam de estados:
PRIMAVERA A infância ocorre nos primeiros cem anos.
VERÃO Pouco antes da adolescência até o seu término, sendo esse estado é conquistado após a criança élfica compreender inteiramente a essência de algum meio natural, seja um elemento, planta ou um animal. De cem à trezentos anos.
OUTONO Fase adulta, marcada pela conquista de um título através de um feito. Trezentos à oitocentos anos.
INVERNO Velhice, que chega com a aposentadoria opcional, podendo passar o resto de suas vidas como um andarilho remunerado pelo governo élfico ou como um mestre na sociedade élfica, podendo ensinar a pupilos sobre a natureza e os ofícios que eles poderão exercer. De oitocentos à mil anos.

Alguns poucos elfos passam dessa idade, alguns conseguindo alcançar até meados de 1.500 anos, mas são extremamente raros. Com exceção dos que vivem como andarilhos e continuam seus ofícios, alguns são chamados para fazerem parte de um conselho de sábios elfos que vivem separados das cidades, secretamente passando o resto de suas vidas procurando juntos a essência do quinto elemento, algo que é apenas teórico dentro dos conhecimentos élficos. Os poucos que sabem da existência desse conselho secreto baseiam-se em hipóteses sobre os meios de recrutamento deles, ou porque apenas os mais velhos são chamados. Algumas histórias falam sobre uma águia completamente negra trazendo um pergaminho tão claro quanto a lua. Outras histórias falam de sussurros enviados pela brisa noturna, daí o nome do conselho: Anciões do Vento.
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Mensagem por Wings of Despair Dom Fev 19, 2017 2:51 pm


considerações finais

Todo elfo cresce com uma vida repleta de diferentes oportunidades. Possuem diferentes mestres que os acompanham em diferentes atividades, como um mestre para ouvir árvores e outro para ouvir cervos. Suas vidas são repletas de afazeres, mas eles raramente possuem pressa em cumpri-los, estando cientes de que são capazes de viver por bastante tempo. Formam uma raça cheia de maravilhas, mas ao mesmo tempo rondada de mistérios e uma aura diferente de todas as outras raças dos quatro reinos. São um povo sofrido, que enfrentaram diversas sombras em seus caminhos – e por isso talvez tantos elfos carreguem não em seus rostos perfeitos as marcas do cansaço, mas na profundezas dos seus olhos, lugar onde apenas alguém treinado e que sabe o que procura encontraria.
É importante levar em consideração que os elfos são uma raça antiga, talvez a mais antiga. Com certeza foram os primeiros a nomearem as coisas, os primeiros a terem um teto manufaturado em cima de suas cabeças para dormir. Possuem uma linguagem antiga que influenciou severamente o irlandês, tendo algumas semelhanças notáveis em algumas palavras e termos – o que serve de base para uma interpretação imersiva. São uma raça orgulhosa, e uma vez que se fira o orgulho de um elfo, é melhor que esteja preparado para um olhar frio e sombrio, com toda a experiência acumulada das centenas de suas longas vidas.
Um elfo também é um aliado poderoso, não apenas por conta de sua sabedoria e habilidade, mas porque uma vez conquistada sua amizade – ao menos dos mais honrados entre eles –, dificilmente ela será perdida. São fiéis e apaixonados. Também são traiçoeiros e frios, quando é necessário. É preciso ser resistente como a rocha de uma montanha para resistir aos tempos sombrios que poucos elfos sentem se formarem no horizonte. É preciso ser maleável como a água que escorre em um rio para lidar com as dificuldades que dividir um mundo com outros povos traz. É preciso ser mutável como o ar quando os tempos que vem e vão forçam em você mudanças as vezes não tão agradáveis. É preciso descobrir o calor na paixão pelo viver equilibrado na Natureza para se manter aquecido das noites frias e repleta dos horrores que tenuamente repousam no sul, relembrando eternamente a angústia de uma guerra. É preciso, acima de tudo, saber que existe algo além dessas quatro coisas que, sem ela, deixa espaço para o vazio da noite. É preciso ordem. Que as folhas de Dungelöff sombreiem seus caminhos.
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