w
+18 MEDIEVAL FANTASY ROLEPLAY

[ R P ] NUMB

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para baixo

[ R P ]          NUMB Empty [ R P ] NUMB

Mensagem por Aleksandr Leistkows Seg Mar 13, 2017 8:51 pm


NUMB

primavera // 8º // meio-dia

Esta RP se passa entre Aleksandr Leistkows & Gwendoline Delmotte, se tratando da compra da humana em um dos negócios escravistas que fluem na capital de Vollbrecht.
A RP é fechada para os participantes.

wod
Aleksandr Leistkows
. :
[ R P ]          NUMB HOB8uJz
Religião :
Ateísta

Sexualidade do char :
Bissexual

Ocupação :
Rei

Inventário :
(1) O ECLIPSE (Colar Mágico)

(1 par) DAMAS GÉLIDAS (Adagas)

(1) ÁGUIAS PRATEADAS (Machado)

Localização :
Castelo Leistkows

Aleksandr Leistkows
Vampir

Ir para o topo Ir para baixo

[ R P ]          NUMB Empty Re: [ R P ] NUMB

Mensagem por Gwendoline Delmotte Seg Mar 13, 2017 10:09 pm

Havia perdido a contagem dos dias, ou quem, sabe, meses, desde que acordara no trem, quando já havia se despedido das terras áridas de sua cidade natal há muito tempo. As florestas haviam se tornado ralas, e não sabia por quanto tempo havia viajado, mas sabia em que direção estava indo. Isso era a única coisa que Gwen tinha certeza, e ela sabia que era para o sul e sabia o que a esperava lá. Mas nem todas as histórias e lendas que havia ouvido sobre eles havia a preparado para vê-los pela primeira vez, diante de si, quando desceu, trêmula, do trem de escravos. Não foi a primeira a descer, mas também não fora a última. Os últimos, aqueles que estavam fracos demais para se levantar ou medrosos demais, foram arrancados de dentro à força, como um gado que pasta fora da terra do seu dono. A garota observou, distante, enquanto esses eram jogados no chão, empilhados, sem forças para se levantar, e divididos em utilidades. Os mais fracos eram dispensados, jogados para o lado por rostos de semblantes semelhantes aos que ela via nos mercadores em Frethes que dispensavam maçãs podres como uma taxa de prejuízo causado pela viagem dura.

Foi quando sua vez chegou que Gwen percebeu que a lenda era verdadeira, que o mercado negro não era só tão ruim quando diziam, mas era pior.

A garota não sabe dizer quanto tempo durou, mas assim como os outros, fora arrastada em direção à um grupo de eternos de roupa de luxo, de tecidos tão graciosos que os mais ricos bolsos de Hähle invejariam, e despida completamente dos trapos que cobriam sua nudez. Fora inspecionada, pesada, medida. Mãos mais frias do que o vento gélido da neve tocaram seu corpo, apalpando-a, procurando defeitos. Dedos duros arranhavam por cima das cicatrizes em seu corpo punido pela vida dura dos menos afortunados, mas quando as mãos subiam até seu cabelo, o toque suavizava. A garota manteve os olhos fechados durante todo o processo, e não soube contar quantas pessoas a inspecionaram, mas parecia que seus cabelos que se assemelhavam aos tons dos mais ricos entre eles despertava alguma curiosidade. Talvez tenha sido essa a sorte dela. Talvez por conta de seu cabelo da cor da neve, ela foi jogada na carroça junto dos outros escolhidos, e não nas valas de extermínio da porcentagem de prejuízo.

Viajara por mais tempo do que conseguiu contar, parecia que o próprio sol funcionava de maneira diferente naquele céu sombrio e punido por nevascas. Não podia contar com qualquer proteção de roupa, mas graças ao pouco espaço da carroça e o aglomerado de corpos febris, o calor corpóreo tão ausente naquelas terras foi suficiente para impedir que congelassem. Era tudo o que tinham, o calor do corpo de um e de outro. Isso e os sacos de grão que os alimentavam periodicamente. Gwen encontrou nisso uma familiaridade, uma semelhança perturbadora com quando os camelos de Frethen eram alimentados antes de viagens longas.

Um dia, ou noite, pois os dias pareciam tão escuros às vezes que Gwen não conseguia os diferenciar, a carroça começou a vibrar. A garota levantou os olhos secos, e pela primeira vez percebeu que não era mais neve à sua volta, mas sim ladrilhos de sinuosas ruas cercadas de casas e mansões que ela nunca vira antes. Não era nada como Frethen, nada como qualquer lugar que já tenha ouvido falar. Tudo ali exalava um clima sombrio, e as próprias casas, que para Gwen mais pareciam negros pesadelos retorcidos, de olhos grandes e vítreos com chapéis de telhas negras em ângulos que seria impossível até para ela escalar. Não importava o quanto a carroça andasse, trêmula, entre os ladrilhos, tudo o que via eram casas e eles, indo de um lado para o outro nas ruas. Um silêncio frio, mortal, no máximo cochichos distantes de passantes. Não encontrou nada que pudesse considerar uma estalagem no caminho que a carroça percorreu, e então, ela parou abruptamente, lançando a cabeça da garota contra a grade de ferro. Seu corpo estava fraco demais para que tudo não ficasse escuro.

Quando acordou, uma luz forte cegou-lhe. Levou a mão até os olhos para tentar protegê-los, e por um momento, esperou que fosse o sol e estivesse no telhado de alguma casa em Frethes. Mas não sentiu calor. Não sentiu as telhas duras embaixo de seus pés e nem a sensação do tecido sujo de suas roupas. Sentia apenas frio, e um trêmulo temor no pé da barriga. Com esforço, conseguiu se manter em pé, com a mão ainda sombreando a luz. Procurou apoio com a mão e encontrou uma grade fria e dura, e imaginou ainda estar na carroça. Mas quando seus olhos começaram se acostumar com a luz, viu algo que nunca estaria preparada para ver:

Dezenas de jaulas de aço escuro se espalhavam por todo um corredor iluminado por lustres de luz forte, e em cada jaula, um membro perdido da raça humana, de feições vazias e despidos como ela, presos como ela, se perguntavam se morreriam agora. Assim como ela.


Gwendoline Delmotte
Religião :
Adepta de Ovedo

Sexualidade do char :
Heterossexual

Gwendoline Delmotte
Human

Ir para o topo Ir para baixo

[ R P ]          NUMB Empty Re: [ R P ] NUMB

Mensagem por Aleksandr Leistkows Seg Mar 13, 2017 11:24 pm


A.

No drop remains, we open your veins
We leave when the sun starts to shine



Era um dia agradável, Aleksandr diria.
Não estava tão frio quanto o usual e raios tênues de sol se revelavam timidamente através de nuvens cinzas e carregadas. Assim que levantou-se de sua grande e confortável cama pela manhã, banhou-se em uma banheira de pedra dourada, com água morna e com colônia de lavanda. O cheiro daquele perfume o trazia boas memórias, embora não possuísse nenhuma relação com sua vida humana.
Vestiu uma roupa agradável, saboreou alguns shots de sangue humano que conservava fresco em bacias de gelo e assim que finalizou sua rotina matinal decidiu sentar-se em seu trono no saguão principal para ouvir a longa fila de civis ou funcionários públicos que vieram lhe pedir amparo ou fazer reclamações rasas.
— A nevasca da madrugada foi forte, Senhor. As ruas do Sul estão tomadas pela neve, nenhuma carruagem consegue passar. — Disse um homem que segurava papel e pena na mão, riscando as coisas que já havia citado. A longa fila se desenrolou durante horas, assim que o último vampiro deixou o saguão, Aleksandr estalou os ossos da coluna para diminuir a tensão que tomava conta de seus músculos já mortos.
Levantou-se e se dirigiu para a saída do castelo, onde uma carruagem luxuosa banhada dos mais preciosos materiais encontrados, com pelugem vermelha ao redor, e vários cavalos brancos com pêlo expesso o esperavam. Haviam muitos assuntos a se resolver no centro de Arethian e havia algo importante a se fazer no fim do dia, quando seus afazeres houvessem, finalmente, terminado.
Passou o dia inteiro, protegido dos fracos raios de sol por um guarda-sol negro, com rendas delicadas criando uma sintonia amena ao redor. Conversava com civis e militares, muitas vezes era parado nas ruas para ser cumprimentado ou bajulado, como já estava acostumado. Algumas vezes precisava voltar para a carruagem pois a neve começava a se acumular nas ruas e não conseguia atravessá-la sem encher as botas de massas espessas de neve.
Então, finalmente, após um longo dia, quando o sol já estava se pondo e o ar ficou gélido, tomou caminho para um dos estabelecimentos escravistas da Capital de Vollbrecht. Conhecia-o fazia muito tempo, antes mesmo de chegar ao trono, e confiava naquele homem - ao menos quando se tratava de escravos de qualidade. Era um estabelecimento agradável, embora às vezes houvessem imprevistos. Desceu da carruagem com graciosidade, entregou o guarda-sol ao homem que conduzia seu veículo, arrumou os cabelos brancos, de forma que ficassem simetricamente perfeitos e adentrou o estabelecimento de @Giotto Oehlert Falkreath, um conhecido de longa data e escravista muito famoso na capital.
O lugar era muito bem iluminado por candelabros dourados e velas que eram cuidadosamente posicionadas acima das "gaiolas". Assim que entrou, sentiu o cheiro característico de suor e sangue humano, ouvia os corações batendo e as respirações ofegantes de criaturas frágeis com medo do que iria surgir depois do barulho da porta de madeira polida se fechando. Giotto fez questão de cumprimentá-lo assim que o viu, e ambos andaram lado-a-lado trocando palavras breves e cordiais. Aleksandr elogiou seu estabelecimento e notou uma excitação sutil mostrar-se no rosto do outro homem. Tinha uma certa empatia por Falkreath, pois já havia feito muitos negócios com ele, embora não soubesse se era recíproco.
Giotto o deixou sozinho e dirigiu-se para outro cômodo, pois sabia que seu Rei preferia ter espaço naquele momento. Passou os olhos pelo corredor, primeiro examinando os humanos do lado direito. Um deles havia defecado, talvez de medo, talvez de frio, mas um dos homens de Falkreath já estava se prontificando em limpar a sujeira, desculpando-se pelo imprevisto. Leistkows sabia que não era culpa de ninguém, a não ser do próprio mundano humano. Passou os olhos rápidos por aquelas frágeis e miseráveis criaturas, enquanto saboreava o sabor do sangue em seu paladar, sem sequer tocá-los. Viu algumas mulheres, jovens ou mais maduras, que se interessou inicialmente. Algumas com pele mais escura do que outras, corpos de todas as formas e tamanhos, pesos e alturas. Mas seu olhar parou ao ver uma moça em específico.
O que lhe chamou a atenção inicialmente fora os cabelos brancos.
Brancos como os dele, e outros vampiros que viveram tempo o suficiente para lembrar-se de como era antes do declínio - ou durante. Inicialmente tentou buscar alguma característica vampírica naquela criatura, não era comum encontrar albinos no Mercado Negro ou em qualquer outro lugar do Continente. Se aproximou da cela onde ela estava parada, alguns centímetros de distância, deixou-se sentir o cheiro da moça por alguns segundos e um sorriso singelo brotou em seus lábios.
Observou os traços de seu rosto, o cabelo seco, quebrado e bagunçado; os lábios ressecados e pálidos; a pele danificada pelo sol de Hahle, sem nenhuma proteção contra os raios de sol; as cicatrizes que se desenhavam em seu corpo, acusando uma vida dura e sofrida; e apesar de todas as injúrias, sua aparência continuava bela. A pureza dos olhos azuis e dos lábios rosados continuavam insistindo em se revelar.
E ela era pequena, extremamente pequena comparada aos seu 1,90. Tinha uma estatura minuscula e delicada. Nada exagerado em seu corpo magro coberto por ossos e uma pele rosada. Sardas pálidas enfeitavam seu rosto fino, os lábios pequenos e delicados pareciam esconder um sorriso puro.
E Aleksandr soube naquele momento que seria ela.
Passou algum tempo a examinando com os olhos e notou que o coração da moça havia acelerado. Não era mais do que uma adolescente, uma criança em seus pouco menos de 18 anos, talvez 17. Não sabia ao certo.
Mas não se  importava. Afinal, quanto mais nova, melhor, mais tempo iria viver.
Virou-se para um dos homens de Giotto e fez sinal para abrir a gaiola. O homem, nervoso, pegou as chaves grandes de aço levemente enferrujado e abriu a tranca enorme. O barulho metálico do portão se abrindo desconfortou os ouvidos de Aleksandr, mas não podia evitar. O vampiro puxou a moça pelo braço, de forma nada delicada - talvez até a machucando - e a virou de costas para Aleksandr, que examinou-a de cima para baixo e fez que sim com a cabeça, afirmando que estava tudo OK e que iria pagar por ela.
Então o homem pegou um vestido de linho branco, talvez o único agasalho que ela iria ter durante a viagem para casa e a entregou para a mesma vestir.
— Ela é perfeita. O estabelecimento, como sempre, de ótima qualidade. — Responderam-no com palavras cordias, agradecimentos e um "Rei Aleksandr" no final da frase.
A moça pareceu enrijecer quando ouviu aquelas palavras, e se encolheu. Aleksandr tirou um saco de moedas de Kham do bolso de sua roupa nobre, entregou nas mãos de Giotto e pediu sapatos de couro para a moça não pisar na neve. Naquela altura do campeonato, já estava tão gelado que para um humano ardia, e pisar no gelo era como pisar em vidro. Nada agradável.
Entregaram a ela sapatos de couro marrom e Aleksandr virou-se para a moça, esboçando um sorriso de lado.
— Deixe-me lhe ajudar. — Fez sinal para um dos homens que lhe acompanhou na carruagem trazer o agasalho que havia reservado para aquele momento. Era um casaco de pele vermelho, com detalhes dourados feitos sob medida para alguém de estatura mediana. Ele pegou o agasalho e se aproximou da moça lentamente, esperando que ela recuasse ou gemesse de medo, mas a mesma continuou parada, petrificada. Aleksandr envolveu os braços sobre os ombros da albina para colocar o casaco sobre a mesma e percebeu que ela não iria conseguir enfiar os braços magros na vestimenta, pois estava paralisada. Seus dedos frios fizeram sinal para um dos homens de Giotto, e este trouxe algemas grandes e prateadas, que logo foram para os pulsos da humana, a sentenciando.



Aleksandr Leistkows
. :
[ R P ]          NUMB HOB8uJz
Religião :
Ateísta

Sexualidade do char :
Bissexual

Ocupação :
Rei

Inventário :
(1) O ECLIPSE (Colar Mágico)

(1 par) DAMAS GÉLIDAS (Adagas)

(1) ÁGUIAS PRATEADAS (Machado)

Localização :
Castelo Leistkows

Aleksandr Leistkows
Vampir

Ir para o topo Ir para baixo

[ R P ]          NUMB Empty Re: [ R P ] NUMB

Mensagem por Gwendoline Delmotte Ter Mar 14, 2017 1:14 am

Ficara por algumas horas ali, parada, com o coração palpitando forte. Não se movia, e seus dedos logo começaram a adormecer em contato com o ferro que já não mais possuía uma textura fria ao toque.  Seus olhos viajavam através das grades, dos rostos desamparados, das paredes escuras, longe do alcance da luz dos lustres. Viajava pelas ruas da cidade, pelas muralhas que não chegara a ver, pelas florestas e alto nas montanhas, até o horizonte infinito, e lá repousava. Então Gwen sentiu o que nunca esperara sentir. Sentiu falta da miséria em que vivia, pois o abandono era mil vezes superior àquilo. Piscou os olhos suavemente, olhando em volta. Pensou ter reconhecido alguns dos rostos daqueles que vieram com ela na carroça. Esses olhavam em volta, assustados, enquanto os que ela nunca havia visto já pareciam ter se acostumado com a condição deles. Aprendera uma coisa sobre a humanidade: ela é capaz de se adaptar às mais terríveis condições. E essas pessoas que conseguem encontrar alguma serenidade mesmo em uma situação em que a morte seria mais favorável são a prova disso. Por algum motivo, isso a tranquilizou. Não havia nada que podia fazer e sabia disso.

Sentou-se no chão frio de pedra. O ar úmido e pesado parecia ter se acumulado em pequenas gotículas frias pela superfície granulada, e o contato com sua pele fora como se houvesse sentado em espinhos. Não demonstrou dor alguma em seu rosto, e por um instante suas pernas ficaram dormentes, quentes, e formigaram como se inúmeros insetos se movessem pelo interior de sua carne pálida. Perguntou-se quanto tempo havia ficado em pé. A garota respirou fundo, e o odor fétido do seu próprio corpo que não via qualquer cuidado higiênico há incontáveis dias, talvez meses, tomou suas narinas. Não que não estivesse acostumada, era difícil conseguir oportunidade em Frethes para se banhar nas fontes em praça pública, e já chegara a passar semanas sem se lavar. Mas era diferente ali, porque no fundo ela sabia que grande parte daquela sujeira nem sequer era dela. Perdera a conta de quantas vezes, no pouco espaço disponível na carroça, as excreções de alguém acabaram espalhando-se pelo seu corpo até o chão. Agora lembrara-se porque havia aprendido que não era bom se sentar.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo guinchar de uma porta de madeira se abrindo. A garota levantou-se depressa, de forma suave, e uma tontura forte quase a fez cair para frente. Nem nas épocas mais extremas em Hähle havia passado tanta fome. Sempre havia comida de quem roubar. Mas não ali. Talvez ali ela fosse a comida. Ouviu sons de vozes baixas ecoando pelos corredores, um tinir suave de algum metal... Moedas? Não. Chave. Uma chave. Antes que pudesse continuar o raciocínio, o som tornou-se visível, e de canto de olho a garota viu uma forma sair da sombra em direção à iluminação dos lustres.

Havia aprendido cedo a ter uma visão periférica do ambiente, a observar do canto do olho de forma discreta, e foi o que fez. Sem mover a cabeça, a garota olhou, e foi a primeira vez que o viu.

Uma forma pálida e fria, de movimentos graciosos demais pra própria altura e físico. Gwen havia visto muitos nobres em sua vida, e nos últimos tempos, alguns que não estão vivos. Mas em nenhum lugar de sua mente conseguiu encontrar qualquer comparativo para associar com o que via. Era paciente, e ao mesmo tempo direto. Não parecia perder mais tempo do que o necessário com cada passo, e ainda assim, parecia o fazer sem qualquer esforço ou sequer consciência, como se houvesse se acostumado com a própria essência do tempo muito antes do que aquela era. Ele trajava roupas escuras que de longe podiam ser facilmente confundidas com a própria treva tecida em volta do corpo do homem. Quando a luz dos lustres iluminou de forma mais clara a superfície do tecido, Gwen pôde ver inúmeras linhas de um prateado suave cortando através de todo o sobretudo, quase como veias expostas que pulsam à qualquer estímulo de luz, brilhando claras no escuro e opaco veludo. Não havia nada que dissesse o contrário agora. Aquele era um homem de poder inestimável, e ele acabara de parar na frente de sua cela. Gwen levantou o olhar, e seus olhos encontraram-se com os dele. Pensou ter visto um suave cintilar escarlate no interior das íris tão vermelhas que pareciam dolorosas de se olhar por muito tempo. Então ele sorriu, e foi como o impacto de uma rachadura se abrindo através de um lago estático, completamente congelado, e Gwen sentiu-se tragada pelas águas escuras abaixo dele.

Os olhos vermelhos então deslizaram dos seus, passando por todo seu corpo. Gwen nunca se sentira tão nua quanto naquele instante. Seu coração batia mais forte, e todos os seus instintos arduamente construídos ao longo de anos de experiência gritavam para que ela encontrasse uma forma de fugir. Ouviu, mais para trás no corredor, quando a chave tiniu na cintura do que parecia ser algum funcionário do lugar. Mas sabia que não possuía chance. Se metade das histórias que ouvira fossem verdade, faria melhor se não se movesse. Mas por mais que lutasse contra, pela primeira vez sentira-se indefesa, uma presa diante de um predador invencível. Voltou a focar seu olhar na criatura à sua frente, em seu cabelo pálido e de aspecto suave, algo que apenas começara a se acostumar como comum entre os vampiros, em seu rosto de traços duros, mas de pele tão clara quanto o tom do cabelo, sem qualquer falha ou detalhe que quebrasse o padrão de branco. A única coisa em seu rosto que não era branco eram seus olhos, duas íris escarlates que cuspiam uma suave luz doentia. A prova absoluta do que ele era, do que ele significava, do que ele fazia.

Então ele se moveu, virando-se para o homem com a chave. O funcionário pareceu hesitar por um momento, como se buscasse ter certeza de que sabia como andar, o que reforçou a ideia de Gwen de que aquele não era qualquer nobre. O vampiro caminhou até a frente de sua cela, e por mais que possivelmente possuísse cem vezes mais idade do que ela, quando em contraste com a criatura branca, ele não aparentava ser nada além de uma criança assustada buscando aprovação de um pai distante. Ele conseguiu, finalmente, enfiar a chave na fechadura da gaiola, e o som cortante do ferro rangindo despertou todos os sentidos de Gwen. Ela precisou lutar para não mover um único músculo em direção à uma tentativa inútil de fugir.  O homem não olhou em seus olhos quando enfiou a mão para dentro da gaiola, envolvendo com os dedos frios o braço da garota e puxando-a sem qualquer dificuldade. Não parecia um gesto impulsivo ou sequer intencional, mas de desdém absoluto, quase como se pega um copo ou um objeto qualquer para trocá-lo de lugar. Mas a força do puxão não tinha nada a ver com a aparência do movimento, e Gwen sentiu um ardor se espalhar pelo braço quando foi arrancada da gaiola. Seus pés nem sequer tocaram no chão, ela apenas fora jogada para fora, atônita com o fato de não ter caído aos pés do nobre. Pontadas fortes se espalharam pelo seu braço onde o vampiro a puxou, e ela percebeu sua fragilidade diante dos eternos.

A criatura dos olhos escarlates pareceu inspecioná-la uma última vez, agora de perto, e Gwen não conseguiu ver seu rosto sem ter que levantar a cabeça suavemente. Ele então acenou suavemente com a cabeça, e antes que percebesse, o vampiro das chaves puxou sua mão mais uma vez, colocando um vestido de linho nela antes de soltá-la desatentamente. A garota olhou para o vestido, e mesmo simples, parecia melhor do que qualquer trapo que havia vestido pelas ruas. Parecia o bastante. Começou a vestir a roupa com cuidado, buscando manter o equilíbrio que antes vinha tão fácil ao seu corpo, mas agora era perturbado pela falta de força que sentia em suas pernas. O vestido sobrou em seu corpo, mas fora o suficiente para cobrir sua nudez e suavizar a sensação de dormência em sua pele. Quando olhou em direção aos vampiros mais uma vez, havia outro atrás do funcionário. Não percebera-o se aproximar, e isso fez a garota questionar suas habilidades de atenção.

Foi quando ouviu-lhe chamá-lo de rei.

Aleksandr. Rei Aleksandr. Não havia comparativo porque nunca poderia sequer imaginar qualquer noção comparável à quem estava na sua frente agora, bem ali, com um saco de dinheiro em suas mãos, entregando para o outro vampiro. A garota olhou seu rosto, que parecia a ignorar completamente, viu seus lábios moverem-se, mas o mundo havia perdido o som. Tudo o que conseguia ouvir era seu próprio coração batendo tão rápido que mal conseguia diferenciar uma batida da outra. Sua cabeça girou, sentiu uma pressão forte em suas têmporas e seus olhos desfocaram. Todo o frio sumira e um calor forte tomara seu corpo por inteiro. Aquele não era um nobre qualquer. Ela estava diante do percursor de todas as grandes lendas e histórias de terror. Do fantasma da neve de olhos de fogo. O senhor dos mortos.

E ele havia a comprado.

Não percebera quando saíra do estabelecimento ou sequer lembrava-se de ter colocado os sapatos. O frio a atingiu, mas não foi mais do que um sopro de vento contra uma rígida muralha estática. Estava em choque, andava em automático, incapaz de retomar o controle da própria mente. Relembrou-se de cada história que ouviu, escondida, enquanto os gatos se reuniam nos telhados e se desafiavam com lendas de terror. Lembrou-se da mais aterrorizante delas, e de como seu corpo tremeu. Se Aleksandr existe, até que ponto as histórias são reais? Os deuses existem? O próprio Horizonte cuspiu-lhe dos confins da eternidade, banindo-o do descanso por ser uma criatura tão vil que até mesmo a morte o abomina?

O próprio mal estava ali, diante dela, e Gwen era incapaz de esboçar qualquer reação. Gritou por dentro quando sentiu seu toque em seus ombros, e não houve qualquer conforto ou proteção quando o peso do tecido filtrou o ar frio de fora. Ouviu, de longe, um som metálico e um forte impulso em suas mãos. Seu olhar vazio escorregou até os próprios pulsos, onde uma algema prateada cintilava. Viu com o canto do olho quando o próprio Aleksandr indicou com a mão os fundos de uma carruagem de luxo, com plumas no alto e um interior acolchoado. Seu olhar seguiu até onde indicava, e viu uma carroça acoplada à carruagem. Caminhou suavemente, medindo cada passo, e subiu na carroça, ouvindo madeira rangir levemente embaixo dos seus pés. O rei já havia entrado na carruagem, e a garota virou-se, sentando-se no chão.

Permitiu-se chorar. Prometeu que não choraria pela gata branca ter morrido tentando ser livre. Mas talvez pudesse chorar por Gwen. Teve pouco tempo para ser ela, e agora também irá morrer. E nem mesmo o Horizonte a acolherá.


Gwendoline Delmotte
Religião :
Adepta de Ovedo

Sexualidade do char :
Heterossexual

Gwendoline Delmotte
Human

Ir para o topo Ir para baixo

[ R P ]          NUMB Empty Re: [ R P ] NUMB

Mensagem por Aleksandr Leistkows Ter Mar 14, 2017 1:25 am


RP FINALIZADA


wod
Aleksandr Leistkows
. :
[ R P ]          NUMB HOB8uJz
Religião :
Ateísta

Sexualidade do char :
Bissexual

Ocupação :
Rei

Inventário :
(1) O ECLIPSE (Colar Mágico)

(1 par) DAMAS GÉLIDAS (Adagas)

(1) ÁGUIAS PRATEADAS (Machado)

Localização :
Castelo Leistkows

Aleksandr Leistkows
Vampir

Ir para o topo Ir para baixo

[ R P ]          NUMB Empty Re: [ R P ] NUMB

Mensagem por Conteúdo patrocinado

Conteúdo patrocinado

Ir para o topo Ir para baixo

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos