A passos lentos, deslocando-se aos poucos pelo trânsito de livros, empunhava uma quantidade aceitável de folhas em uma das mãos e na outra estava livre para usar as prateleiras como apoio. A luz do sol infiltrava-se através dos vitrais coloridos criando um panorama divertido de cores contra o chão. O corpo másculo e alto logo se destacava, criando sombras distorcidas em cada piso conquistado com os pés encobertos de sapatos pretos. A noite não havia sido uma das melhores; Adormecido depois de choramingar mais um dia detestavelmente monocromático, Øsuin iniciaria o dia como qualquer outro. Abriria a biblioteca, estenderia os longos braços sob as cortinas longas em tom carmesim, possuiria a grande cadeira de couro escuro e estaria a escrever mais um conto poético inútil como adicional a seu mero hobbie acadêmico. No entanto, algo quando se aproximou da maçaneta o fez sentir que necessitava sair. Foi um toque na textura fria e lisa que o paralisou, fazendo rodar os glóbulos castanhos pelo recinto assistindo a longa palestras de livros e seres encantados talhados no teto, o devolverem a mesma sensação. Vá explorar hoje.

Não era a melhor palavra todavia, após concluir que estava no próximo ano prestes a completar trinta e três anos, o ar de um velho rabugento já vinha o dominando com certa frequência; Sozinho, solteiro e sem filhos, não esperava-se que ele tivesse um fim tão conclusivo como este. Tinha uma beleza acentuada de músculos rígidos protegidos por longas vestes escuras, rosto escultural duríssimo e uma altura condizente a de um atleta no passado e que hoje tudo que sustenta abaixo dos dedos, são simples borrões de tinta, marcas inexpressivas de resenhas e olhos grandes e cansados de noites tão tardias quanto as próprias manhãs. Segurou um suspiro incontido nos lábios, folgando toda a carcaça mórbida que ainda lhe tinha enquanto caminhava pelas ruas vagamente quentes soprando um ar gélido vezes ou outras contra a face e dos cachos desmantidos acima da cabeça. Notava-se em como observava a região adotiva, a que o adotou quando havia fugido dos campos até por fim repousar ambos âmbares contra a entrada do outro reino. Como alguém totalmente independente de opiniões alheias, o máximo que insuflou foi um sorriso - pouco visto dado a sua personalidade - e um empurrão mais que convencional para se acreditar no que estava fazendo.

A região agora presidida possuíam dotes que em Fries não havia percebido. A oxigenação correndo livre por dentro do corpo, o verde predominante ao seu alcance. Atado aos deveres de um novo progênie literário, seria compreensível se comportar de forma tão neandertal como estava naquele minuto. Observou a entrada ao que parecia ser uma região botânica, passando a escutar o som dos pássaros empoleirados nas árvores e dos comerciantes transeuntes, fazerem as suas ofertas. Não tão adepto, o mesmo se dispôs a comprar algumas frutas posteriormente pondo-se na mesma trilha que havia aberto rumando furtivamente pelo acostamento.

Um som então o acorda e isso o faz procurar por coisas vivas ao seu redor; Apertou o frescor do alimento para próximo do peito e encolheu os ombros afim de dar-se a liberdade de por fim avistar mais da flora rica do lugar. Raízes nodosas de algumas espécies altas, encaracolaram nos pés e o vento dançava conforme a demanda das folhas ditavam. A pele branca de F’eraoun se destacava em um imensidão esverdeado - tom esmeralda - e os poucos focos mascavos encontrados na terra. Para recuperar o ar abaixo dos raios solares que persistem em ultrapassar o topo das árvores, o mesmo se sentou deitando logo em seguida, a mercadoria. Os braços apoiaram o peso do tórax e a face pendeu rapidamente para frente onde por um gesto bastante simples, soltou um suspiro longo de melancolia logo não obstante em tornar a desviar ambas órbitas oculares para o céu azul que aos poucos vinha se estendendo.

Começou a refletir então em como estava calor e também na maneira que estava sendo prejudicado com aquilo; As vestes escuras pareciam aos poucos querer cozinhá-lo vivo, deixando até arfares incômodos escaparem. Os cabelos em cachos lisos pareciam querer pender a frente dos olhos por fim não aguentando e tocando a ponta da gola roliça da camiseta para agitá-la no meio tempo que observava a região gradativamente crescer com a presença do astro rei. Um estalo longo e agudo deixou o coração disparar erguendo-se com maior força que poderia do tronco. O queixo rotateou o perímetro e apurou as narinas. Nada. Nada de suspeito até então :

— Apareça. - Elevou o timbre rouco e grosso da voz enquanto normalizava a respiração. - Uma das mãos se elevaram na direção do igualmente pálido meneando lentamente como ordem.

O bom lado de uma descoberta, eram os efeitos que logo após desencadearia as reações; F’eraoun a princípio não sentiu medo de ser alguém, ou alguma coisa, mas ainda assim sentiu um nó se formar em sua garganta. O som tomou mais expansão e pareceu por fim ser revelado. Quando o ângulo redondo do queixo do turco se virou, avistou dois pares de olhos prismáticos, cabelos cobertos por um óleo natural que brilhava com a luz do sol, postura fechada, uma juventude que até então o fez confundir com um adolescente qualquer de um reino qualquer, somente notando a diferença quando parou para observar as pontas brancas e onipresentes existentes em cada lado da orelha. Descendo os glóbulos escuros, ele observou que esse estava ornado com uma arma fina de ponta afiada e cintilante e energia solar, uma lança, concluiu por fim.

Seria uma momento perfeito para sentir temor, para ser dominado por todas as sensações advindas do medo, do pavor e do ensejo de fugir. Mas por uma visão óbvia de ver a extremidade da arma tremer, também tomou em nota que o outro estivera receoso a sua presença logo então, fora de perigo. Aqueles que o temeria, não arrancaram sua desistência, riu com o pensamento para si. Com um dos pés para frente, olhou-o de forma hiperbólica como se procurasse por algo perdido. Deixou as mãos expostas a frente do corpo mantendo a expressão fria e rígida enquanto aos poucos salvava a sua ignição :

— Uma vez li - Iniciou com uma pausa enquanto observava uma silhueta desenhar as costas do rapaz. Ao auge de um tronco, uma mulher ria de braços cruzados. Era bem dotada no quesito facial no entanto, as vestimentas eram uma degradação rebelde a este detalhe. Rostos não combinam com roupas como aquelas, deixou explicitamente anotado em sua mente. — … que os elfos poderiam ser receptivos quando quisessem. Isso é bom, já me faz ter de apagar tudo que vi e escrever uma folha à parte. “ Eu conheci um esses dias e era muito diferente”. - Completou em tom lívido e prático, colocando o que pensava de forma pouco humorada, culpa de seu timbre fraco e rouco. Como se sempre estivesse doente. Dando as costas para o moreno, o Pesquisador se voltou ao tronco e puxou o saco que havia comprado; O sons das frutas se chocando se fez até jogar o material por cima dos próprios ombros afim de suportar o peso :

— Respondendo a sua pergunta; Creio que nada muito interessante. O calor é infernal, para uma pessoa como eu. Estava a busca de uma boa sombra. - Os músculos faciais afrouxaram deixando cada  cauda da boca, serem puxadas em um sorriso antipático. Fechou os olhos soltando mais um suspiro dolorido enquanto elevava a mão livre até o rosto, coçando as têmporas com as pontas quentes e rosadas dos dedos :

— E ela? - Deixou a questão flutuar no ar até acertar os olhos firmes do rapaz. A mão se abriu apontando a direção deixando a arcada dentária ser mostrada e as pálpebras novamente se fecharem. — Creio que ela também seja, uma desconhecida. Ou será que estou errado? - Guiou as orbes a morena deixando o queixo empinado. Quando um certo tempo havia expirado, esperou que o rapaz desviasse para a mulher, a que existia em risos condensados de observações aos dois e abaixou  a lâmina com a cabeça do dedo indicador. Se esse o olhasse assustado ou ponderado o suficiente para querer atacá-lo, arquearia a sobrancelha e franziria o cenho. — Apontar é feio. - Cuspiu com rispidez apertando o material pesado da sacola para junto de si mesmo.

— Esquecer os problemas. Isso já me faz ter uma visão completamente ruim deste lugar. Jamais irei me desfazer deles. - Comentou secamente. Quando o mesmo dava-se aparesentar a desconhecida, o turco não pôde desviar na forma física de ambos; Peles alvas, olhos líquidos e uma arquitetura facial que combinava naquele lugar. Selvagem, livre e autoritário mesmo que o rapaz deixe claro em sua aparência e modos de dizer ser totalmente dependente da localidade. No entanto, F’eraoun não sabia se aquilo fosse elementarmente bom ou ruim. Estava imparcial :

— Acho que sei o motivo disso. Vocês são hospitaleiros de uma forma intrigante. - Disse por fim usando a ironia e o veneno. Notando o armamento afiado do sujeito, o bibliotecário manteve-se para trás logo notando o nome da moça. De certo, o fez erguer o queixo e notoriamente enxergá-la se aproximar. Agora mais um detalhe que o pusera a linha neutra; Ela era altiva, ágil e muito discursiva. Isso era um alimento a peculiar curiosidade do estrangeiro porém, também um detalhe para querer tomar certas prevenções :

— Um loja? - Inquiriu tentando fazer ligações ao rosto e um ambiente. Natureza, dureza, firmeza. Muitas possibilidades para pouco tempo de conversa ou uma comunicação indireta. — ...Poções. Um bom negócio, diria. - Deu ombros repousando o saco contra o chão abrindo deixando uma maçã d cor vermelha rebrilhar com o reflexo do sol. A suculência era o admirável quadro natural. Por um momento vagou com a memória na sua entrada na orla do bosque e de maneira conclusiva, percebeu que aquilo pertencia tanto a Mãe Natureza ( Ou simplesmente Natureza ) do que com si mesmo. Mirou contra o menor que parecia ter o rosto desviado praticando algum ato de murmúrio. Para si mesmo?! :

— Zenon. Esse era o nome de um médico se bem que me lembro, lá de meados do século dezesseis. Um gênio, para aquele livro. Uma pena somente, foi que a época era um inferno. - Acrescentou minimamente. Analisar as linhas dos livros sempre atiçaram o seu líbido de uma forma tão velha ou até mesmo ausente de seu gosto, que não deu importâncias ao gesto facial da morena somente notando então a referência sobre alguns preços. Atirou o fruto vermelho contra o rapaz e cruzou os braços para a mulher. Interesse faziam parte do seu nome :

— Medicina natural. Noesy, hum, ah, Noesy Curolaq, isso me parece interessante. Se for perto da minha livraria com certeza, acabarei indo visitá-la e espero que de uma forma mais formal. - Respondeu erguendo as duas mãos em um movimento inarticulado dos braços.  Na pausa tomou liberdade para encostar-se em uma árvore suspirando com o âmago. A cabeça parecia dolorir em meio tempo fazendo correr quatro dedos de pura tensão contra a testa :

— Øsuin. Øsuin F’eraoun. - Correspondeu ao nome. Levantando o queixo enxergando as copas das árvores se selarem, encostou a parte de trás aspirando com profundidade descendo em meio tempo, ambos os glóbulos para fitá-los. — Trabalho por aqui há um tempo. Mas nunca os vi. - Lubrificou os lábios.